Trigger Gray

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Red acordou se sentindo revigorado. Ele estava deitado em cima da carroça de Julie, ao lado das várias mercadorias que a mulher carregava. Alguns dos itens ao seu redor estavam destruídos por conta do duelo que teve com Crimson anteriormente.

— E aí, Red — disse George, puxando a carroça com as mãos pela trilha, se virando para trás e sorrindo para o homem mascarado.

— Ah, é verdade — murmurou Red, descendo do veículo e procurando por sua mochila que estava entre os outros itens.

— Como se sente? — perguntou George, prosseguindo pelo caminho, sendo seguido por Red.

— Inesperadamente bem. O que fez com o corpo da Cyan?

— Joguei no rio, sinto muito se fui muito desrespeitoso. Imagino que ela era importante pra você.

— Hahaha — riu Red — o Crimson achou a mesma coisa. A Cyan me contratou para protegê-la até o nosso destino, apenas isso.

— E você não tá triste com a morte dela? Ela parecia ser bonita, sabe.

— Ela é a segunda Trigger que vejo morrer, tenho certeza que não será a última. Talvez eu mesmo tenha que matar outros Triggers até a Corrida acabar.

— Isso é meio cruel, Red. Nós, Triggers, não devíamos ser inimigos.

— Você é inocente pra alguém da minha idade, Black. O vencedor será aquele com mais cartas ao final, não o que derrotou mais criaturas. Aquela bruxa deplorável já esperava que nos mataríamos desde o início.

— Peraí, você também é da casa dos cinquentões? Nunca eu ia saber... E parando pra pensar, é mais fácil matar os outros Triggers, né...?

— Você é lerdo, Black. Eu não perguntei antes, mas por que me ajudou?

— Você parece ser uma boa pessoa. Bom, entre você e o cara que matou uma comerciante, era bem óbvio de qual lado eu ia ficar.

— Entendi. Por que não foi embora? Mesmo que tenha me ajudado, você não tem motivos para me acompanhar.

— Eu não tenho pra onde ir — respondeu George — eu já te disse, eu perdi a minha casa. Eu só quero um lugar novo pra ficar, e andar com você parece mais seguro do que sozinho.

— Uma pessoa como você não devia estar nesse Battle Royale infernal. Vá embora e não me siga, não tem nada de seguro em ficar próximo de mim.

— Eu só quero chegar ao Paraíso, Red. Depois disso, você se livra de mim, okay?

Ainda desconfiado das intenções de George, Red ficou de olho nele. Os dois continuaram em silêncio completo pelo resto do caminho, até que enfim chegaram ao final da floresta.

O que lhes esperava era uma planície extensa com poucas árvores, totalmente verde. Haviam diversas flores, vacas, ovelhas, cavalos, todos espalhados pelo solo esverdeado e belo daquele local.

— Meu Deus...! — gritou George, assustado e encantado.

Eles haviam chegado ao Paraíso. No meio da planície, havia uma criatura colossal sentada quase em posição fetal. Essa entidade era conhecida como Invocação da Luz, um ser humanoide de cento e cinquenta metros de altura, cor pálida e membros compridos. Em seu rosto, não havia nada. Sem olhos, boca ou nariz, apenas o tecido da sua pele, que era parecido com o de um ser humano. Suas enormes asas emplumadas brilhantes estavam recolhidas contra suas costas. Molhando seus pés, havia uma lagoa que possivelmente era a fonte de água daquele local.

Em volta da Invocação, penduradas sobre seu corpo, encontravam-se diversas casas de madeira. Todas elas suspensas do solo, conectadas umas às outras através de pontes seguradas por cordas. A maior casa, que foi construída em sua nuca e cobria sua cabeça, era a única que tinha uma pintura mais chamativa, com uma decoração mais elaborada de cor azul claro e branco.

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