8- Halloween

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Era tarde do dia 31 de outubro, as folhas de tons laranjas e as abóboras decorativas espalhadas pela Ilha Quesadilla combinavam com o tom do céu ao passo em que o sol se punha.
A maioria dos moradores se juntavam no centro da ilha, antecipando, energeticamente, o grande evento do Halloween, alguns usando fantasias assustadoras e outros vestidos como personagens.

Maximus era um dos presentes, usava uma fantasia de Sherlock Holmes, segurava um cachimbo na mão direita e vez ou outra dava um trago enquanto andava pelo local e conversava com Baghera que, por sua vez, vestia um uniforme vermelho de corredora de Fórmula 1.
Eles passaram por todo o local, cumprimentaram todos os moradores e pararam para conversr com alguns, até que Baghera parou em um local, olhando para os lados de forma confusa, e perguntou:

— Maximus... você viu meu irmão? — Ela assumiu uma face interrogativa ao mirar o homem.

— Uh? Não, eu acho...? — Max perguntou mais do que respondeu, olhando ao redor também, buscando pelo homem loiro.

— Hum, ele disse que viria, aquele idiota... — A mulher cruzou os braços e, embora fingisse raiva, sentiu uma leve preocupação percorrer sua mente. — Você vem comigo chamar ele? Tenho certeza de que ele se esqueceu da festa e dormiu.

— Hehe, claro. — O homem concordou divertido com a atitude protetora dela.

Eles logo se dirigiram à base de Forever, procurando e chamando por ele apenas para encontrar o local totalmente deserto. A única coisa fora do comum que notaram era que tudo estava estranhamente desarrumado — embora Forever fosse desleixado, ele sempre deixava sua base organizada —, com alguns vasos de plantas caídos, móveis fora do lugar, materiais colocados nos baús errados e, o mais preocupante de todos, marcas de garras pelo chão e paredes.

Baghera, agora com uma real preocupação, decidiu entrar no escritório do irmão mais uma vez, checando cada milímetro com perspicácia, procurando algo que não havia visto na primeira vez.
No fim, Maximus, tentando ajudar, procurou nas estantes por alguma pista, acabando por ver um livro que parecia se destacar de maneira curiosa entre os outros.

— "Ciclos da Vida de um Lobisomem"... — Ele disse em voz alta, chamando a atenção da mulher, que largou os papéis que havia tirado de dentro da gaveta e correu em sua direção. — Tem uma página marcada.

O homem abriu o livro na página que o marcador indicava — 47 — e deu de cara com um desenho de uma criatura similar ao que se esperaria de uma representação midiática de um lobisomem, porém este era um pouco mais humano, menos como uma besta.
Max passou os olhos para a outra página, lendo o título do capítulo:

— "Primeiro estágio da transformação". — Ele começou a ler, pousando o dedo indicador abaixo das palavras para que não se perdesse na leitura. — "No primeiro estágio, é comum ter emoções instáveis, como surtos de raiva, fases de depressão e euforia.
Aos poucos, a vítima infectada pela mordida do lobisomem perceberá o crescimento exacerbado de pelos em regiões como: axilas, braços, pernas, peito e etc.
Também notará o crescimento dos caninos, que em poucos dias se tornaram presas; das orelhas, que ficarão maiores e peludas; das unhas e de uma protuberância na base das costas, que em pouco tempo se transformará em uma cauda.
A imagem ao lado (veja página 47) representa o final do primeiro estágio, onde a pessoa ainda apresenta fortes características humanas."...

— O quê?... — Baghera sussurou, desnorteada com as informações.

— "Apesar de tudo, o lobisomem ainda possui consciência durante esse estágio." — O homem terminou, parando por um momento antes de prosseguir. — Baghera, você não acha que...?

— Eu não sei, faz um tempo que não vejo ele pessoalmente, ele sempre evitava.

— Mas... não, isso é loucura.

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