No dia seguinte eu fiquei em casa fazendo faxina, era meu dia de folga. Era gratificante não ter que ir trabalhar todos os dias ou ter que ir investigar alguma maldição, pelo menos sobrava tempo para ter uma vida normal. Entretanto, quando eu havia acabado de arrumar a sala, a campainha do meu apartamento tocou e fui atender. Não havia ninguém no lado de fora, mas eu sabia perfeitamente de quem era aquele perfume, então, quando eu me virei, o mesmo já estava sentado no sofá com um sorriso nos lábios.
- Não cansa desses jogos ? - Coloquei a mão na cintura - Pedir licença é um meio de educação.
- Esta linda de avental - Se levantou e mostrou duas bolsas - Já tomou café ?
- Qual mercadinho você foi assaltar dessa vez ?
- Assim você me ofende - Levou a mão até o peito fazendo um drama - Eu também faço coisas normais.
Caminhei até ele que havia começado a colocar as coisas na mesa e o ajudei pegando os talheres e pratos. Lavei cada um antes de por na mesa. A roupa que Sukuna vestia não era chamativa e o mesmo tinha um semblante sereno, o que era novo para mim.
- Então você... Pratica exercícios, namora e... Sei lá, faz coisas de humanos ? - Ryomen me olhou com um sorriso nos lábios zombando de mim - Não é querendo ser preconceituosa.
- Você me diverte - Deu uma risada nasal - Mas sim, apesar de ter esse titulo no mundo dos feiticeiros, eu faço todas essas coisas normais. Não é porque eu detesto os humanos, que eu não posso fazer as coisas que eles praticam.
- Parece um pouco hipócrita da sua parte dizer isso.
- Não tanto - Puxou a cadeira e se sentou já se servindo de café - Esse seu apartamento é agradável.
- Melhor do que o lugar em que você mora ?
- Com certeza não - Riu com a boca cheia de bolo - Minha casa é um palácio.
- Muito obrigada por esfregar na minha cara que eu sou pobre.
O mesmo não disse mais nada, apenas ficou suspirando a cada pedaço de bolo que mastigava. Sukuna não parece nadinha com o homem que vinha demonstrando ser e isso me fez lembrar da nossa aposta de ontem, ele já estava em jogo tentando me conquistar. Meu coração errou a batida ao me lembrar de suas palavras, apertei a barra do meu vestido disfarçadamente, que frio na barriga eu senti.
Comi alguns biscoitos enquanto o mesmo me servia com suco, eu tinha tantas perguntas a ele, mas como começar ? Apoiei meu rosto na mão e fiquei olhando o nada. Demoramos alguns minutos até finalmente nos levantarmos e arrumarmos a bagunça.
- Sabe... Você nunca me disse o porquê de ter começado a me seguir. - Murmurei enquanto ele secava os pratos. - Achava que era uma forma de ameaça por ter presenciado aquele acidente, mas depois diversas dúvidas surgiram.
- O que irá mudar se eu disser ? - Me olhou desconfiado - Tudo o que eu digo você duvida de mim. Não acredita em nada a não ser que o seu querido namoradinho Satoru diga.
- Ex namorado.
- Tanto faz - Revirou os olhos - Porque não procura saber o mínimo sobre mim ? Quem sabe suas dúvidas serão sanadas e comece a ter um pouco de confiança em mim.
- Hum... Tem razão - Dei um sorriso sem graça ao perceber que realmente eu não sabia nada sobre ele, diferente de Ryomen que parecia ter feito um trabalho completo e procurado vasculhar meu passado - Qual sua cor favorita ?
- Han ? - O mesmo parou o que fazia e me analisou com atenção - Vermelho.
- Número da sorte ?
- Não sei, quando você faz aniversário ?