Trigger Red

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Red acordou em um lugar escuro. Ele estava no altar de uma igreja que não parecia muito destruída. Deitada em um dos bancos, Jeanne acenou para o homem mascarado, que quase não conseguiu vê-la por causa da escuridão.

— Eu dormi...? Por quanto tempo? — perguntou Red, sentindo frio por suas roupas estarem encharcadas.

— Acabou de anoitecer — respondeu Jeanne — você tava jogado no meio da rua parecendo um mendigo. Deu merda pra você, velho? Nunca te vi tão fraco e indefeso.

— Meus companheiros morreram, aí eu corri o máximo que pude. Apenas isso.

— Não achei que você se importasse com as outras pessoas.

— Eu me importo. Pode não parecer, mas eu sempre me importo.

— Faz sentido. Diz aí, Red, quantos Triggers ainda estão vivos?

— Além de nós dois, Gray, Brown e Crimson.

— Merda, eles são aliados, não são? Vai ser difícil derrotá-los.

— O último monstro parece que ainda tá vivo. Ele deve estar em algum lugar dessa cidade enorme.

— O cavaleiro furry? Eu vi ele antes de te achar. Ele parece bem forte, ainda mais que usa uma espada, diferente dos outros que só atacam com armas naturais ou poderes mágicos.

— Por que me ajudou, Blue?

— Porque você teria feito o mesmo. Somos rivais, mas eu não posso te deixar morrer de frio ou pra um monstro qualquer. Eu precisava derrotá-lo pessoalmente.

— Entendi. Pretende me enfrentar agora?

— Não. Na verdade, eu queria te entregar algo.

— Me entregar? O quê?

— Eu vou morrer em breve. Tem uma criatura muito perigosa me seguindo desde a semana passada.

— Uma criatura? Não é o tigre, correto?

— É. A Cartomante nos falou disso, se lembra? Possivelmente foi aquela coisa que matou o Alex, também.

— Vamos enfrentar esse monstro, Blue. Eu preciso da sua ajuda pra derrotar a aliança dos outros Triggers.

— Não, Red. Chega mais perto, por favor.

Red desceu os degraus até o tapete vermelho, se aproximando de Jeanne que estava deitada em um dos bancos bem na frente. Quando chegou perto da mulher, pôde enxergar tudo, apesar da escuridão.

— Meu Deus... — disse Red, vendo que Jeanne estava sem um dos olhos, com dedos faltando, a barriga totalmente aberta revelando seu intestino e com as pernas marcadas por mordidas até os ossos.

— Eu me droguei pra caralho pra me manter consciente sem sentir dor, sabia? E se não fosse pela transformação, eu nem ia conseguir te arrastar aqui pra dentro.

— Deve ter algo pra fazermos. Eu possuo um Artefato capaz de curar ferimentos. Ele não carregou o suficiente, mas quem sabe...

— Cala a boca, velho sujo — interrompeu Jeanne, dando um chute fraco na barriga do homem mascarado — ai. Isso eu senti. Acho que me mexer ainda dói mesmo com tudo que eu usei.

— Eu posso tentar salvá-la, Blue!

— Pode nada, otário. Escuta aqui, eu descobri o segredo dessas cartas.

— O segredo das cartas? O que quer dizer?

— Esses monstros que nós capturamos durante a Corrida das Cartas. Eles eram todos diferentes, não eram?

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