VI

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*Uma semana*

Dizem que precisamos virar a página o quanto antes para evitarmos sofrimento. Mas eu já virei a minha faz tempo e a saudade permaneceu, a tristeza me rodeia e mesmo que eu diga que tudo ficará bem... não fica.

Estou deitada na minha cama e já passam das 2 horas da manhã, estou faltando a escola Jujutsu faz uma semana. Não saio de casa e parece que meu corpo afundou em um poço de tristeza e melancolia. Acreditem, nem eu suporto isso. Meu telefone não para de tocar e já perdi as contas de quantas vezes meu porteiro telefonou pedindo permissão para que eu deixasse o pessoal subir até o meu apartamento. Sukuna não apareceu mais desde aquele dia e me sinto aliviada por isso, ou talvez incomodada, não, não me importo com o que ele possa estar fazendo nesse momento.

Viro o rosto pro lado vendo nossa foto na mesinha ao lado da cama, me sinto perdida em pensamentos. Eu não sei se poderia tê-lo impedido de seguir aquele caminho, talvez se eu tivesse dito o que sentia ao invés de apenas ter aceitado... teria mudado o seu destino?

Me sinto tão culpada...

Me sinto perdida...

Levanto da cama para pegar um copo d'água, não acendo as luzes pois me incomodaria a vista. Vou até a sacada onde eu observo o silêncio da cidade enquanto a mente está um turbilhão. As olheiras que se fazem presente em meu rosto indicam as noites mal dormidas, meu corpo fraco indica a necessidade de ajuda. Tudo parece tão monótono e cansativo, procurei alegria e felicidade em festas e bebidas, mas eu sempre volto para a estaca inicial.

Levanto os braços sentindo o vento bater em meu corpo e uma vontade de por fim nessa dor se aumenta. Pego meu celular e a chave da moto, coloco um casaco para cobrir a camisa que vestia e dou uma última olhada na calça moletom.

Vinte minutos na rua foi o suficiente para eu parar em uma loja de conveniência, comprar bebidas, escrever uma carta para o meu irmão e deixar recados na secretária eletrônica de cada um dos meus amigos. Mas agora aqui estou eu na ponte que liga as duas cidades mais famosas do Japão, estou sentada com as pernas para fora da ponte balançando sincronizadamente enquanto dou meus últimos goles do álcool que percorria minha garganta queimando.

- As estrelas estão bonitas hoje, Suguru. Você dizia isso quando parávamos juntos para observá-las, dizia também que era um indicativo para coisas boas que estão prestes a acontecer. Mas todo mês eu observo elas sozinha, todo mês elas brilham como se quisessem me dizer algo, porém tudo continua a mesma coisa... - Jogo a garrafa no chão fazendo com que se quebre - Eu não aguento mais fingir, não aguento mais fingir estar tudo bem quando na verdade não está. Me desculpa, eu o matei, eu não consegui impedi-lo... Riko se foi e junto com ela eu perdi o meu irmão, perdi meu companheiro que dava os melhores conselhos e me abraçava em dias escuros. - Não conseguia mais esconder a tristeza, eu chorava feito uma garotinha de cinco anos após ter o coração quebrado - Eu não quero mais ser um peso para o Satoru, sei que ele ainda está ao meu lado por medo do que aconteceu com você. É verdade que você me mimava demais, pois agora eu não sei o que fazer sem você, e já faz um ano que você partiu ! Desde então eu não sei mais quem eu sou, quem eu costumava ser. Eu sinto sua falta, Suguru, eu quero meu irmão de volta. Então por favor, me deixe ir com você. Me deixe estar novamente ao seu lado, esse é meu pedido de socorro.

Quando estava prestes a pular, minha cintura foi envolvida por braços gentis e a curvatura do meu pescoço sentiu uma respiração quente bater nela. Surpresa eu não conseguia me mover, meu corpo enrijeceu e o olhar foi em direção ao céu, uma estrela parecia brilhar mais forte ainda em minha direção. A garganta seca não me deixava falar nada, meu rosto estava molhado com as lágrimas que ainda caiam.

- Parece que não posso mesmo deixar você sozinha - Sussurrou contra a minha pele. Seus braços apertaram mais ainda minha cintura, garantindo que eu não iria para lugar nenhum.

𝐃𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑𝐎𝐔𝐒 - 𝐑𝐲𝐨𝐦𝐞𝐧 𝐒𝐮𝐤𝐮𝐧𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora