OMG! ✤ Guapoduo

"Ela tem a mim"

02 de novembro de 2023.

Sabe, eu meio que me sinto... acho que triste nos últimos dias. Não tenho mais companhia, acho que estou sozinho... isso é tão ruim, não gosto de ficar sozinho. Sinto saudades de conversar com alguém, foi muito muito bom naqueles dias em que conversava frequentemente com Cellbit, mas não posso fazer isso, pelo menos não mais.

Não ando tomando meus medicamentos, na verdade, apenas tomei quando fui internado, agora estou descartando-os com muita frequência. Todos dizem a mesma coisa: "tome os remédios", mas como posso saber se os comprimidos não tem relação com o fato de quererem me torturar para me estudar porque eu sou um fantasma? Ninguém consegue responder isso, então, veja só! Estou certo, apenas querem fazer o mal para mim.

Então não, não vou tomar comprimido algum.

- Roier, receio que tenhamos que conversar. - De repente, a voz da psiquiatra Rivers ecoou pelo ambiente, e para minha surpresa, ela estava acompanhada de Niki, minha terapeuta.

Normalmente não seria muito comum minha psiquiatra e minha terapeuta entrando em meu quarto com aquela frase um tanto misteriosa. Mas eu não duvido de nada, eles estão tramando contra mim, vão me torturar.

- Sabe, nossas câmeras captaram que você tem vomitado o remédio. Pensei que tivéssemos conversado sobre isso. - Niki falou, demonstrando seriedade em sua voz. - Vamos conversar sobre isso, tudo bem?

- Você vai morrer.

- Não quero conversar. - Respondi enquanto evitava o contato visual.

Preciso de um plano de fuga: as janelas são cobertas por grades, a cama é parafusada no chão, o chuveiro também. Não tenho objetos pontiagudos ou então que possam quebrar; eles me deixaram indefeso, é tudo proposital! Vão me torturar, vão me usar para descobrir a imortalidade, vou ser trancado.

No fim... será que minha vida foi projetada para ser trancado em um lugar?

Ano que passado fui diagnosticado de uma forma emergencial. Eu estava na justiça porque eu estava envolvido com a morte de Forever; meu diagnóstico não trouxe choque a ninguém, até porque, no fundo todos sabiam da verdade, mas ninguém teve coragem de aceitá-la, nem mesmo eu.

Tive e ainda tenho que conviver com as pessoas perguntando sobre mim; lembro-me que no começo, assim que voltei da internação, não tinha nenhuma faca em casa, nada de vidro... era tudo plástico ou borracha. Meu pai gritava muito, ele não me deixava comer de garfo.

Eu não... sou esquizofrenico, eu não posso ser esquizofrenico. Minha mãe... Forever...

Não sei, não consigo mais saber de mais nada. Sou um fantasma ou não? É uma ilusão ou realidade? Por que todos dizem que estou errado? Por que eu tenho que tomar a merda daqueles comprimidos quando estou totalmente bem?!

- Roier, apenas nos escute. - A psiquiatra murmurou e logo pegou o frasco cheio de comprimidos. - Isso daqui vai te fazer melhorar, não é bom? Não quer ir para casa? Não sente saudade da sua família?

- Roier, vai mesmo escutá-la?

- Não, eu não vou.

- Escute, não estamos vivendo no seu corpo, mas sabemos que deve ser difícil...

- VOCÊS QUEREM ME TORTURAR! EU NÃO VOU TOMAR ESSA MERDA, ENTÃO CALEM A BOCA E ME DEIXEM EM PAZ! - Queria poder segurar minhas palavras, mas elas apenas saíram.

- Ninguém aqui vai te machucar e nem pretende fazer isso; olha 'pra você! Já ganhou tantos certificados na sua vida escolar... por que te machucaríamos? Só querem cuidar de você, quem sabe você não consegue nos ensinar um pouco mais sobre matemática? Ouvi dizer que gosta disso.

- Prepara para ser torturado?

- Você confia nessa porra, Roier?

-Eu não posso... eu não posso... - Sussurrei enquanto deixava algumas lágrimas escorrerem de meus olhos.

Me sinto em uma gaiola, minha vida será isso? Aqui na Quesadilla existe o jardim, mas ele é cercado por grandes muros onde é impossível escalar; existem pessoas nos vigiando a todo momento para garantirem nossa segurança. Não gosto disso, eu não deveria estar aqui, não posso estar aqui, eu não posso estar aqui... EU NÃO POSSO ESTAR AQUI!

Quando criança eu era preso em uma bolha de isolamento social, onde apenas estudar acalmava as coisas; meu irmão conseguia ter amigos, conseguia ter tudo, mas ao mesmo tempo nada, ele nunca sentiu nada por tudo o que tinha. No fim, estava preso na liberdade e ele livre na prisão.

Depois do diagnóstico de TAG minha vida começou a ser um inferno, mas tudo isso não passou de um diagnóstico errado. Sempre fui esquizofrenico.

Eu... fui eu que matei Forever?

- Paciente Roier, você deveria deixar de existir. Não podemos continuar desse jeito, então a tortura será muito boa de assistir. Prometemos que isso irá acabar com você.

De repente, tudo se torna escuro; sombras estão presentes em todos os lugares. Então, alguns enfermeiros entram com uma espécie de agulha.

- Acabou, Roier.

- Assassino.

- Roier.

- VOCÊ ACHA CERTO O QUE FEZ?!

- Roier é um maldito esquizofrenico.

- Louco.

- Preparado? Vão te envenenar.

- Paciente Roier, se concentre apenas em minha voz.

- VÃO 'PRO INFERNO! EU PRECISO DE PAZ!

No fim, minha vida é um inferno. Estou preso a todo momento. Fui destinado a sofrer.

Eu sofro, mas minha mãe ainda mais: meu irmão, Foolish está preso por matar mais de 5 pessoas. Descobriram que ele é um psicopata que em busca de prazer, estava se tornando um assassino em série; meu pai odeia minha mãe por ter gerado em seu útero filhos amaldiçoados, ele brigou tanto com ela...

E por fim, ela tem a mim, um filho esquizofrenico.