2- Confissão

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Era tarde de sexta-feira e Roier estava em seu consultório esperando a chegada de seu paciente, Maximus.
Ele havia começado a terapia depois da morte de seu filho, Trump, mas obviamente ele já precisava daquilo há muito tempo. Como amigo de Max, Roier sentia-se culpado por nunca ter notado a tristeza que havia tomado conta do homem após o sumisso de seu parceiro, Dan, e por isso, fazia questão de que o homem comparecesse em todas as sessões marcadas.

Hoje ele estava atrasado, como quase sempre, na verdade, mas isso ainda preocupou Roier, que pegou seu celular e ligou para ele.
Surpreendentemente, ouviu o toque do celular bem na porta de seu consultório, sendo silenciado segundos antes de Max abri-la.

Perdóname por tardar tanto. — O homem falou um pouco cabisbaixo, ou apenas... sonolento?

— Você acordou agora? — Roier perguntou, um pouco triste.

— Sim, eu não conseguia dormir direito... e quando finalmente consegui, já era manhã. — Max disse ao se sentar de frente para Roier, o qual o olhava com compaixão. — Ah... não me olhe assim.

— Eu te olho assim porque me preocupo com você, cara. — O homem retrucou, recostando suas costas contra a poltrona. — Me diz, algo te manteve acordado?

— Uhm... — Maximus abaixou a cabeça, passando as mão sobre o rosto. "Touché!" Roier pensou. — É... eu tava pensando em algo... alguém, na verdade.

— Trump?

— Forever.

Ok, isso era incomum.
Não era segredo que Max gostava de Forever, mas ele nunca havia trazido este tema para a terapia, o que deixava Roier curioso.
Ele sabia que Maximus estava bem em ser "uma pessoa especial" para o homem loiro, e sabia que ele nunca tentaria ultrapassar essa barreira, por isso, não pode se impedir de deixar uma leve exclamação escapar de sua boca.

— Ah, e o que você estava pensando? — Roier tentou se recompor.

— Eu só... não sei. Eu queria poder falar o que sinto, poder tentar algo mais, mas não posso...

— Por que não? — Roier perguntou, inclinando-se para a frente.

— Porque ele não vai me querer. — Maximus olhou para seu amigo e, mesmo por trás de seus óculos escuros, podia-se dizer que lágrimas se formavam em seus olhos. — Por que ele iria querer alguém como eu? — Perguntou, desacreditado.

Por que não? — Roier repetiu enfaticamente, soando, ao mesmo tempo, encorajador e repreensivo. — Max, eu digo isso com toda a certeza do mundo: você é uma pessoa incrível. Por que ele não iria te querer?

— Porque... — Maximus tentou rebater, mas as palavras se entalaram em sua garganta, fazendo com que abaixasse seu rosto novamente.

— Parece que você precisa melhorar sua autoestima... — O psicólogo recostou-se mais uma vez, cruzando os braços. — Sabe, Max, se você tem tanta certeza de que ele vai te rejeitar, por que não confessar? Assim você pode só tirar isso da cabeça.

Maximus levantou o rosto rapidamente, perplexo como se tivesse acabado de ouvir a maior maluquice já proferida no mundo.

— O quê?! — Perguntou no que mais pareceu um grito.

— Isso mesmo. Assim, você vai melhorar a questão da sua timidez e também vai poder parar de pensar nele. Dos pájaros de un tiro. — Roier disse com veemência.

— Nã... — Max gostaria de negar, gostaria de dizer que era impossível para ele fazer aquilo, que não tinha necessidade, mas lembrou-se de um único detalhe: embora Roier trabalhasse como psicólogo, ele era completamente maluco e faria com que ele aceitasse sua ideia de um jeito ou de outro. — Ah, vale.

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