Em um hospício, Cellbit, um jovem diagnosticado com depressão acaba sendo internado em um hospital psiquiátrico após um grave ocorrido. O que ele não esperava era que, três meses depois esbarraria em Roier, um jovem que jurava por tudo que estava mo...
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Em toda a minha vida, em hipótese alguma, em momento algum, em qualquer segundo que vivi pensei que um dia seria internado em um hospital psiquiátrico. Quer dizer, em todo este tempo estava concentrado em criar um cenário em minha cabeça na qual a minha própria morte seria a trama principal. Não gosto de sentir dor, mas não é porque machuca, é porque a dor é pouco para o que eu deveria sofrer; a morte é pouco para mim, porque não a vejo como um castigo, mas sim como um privilégio, um desejo, um objetivo, um caminho na qual meu coração implora para seguir.
Não consigo ser feliz, é impossível sorrir sem sentir meu coração sangrar. Cada sorriso meu não passa de uma mentira. Sou uma mentirosa por perguntar se um dia serei feliz, porque sei a verdade; sou um mentiroso por estar aqui, ocupando o lugar de um paciente que ainda tem esperança de viver, sou apenas um mentiroso por apenas respirar, porque ainda que tenha oxigênio em meus pulmões, não tenho esperança em minha vida.
Sou como um zumbi: vago lentamente pelos lugares como se a minha alma não estivesse mais aqui, o que deixa muitas pessoas intrigadas comigo, consequentemente, deixo-as contaminadas. Sou como uma praga, preciso ser eliminado, preciso acabar com a minha própria vida, assim deixarei o resto das pessoas viverem em paz.
- Paciente Cellbit? - A voz suave e masculina do enfermeiro Felps ecoou, soltando um grande suspiro de meus lábios. - Hoje é dia de ir para o jardim. O sol disponibiliza vitamina D, e isso é importante para a sua recuperação.
Sem dirigir palavra alguma para o rapaz, levanto meu corpo dolorido e cansado. Não sinto vontade alguma de sair daqui, pois sei que o meu leito de morte será preso em um maldito hospício, onde eternamente estarei cercado de pessoas tão ruins quanto eu, mas que diferente de mim, têm esperança para um dia alcançar sua liberdade.
Eu deixei de acreditar na liberdade no mesmo dia em que deixei de ser feliz; meu corpo se rendeu a um poço fundo, na qual uma vez que alguém decidir mergulhar, o resultado final é se afogar.
[...]
Não muda absolutamente nada estar dentro de um quarto em um hospício ou então em um jardim de tal instituição. Estou rodeado dos males em minha mente da mesma forma que estaria se estivesse em minha casa, a diferença é que eu já teria me automutilado de várias formas e provavelmente tomado vários remédios para assim morrer tendo uma overdose. Mas estou em um hospital psiquiátrico, não tenho a opção de me matar, nem de me machucar.
Todas as minhas tentativas falhas que fiz no primeiro mês só resultou em meu prolongamento aqui, portanto, nem me divertir com o pensando e a parte prática do meu suicídio posso fazer, porque não quero continuar aqui. Quando mais cedo for para casa, mais cedo poderei morrer.
No momento estou caminhando sem rumo algum pelo jardim; onde existem bancos está cheio de gente, e sinceramente? Eu odeio isso. Não me sinto bem em lugares cheios, não me sinto digno de estar rodeado de gente.
Enquanto estou vagando por aí, avisto um certo jovem de cabelos castanhos; seus olhos estão fechados, o que apenas destaca suas bochechas arrendondadas e coradas (culpa do sol); seus lábios são pequenos, mas carnudos e estão sem cor alguma. Sua franja grande quase cobria seus olhos; sua estrutura não era tão alta, mas também não era tão baixa, diria que quase do meu tamanho. Seus cabelos estavam bagunçados e jogados na grama, assim como o seu corpo deitado.
Quando estava prestes a passar pelo seu corpo, sinto um par de mãos envolverem o meu pé, impedindo-me de continuar andando.
- PEGUEI! EU PEGUEI! - O garoto gritou, deixando-me um pouco agitado.
O que está acontecendo? Quem é ele e porque está fazendo isso?
- Olha, eu consegui... - O jovem começou a gargalhar e aos poucos, se levantou, ficando assim frente a frente comigo.
Sua estrutura é alguns centímetros mais baixa que a minha, mas não deixei de sentir-me intimidada; seu olhar... ele era estranho, ele atravessava o meu corpo de alguma forma, como se estivesse em uma outra realidade.
-Eu fiz algo de errado? - Falei em um sussurro, me sentindo cada vez mais assustado.
Então é este o meu fim? Serei morto por um paciente do hospício?
- É você o enviado, é você. Prazer! Sou o fantasma.
- Desculpa, acho que está me confundindo...
- Ei! Não me deixe sozinho! É perigoso! – O jovem moreno segurou as minhas mãos com uma certa força, mas desta vez seu olhar não estava voltado a mim. Logo, com a sua voz rouca e um tanto baixa, ele começa a cantarolar. - Roier, fantasma Roier, fantasma...
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