19 | a pequena redação da Vogue

48 7 24
                                    

•───────────────────────•

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

•───────────────────────•

Se havia algo acontecendo, era que nada havia acontecido. Desde as semanas em que cheguei ao escritório da Vogue e comecei a trabalhar, nada havia acontecido. Normalmente, eu aparecia em algumas colunas da revista quando meu chefe pedia encarecidamente para concluir algum trabalho que acabava se tornando completamente meu. Isso não era ruim, pelo contrário, foi uma das coisas mais importantes que eu tinha feito até agora na Vogue.

Era moda. Nomes, dicas, críticas e, principalmente, títulos que fariam garotas da minha idade comprarem. "Como impressionar seu namorado". E havia algumas dicas que, sinceramente, eu usaria se tivesse um, de fato.

A verdade é que passei muito tempo da minha faculdade escolhendo o que queria escrever. Não foi moda, não foi esportes ou algo assim. Eu era sensacionalista. Tive alguns cursos por fora que nunca usei, mas me ajudaram cada vez mais a procurar os pequenos detalhes na vida de quem não me interessava.

Alister, infelizmente ou muito felizmente, percebeu isso em mim, e trabalhar para ele agora não era tão ruim. Nunca tive tanta paz ficando no mesmo ambiente de trabalho que ele. Até hoje.

— Quando é mesmo seu aniversário?

— Você pergunta como se não soubesse nem o horário que eu chego em casa.

Ele riu, sua risadinha cínica e com um tom de ousadia inclinou o corpo contra minha mesa de trabalho sagrada até finalmente tocá-la.

— Eu só queria puxar assunto, lindeza. Eu sempre te observo em silêncio. E você fica extremamente sexy com as pernas cruzadas enquanto se concentra em corrigir os artigos fulos da sessão.

Um suspiro saiu dos meus lábios; eu obviamente queria mostrar que estava entediada com sua conversa. E parecia que o jogo de desinteresse nunca ia funcionar com Alister, ele parecia adorar isso.

— O Barner perguntou seu número de telefone novo. Acredita? Ele não sabe que somos namorados.

— Ex-namorados. O que foi dessa vez que te incomoda, Alister? Você sempre faz isso quando está irritado.

— Eu sei o que você fez há umas duas semanas. — ele riu, passando a língua nos lábios e puxando uma cadeira ao meu lado. — Talvez eu realmente esteja irritado, sabendo que você está saindo com outro cara enquanto eu! Eu, porra, te empreguei no melhor emprego que podia ter.

Minha cabeça doía; ouvir sermão desnecessário e totalmente idiota era realmente uma perda de tempo.

— Você me colocou aqui porque quis. E outra — eu virei o rosto finalmente o encarando e suspirei para mudar o tom de voz para que a atenção não viesse para nós como vinha nos tempos de namoro — Eu não tolero mais você ficar me espionando. Devia ser um detetive, ao invés de um repórter intrometido.

Seus dentes rangeram; ele era um bobo que nunca recebeu um não de sua mãe, e eu era a pessoa que mais sabia disso. Por isso, tinha medo de que eu fosse embora.

— Você não pode. Quer que eu invente algo absurdo e faça você perder o emprego?

— Vai me dizer que nem seu chefe percebeu seu comportamento psíquico? — eu ri, negando com a cabeça — Pode tentar, Alister. Não tem mais nada entre nós além das indiferenças. Se você tentar algo na próxima vez, a próxima vez que irei vê-lo será na delegacia.

Podia ver de longe a tensão que se criava no peito dele; seus passos se tornaram firmes contra o chão do prédio, e podia explodir a qualquer momento caso alguém o provocasse um pouco mais.

— Por favor, que me mudem para a área dos desfiles! — falei para mim mesma, cruzando as pernas na cadeira preta que girava, e voltei a ler atentamente o computador com letras pretas no branco.

O resto do dia, pelo amor de Deus, foi exatamente calmo. Isso se não fosse pela minha confusão na hora de pedir comida no delivery.

Harley estava certa. Duas semanas fora e eu não comia mais nada que fosse realmente bom e caseiro.

Algo me preocupava. Depois que recebi aquela mensagem de Alex, não me pareceu certo sair com ele depois de pensar muito em causar suspeitas. Mesmo depois que tive a ideia de dar. Eu esperava que ele só aparecesse escondido comigo. Era assim que deveria ser.

Eu suspirei fundo, encarei meu cartão de crédito e então ouvi a buzina do motoboy na minha frente.

— Senhora?

Eu levantei a cabeça e peguei a sacola de papel com o meu lanche, logo subindo para casa e estendendo os pés no sofá enquanto comia preguiçosamente. Eu não tinha certeza se queria minha vida assim.

WET STAGE - 𝑨𝒍𝒆𝒙 𝑻𝒖𝒓𝒏𝒆𝒓Onde histórias criam vida. Descubra agora