Demorei um pouco mais de trinta minutos para conseguir dar partida no carro. O caminho até a escola foi mais longo do que o comum, eu estava devastada pela morte de Alice, mas eu estava obcecada pelo homem de preto dês da minha infância.
Depois de estacionar o carro entro na escola a procura de Abbadon, estava tão focada em achá-lo que as vozes das pessoas ao redor não formava uma simples frase na minha cabeça, era apenas barulho que eu almejava que desaparecesse.
Eu procurei Abbadon em quase toda a escola antes de achá-lo. Meu coração estava disparado, minha respiração quase falha, mas arrumei coragem para chamá-lo.
- Abbadon! - finalmente disse em uma voz tremula.
- Scarlet? Eu pensei que você não iria vim hoje. - ele diz meio surpreso com a minha presença.
- Eu não ia vim, mas preciso te perguntar algo. - falo engolindo em seco.
- claro. Leah me contou o que aconteceu com a Alice, meus pêsames.- Ele se aproxima um pouco enquanto fala.
- Você foi visitá-la ontem? - digo finalmente.
- Ah, bem eu tentei ir vê-la, porém não consegui.
- Tem certeza? - eu o olho no fundo de seus olhos esperando uma resposta para as minhas duvidas. - Eu te vi Abbadon, o vi no quarto dela.
- Scarlet eu sei que deve ser difícil perder a sua melhor amiga, mas não tenho motivos para mentir para você, acredite quando eu digo que não fui ver a Alice. - ele diz sem nem desviar o olhar.
- Não, você não sabe, isso tudo está me matando por dentro e esse homem, ele... - fui interrompida por Abbadon antes de conseguir terminar a frase.
- Que homem? - ele pergunta me olhando serio.
- Eu não sei, estou tentando descobrir. Por um segundo pensei que fosse você e agora eu já não tenho mais tanta certeza. As vezes parece que estou ficando louca, de verdade talvez eu precise me tratar. - lágrimas escorrem pelo meu rosto ao dizer a ultima frase.
- vai ficar tudo bem. Sabe, as vezes se cobrar tanto deixa a gente assim, só relaxa ok? Se quiser desabafar eu estarei aqui.
- Acho que eu já falei o bastante, não quero que me veja de uma forma mais esquisita que essa. Obrigada por me deixar dizer coisas assim em voz alta. - falo enxugando as lagrimas e saindo.
Eu voltei para o hospital, e ouvi de longe os pais de Alice conversarem sobre o seu enterro. Leah ainda estava lá sentada em uma cadeira paralisada, ela não se movia e talvez já tivesse chorado tanto que já não tivesse mais lagrimas para derramar.
Eu me sentia culpada por pensar mais no homem de preto do que na morte da minha melhor amiga. Precisava me manter focada e calma, mas eu senti um embrulho no meu estomago me fazendo correr para o banheiro.
- Scarlet você está bem? - pergunta minha tia preocupada ao me ver saindo correndo para o banheiro.
- Estou, apenas me senti indisposta, acho que pode ser a noite mal dormida, ou o fato de mim não ter comido ainda, talvez os dois. - novamente eu começo a chorar, acho que por fim estou começando a notar que Alice não estaria mais entre nós.
O dia do enterro de Alice finalmente chegou, os dois últimos dias foram mais difíceis do que eu pensava, eu sentia a falta dela constantemente e acho que eu peguei o meu celular umas duas ou três vezes e liguei para ela esperando que ela atente-se, obviamente só caia na caixa postal.
- Já esta pronta? - diz minha tia entrando no quarto.
- claro.
Nós descemos as escadas juntas indo até o carro.
Meu corpo e minha mente me pediam um tempo para descansar, mas por mais que eu tentasse pegar no sono, tinha pesadelos com o acidente e com o homem de preto. Eu tentava me convencer de que ele nunca esteve no quarto dela e de que era apenas um delírio da minha mente, porém os sonhos, as memorias me faziam duvidar de mim mesma, e agora mesmo depois da morte dela não consigo lembrar das boas lembranças com a minha melhor amiga. Isso virou um filme de terror para mim.
Ao chegar no enterro eu tentei me concentrar na despedida, todavia era mais difícil do que eu pensava. Talvez o fato de várias pessoas vim até mim tentando me consolar quando eu só queria ficar sozinha tornasse as coisas mais complicadas, apesar de não ser a primeira vez que me ocorria isso não tornava as coisas mais fáceis.
Eu vi Leah um pouco afastada com os pais de Alice devastados chorando, daquele modo parecia que ela era a melhor amiga e não eu. Realmente precisava ficar sozinha para me concentrar na saudade que eu sentia dela, seria o nosso ultimo dia juntas se assim pensar.
- Eu vou dar uma volta, preciso respirar um pouco. - falo para minha tia lhe dando um abraço rápido.
- Deve estar sendo difícil para você. Só não demora muito, vão enterrá-la daqui meia hora. - ela diz segurando a minha mão a fazendo um carrinho reconfortante.
- Não vou demorar, prometo.
Tentei ficar mais afastada das pessoas para conseguir estar sozinha. As lembranças de Alice finalmente ficaram mais claras na minha mente, e as lagrimas vieram naturalmente.
- Desculpe-me, eu deveria ter conseguido te salvar, sinto muito, sinto mesmo. - eu abaixo minha cabeça e me abraço sentada na grama.
Fiquei daquele jeito por um tempo, até que algumas vozes me fizeram voltar para a realidade. Fiquei imóvel ao ver Abbadon conversando com alguém, é realmente ele ou eu só estava delirando novamente? Me levantei tão de presa indo em direção a Abbadon mais a outra pessoa que eu mal conseguia raciocinar.
- Então é realmente você? - falo sem nem mesmo acreditar.
- Scarlet, não era para você está no enterro? - diz Abbadon surpreso.
- Isso importa? Você sabe quanto tempo eu procurei por ele? - falo tomando a frente.
- Isso não é brincadeira, vá embora por favor.
- Cadê os seus modos irmão, Scarlet acabou de chegar. - ele diz com um sorriso de canto.
- Então você sabe o meu nome? - falo surpresa.
- Como eu não saberia o nome da garotinha que eu salvei a uns anos atrás?
Não acredito que finalmente o achei, era difícil acreditar que depois de tanto tempo eu encontrei o homem de preto.
Parece que Scarlet finalmente achou o tal Homem de preto. Como será que vai ficar a história daqui pra frente? Espero que tenham gostado deste capítulo, e perdoe-me pela demora🥲
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O Ceifador
Mystery / ThrillerScarlet é uma jovem que sobreviveu á um acidente de carro, quando mais jovem. Todos dizem que ela sobreviveu por um milagre, mas o homem misterioso vestido de preto que ela viu aquela noite, mostra que talvez o seu milagre tenha um nome.