CAPÍTULO 4 - Não se culpe.

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● BUILD POV

- Papai - Uma garotinha chorava. Meu corpo automaticamente foi até ela, com sentimento de preocupação.

- O que houve, meu amor? - Me abaixei na frente dela, acariciando gentilmente seus cabelos. Olhei seu joelho esquerdo, estava sangrando. - Está tudo bem, o papai está com você.. - Peguei um pouco de água e um pano, limpei o ferimento, para depois por um curativo dos ursinhos carinhosos. - Pronto, agora os ursinhos vão fazer você se curar.

- Obrigada papai.. - Ela sorriu para mim, mesmo com lágrimas escorrendo por seu rosto e me abraçou. Retribui. O cheiro, o toque, foram familiares. Seu rosto estava desfocado. Mas um choro agonizante se fez presente, quando me virei, eu estava em uma sala de estar, o chão estava cheio de sangue, corpos estavam no chão, restava apenas um garotinha ajoelhada na frente de um corpo, chorando, implorando para que ela voltasse. Mas eu não conseguia ver claramente o seu rosto. Mas eu sentia um sentimento de culpa tão forte, que era difícil distinguir se era um sentimento meu ou de Pete. Mas eu acordei, sem entender nada, eu estava soando frio.

"Por que está tão carregado, uma hora dessa?", Pete perguntou para mim.

- Eu tive um sonho estranho, vou tomar um banho.. - Falei enquanto me levantava, mas minhas pernas fraquejaram, me fazendo sentar novamente na cama. Minha cabeça doía, acompanhada de um zumbido alto nos meus ouvidos.

O desconforto piorou, minha visão embaçou completamente, me levando a desmaiar.

● PETE POV:

- Você tem que matá-los, Pete - Um homem falou, entregando um envelope para mim.

Ao abrir, havia diversas fotos da família. O alvo era o pai da família, mas teria que matar todos, para não deixar vestígio. A visão desfocou novamente.

Agora eu me encontrava com uma arma em minhas mãos, uma garota lamentava a morte da irmã e dos pais. Sentia meu corpo rígido, quando me aproximei para tentar ver o rosto dela, eu acordei. Me sentando rapidamente, ofegante, suando frio.

- Irmã, ele acordou! - Mally falou animadamente enquanto me olhava. Meu olhar foi para cômoda, onde uma bacia com água e um pano estavam. A febre havia abaixado.

Observei a outra guardiã se aproximar, ela não falou nada, como sempre, apenas me encarava com aqueles olhos vazios, com certeza ela não tinha coração.

- Você deveria ficar na casa de sua família, se você caísse e batesse a cabeça, acha que alguém iria ver? - Manuzita falou com uma voz séria.

- Você viu.. - Me calei rapidamente.

- Você precisa controlar ele dentro de você, o lembre, que não é só ele que vive aí.. - A guardiã se virou, indo em direção da cozinha.

- Você estava sonhando..? - Mally perguntou acariciando minhas costas.

- Não parecia sonhos..mas sim memórias.. não sei de onde eram ou como aconteceram, mas lá, eu havia matado alguém. - Falei, percebo a expressão de confusão e preocupação da guardiã.

- Não pense sobre, com certeza, deve ser um pesadelo. - Ela falou.

- Preciso descubrir quem são as pessoas por trás de meu assassinato, mas temo achar o que eu não quero. - Olhei fixamente nos olhos dela.

- Apenas tentem, se for seguro, vocês são dois em um, mas ainda sim, há apenas um corpo, apenas uma vida, então a usem com sabedoria. - Mally falou enquanto me olhava.

- Certo.., vou dormir mais um pouco - Falei com um sorriso, me virei de costas para elas e fechei os olhos para adormecer. Depois de um momento elas devem ter achado que eu dormi, então estava conversando.

"Ele teve pesadelos"

"Não são pesadelos, são as memórias do Pete, ele está se recuperando aos poucos, isso pode se tornar um problema."

"Devemos interferir?"

"Não, é a consciência humana, não podemos interferir, por mais que seja um espírito, ele ainda, não podemos interferir."

"Ele realmente mat.." Mally foi interrompida.

"Vamos embora, ele está melhor e irá ficar bem". Mally se retirou primeiro, soube disso pois a guardiã falou algo antes de sair.

