Meu corpo estava encostado em Sukuna e nós compartilhamos um silêncio agradável, apenas com o som da tv ecoando o cômodo. Suas mãos estavam entrelaçadas as minhas e os olhos dele estavam fixos no filme que passava, respirei fundo antes de desligar a televisão e me sentar em seu colo, chamando sua atenção para mim.
- Aconteceu algo ? - Seu tom de voz ainda era o mesmo, me causando sensações de alívio e ao mesmo tempo prazer.
- Acho que devemos conversar..
- Depende da conversa - Arqueou a sobrancelha - Se for para falar de algo desagradável, prefiro encerrar essa conversa o quanto antes.
- Sukuna... - O encaro e ele esperava que eu continuasse - Para onde você foi durante esse tempo ?
- Eu apenas andei por ai sem rumo - deu de ombro - Mas eu sabia que você estava a minha procura.
- E preferiu não ser encontrado ?
- Eu preferi não te colar em perigo - Tocou meu queixo e deu um beijo na minha testa.
- Sabe, durante esse tempo eu me sentia sendo observada, era você ?
Por alguns segundos ele ficou me encarando, como se pensasse se deveria ou não me confirmar. Mas Ryomen suspirou e um leve vacilo seu não me passou despercebido, sorrindo ele concordou e eu acabei sorrindo junto. Por hora eu prefiro acreditar.
- Sua amiga tem uma força incrível, eu vi quando ela te trouxe para casa bêbada.
- Céus, que vergonha - Soltei uma gargalhada lembrando do dia.
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Uma vez Suguru me contou sobre a história da vida e da morte. Onde os dois se apaixonaram, mas nunca poderiam se tocar, pois a morte destruía tudo aquilo que tocava e a vida ... ela desabrochava flores, dava beleza ao mundo, era a alegria que a morte procurava. Eu me lembro de querer saber como terminava, mas meu irmão sempre contava um final alternativo e isso era o mais divertido.
Porém, aos meus dezoito anos ele parou de contar a mesma história que vinha contando desde quando éramos criança. Ao invés disso, ele se deitou ao meu lado na cama de frente pra mim e ficamos nos encarando. Gêmeos idênticos. Dois pássaros que estavam prestes a trilhar seus caminhos.
- Eu tenho medo, s/n.
- Medo ?
- De não conseguir acompanhar seu crescimento. - sua voz carregava dor
- Não diga isso, sabe que sou sensível. - Fiz um biquinho sentindo os olhos marejados - Você é a minha Lua, Suguru.
- E você o meu Sol - abri um sorriso - Sabe, S/n, eu sou um irmão bastante ciumento. Mas espero ansioso pelo dia que irá encontrar alguém que irá amar cada detalhe em você, principalmente seus defeitos.
- Não diga bobagens - dei um sorriso fraco - os meninos dizem que sou nojenta por parecer um homem...
- Você não parece um homem - tocou meu rosto - É a flor mais bela do meu jardim. A minha companheira desde a barriga da mamãe.
- Ela dizia que nos debatíamos muito.
- Desculpa, você ocupava muito espaço - Ele gargalhou e eu o acompanhei.
- Eu te amo, irmão.
- Eu te amo, vida.
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Lembranças...
Porque de repente me vieram essas lembranças?
Olho para o lado percebendo que Sukuna havia adormecido. Me levanto com cuidado para ir fazer minhas necessidades e ao pôr meus pés no chão, meu coração me diz para olhar para o parque do outro lado da rua, porém resolvo ignorar.