Ida ao psicologo

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 Abbadon desistiu de puxar assunto e o resto do caminho foi silencioso. Ainda estava pensando sobre o que eu diria para minha tia quando a encontra-se, não sei que tipo de mentira eu iria inventar ou se eu apenas me faria a egípcia e mudaria de assunto, "oh céus a noite esta linda hoje..."

- Tão pensativa, por acaso está pensando em fugir novamente? - diz Hades se virando para conseguir me olhar nos olhos.

- Estou pensando no que dizer para minha tia. - digo desviando o olhar. - Talvez eu devesse contar a verdade o que acha?

- Mas nem se você quisesse, garanto que você nem vai lembrar do que aconteceu hoje princesa. - ele da uma risada muito sincera pro meu gosto, me fazendo questionar o que ele queria dizer com aquilo.

Abbadon para o carro me fazendo pensar no pior e Hades desce do carro e senta no banco de trás ao meu lado, isso faz o medo tomar conta de mim e comecei a soar frio e ficar um pouco trêmula. Não deveria ter brincado com a situação, meu fim chegou.

Ele pegou em meu queixo fazendo com que eu olhasse em seus olhos, não consigo me lembrar o que ele disse, mas aquele medo que eu estava sentindo sumiu e agora por algum motivo eu estava agradecida a eles. Hades voltou para o banco da frente e continuamos o caminho. Minha mente estava em um breu, até eu começar a lembrar que eu havia saído do cemitério andando sem rumo, todavia Abbadon e Hades me encontraram.

- Estamos quase chegando Scarlet, como você está se sentindo? - pergunta Abbadon enquanto prestava atenção na estrada.

- Estou melhor agora, não sei o que faria se você e o seu irmão não tivessem me achado hoje. Obrigada, obrigada de verdade.

- Imagina, qualquer coisa estaremos aqui para ajudar. - diz Hades enquanto me olha pelo espelho do carro, dando um leve sorriso.

finalmente depois de um longo caminho chego em casa, minha tia estava no lado de fora e havia um carro de polícia estacionado em frente, pelo visto ela já havia aberto um boletim de ocorrência para o meu sumiço. Eu desci do carro e corri em direção a minha tia e aprendi em um abraço apertado.

- Me desculpe, não deveria ter saído do enterro de Alice. - falo sem conseguir controlar as lagrimas.

- Scarlet o que aconteceu? Você sumiu o dia todo, achei que tinha acontecido o pior. - ela diz retribuindo o abraço.

- Ela estava andando sem rumo quando á encontramos. - diz Hades estendendo a mão para cumprimentar minha tia.

- Que bom que nós a achamos. - diz Abbadon fazendo o mesmo. - Senão creio que ela estaria andando por ai até agora.

- Ah meu Deus muito obrigado por ajudá-la. A morte de Alice foi muito impactante para ela, não sei o que aconteceria se vocês não á encontra-se. - ela diz retribuindo os apertos de mão.

- Então já está tudo resolvido? - pergunta o policial que estava conversando com a minha tia quando nós chegamos.

- Sim, claro, agradeço a ajuda e a paciência que o senhor deve comigo.

Minha tia pediu para que Abbadon e Hades entrassem na nossa casa para que ela pudesse oferecer alguma coisa em troca, todavia eles recusaram, disseram que estava atrasado para algo em família. Minha tia e eu entramos dentro de casa logo após nós despedirmos dos meninos, comemos algo e eu fui tomar um banho para poder dormir.

Ela não tocou no assunto sobre Alice, ou sobre eu andar sem rumo por aí, mesmo que ela me perguntasse tal coisa não saberia lhe responder, pois nem eu mesma tinha a resposta para isso minhas lembranças estavam muito vagas. Talvez pela manhã eu deverá procurar ajuda psicológica.

Me virei para um lado da cama e depois de alguns minutos eu virei para o outro, depois eu passei a observar o teto, nenhuma posição era boa o suficiente para que eu pudesse pegar no sono. Passei a noite inteira bolando na cama, e as olheiras estavam mais que aparentes. Não era pesadelos ou pensamentos ruins eu apenas não conseguirá pregar o olho essa noite, e por que?

Me levantei da cama e fui direto ao banheiro, estava disposta a procurar ajuda dessa vez. Fiz toda a limpeza matinal e desci para poder comer algo antes de sair de casa.

- Você dormiu bem? - pergunta minha tia em uma voz meio chorosa.

- Dormi, claro. - eu sei que ela sabia que aquilo era mentira, mas apenas fingimos estar tudo bem. - Eu vou ir ao psicologo, acho que estou precisando desabafar com um profissional.

- Claro, isso é ótimo, quer dizer depois do que aconteceu antes também acho que você esteja precisando.

Eu apenas pego alguns documentos que estavam guardado em meu quarto e finalmente saio em procura da minha sanidade.

Demorou em torno de uns 20min antes que eu chegasse na clinica, achei que eu seria atendida na hora já que fui lá quando eu era criança. Mas apenas disseram que eu deveria marcar um horário, tipo "olhem para o meu estado não estou em tempo de esperar a próxima semana para dizer que estou delirando", entretanto eu marquei o meu horário para terça-feira as 8:30 da manhã.

Eu aproveitei para ir á uma cafeteria que tinha ali perto, lembrei que havia esquecido o quando Nova Orleans pode ser animada as vezes.

Fiquei sentada na área externa enquanto esperava o meu delicioso cappuccino de chocolate, quando de repente alguém chamou minha atenção.

- Scarlet é você? - pergunta uma voz masculina vindo de trás de mim

Quando me viro para ver quem era me deparo com o meu antigo psicologo doutor August. Por fazer pelo menos 7 ou 8 anos que eu não o via, ele já aparentava algumas rugas em seu rosto, mas eu jamais esqueceria sua face de minha memoria.

Doutor August cuidou de mim por pelo menos 2 anos seguidos depois da morte de meus pais. O fato dele ter me encontrado aqui e ainda ter me reconhecido só poderia ser um sinal!

- Caramba quase não lhe reconheci, você mudou muito garota. - ele diz sentando na cadeira ao lado.

- Nossa, quanto tempo. Isso é uma grande coincidência eu acabei de sair do seu consultório quase agora.

- Jura, aconteceu alguma coisa? - pergunta em tom preocupado.

- Nada muito sério, quer dizer não vou atrapalhar o seu horário de descanso com esses assuntos chatos de gente louca. - falo meio sem graça.

- Louca? você está me deixando um pouco preocupado senhorita. - ele fala em um tom de desconfiança.

- É apenas modo de falar. - digo desfiando o olhar. - Eu acabei de me lembrar que estou atrasada para aula, melhor eu voltar para casa.

Eu me levantei depressa dando um sorriso falso, não sei por que eu estava nervosa, nem se quer esperei meu cappuccino para poder ir embora.

Ao chegar em casa me troquei rápido, estava mais do que atrasada e sinceramente eu nem queria colocar o meu pé na escola hoje, mas sei que ficar sozinha em casa é ainda pior.


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