"Eu sei que estava acordado, só quero pedir que não sejam impulsivos. Reflitam antes de agir". Ela se retirou depois de dizer aquilo. Me virei, encarando a porta, apenas suspirei fundo, antes de pegar no sono.

Não soube descrever como eu sentia com tais palavras, eu me perguntava: "Eu realmente matei alguém?" "Se sim, quem eu matei? Por que não consigo lembrar?" Aquilo mastigava a minha mente. Não iria pensar muito sobre, apenas queria ficar descansado, para depois ir procurar o culpado, a pessoa que tirou a minha chance de viver no meu próprio corpo.

Naquele dia mesmo, a companhia foi tocada, me levantei para atender, mas antes que abrisse a porta, alguém ligou, no momento em que atendi, senti o corpo se arrepiar, era o homem dos cabelos grisalhos.

"Pete, é você? Eu sei que está aí..eu sei que está se escondendo..e.."

- Pare de me ligar, ou chamarei a polícia, senhor. - Build falou por mim. - Sei muito bem quem está falando, se continuar, irei te denunciar por perseguição. - Um curto silêncio se fez presente na ligação.

Rapidamente me afastei da porta, ao perceber que alguém estava tentando abrir a maçaneta da porta. A pessoa digitava diversas senhas que davam como incorreto.

- Apenas saia da minha porta, eu juro que irei denunciá-lo. - Falei no telefone em tom baixo pelo medo.

"Porta..?" Meu corpo gelou de vez, ao perceber que quem estava tentando abrir a porta, não era aquele homem.

"Pete, liga para polícia! Precisamos nos defender!" Build estava apreensivo, como se já tivesse passado por tal coisa antes, tivemos azar de a senha dar como correta. Meus pés estavam pregados no chão, não era eu e sim Build, o medo dominou aquele corpo.

Assim que a porta foi aberta, pude visualizar a estrutura masculina, o homem usava roupas pretas e máscaras, ele se aproximou sorrateiramente, apenas me afastava, num impulso que dei para trás, encostei meu pulso na panela quente, me fazendo resmungar de dor, mas para meu azar, me distrai, dando chance para o homem me empurrar com tudo contra o balcão, eu bati a cabeça no armário de cima, me deixando atordoado. Apenas escutei ele falar algo.

"Peguei ele, chefe." - Antes de se aproximar totalmente, uma voz familiar se fez presente.

"Build!" Era Bible, porra, ele não deveria estar aqui. Enquanto eles lutavam, tentei me levantar para alcançar o celular e ligar para a polícia, mas eu estava fraco. Vi algo que não deveria, aliás, que Build não deveria, o acontecimento, fez Build se agitar totalmente dentro de mim.

BUILD POV

- Apenas..feche os olhos, tudo bem? - Bible estava de joelhos em minha frente, escorria sangue por seu rosto, seu estômago havia sido esfaqueado. Eu não conseguia reagir, sentia como se fosse desmoronar, eu me culpava.

- Por que você está aqui? Você não deveria estar aqui! Você, não deveria estar aqui! - Minha voz saiu alta, enquanto eu fungava por conta das lágrimas. Rapidamente o abracei. - Não durma..apenas.. - Eu apenas o escutei falar algo.

- Tudo bem..por tudo, sobre aquilo, você apenas confiou na pessoa errada - Sua voz era fraca. - Não se culpe, tudo bem se você não me amar mais, mas..quero que saiba..que eu te admiro muito.. - Ele me apertou nos braços com a força que ele teve, mas o aperto foi desfeito em questão de segundos, seu rosto estava em meu ombro.

- Bible? Por favor, não! Por favor..você tem que estar vivo - Eu chorava, com seu corpo já sem vida em meu braços. - Não pode acabar assim..

Senti braços fortes me afastando do Bible, resultando em eu me debater, me recusando a sair do lado dele.

- Levem ele.. - O homem com máscara falou.

- Não, por favor! Bible.. - Eu ainda chorava, enquanto via seu corpo sem vida no chão da minha casa. Senti uma picada em meu braço, me deixando dopado, sem conseguir proferir nem uma sílaba sequer.

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Obrigada por lerem até aqui, até o próximo capítulo 💓✨️

Devil in Disguise - PETE X BUILDOnde histórias criam vida. Descubra agora