10 / Parte II

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8 anos depois

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8 anos depois...

Uma vez, muitos anos atrás, depois que ela abriu as pernas para mim pela primeira vez, e eu senti a perfeição que era ter Grace perto de mim, eu disse que jamais deixaria-a em paz. Eu cumpri a porra dessa promessa a cada segundo da minha vida.

E ela sabia que eu continuava a observar, exatamente como eu fazia antes, quando a menina era apenas uma garotinha desesperada para ser amada por mim. Grace sabia que eu sempre estive por perto. Afinal, ela conseguiu.

Conseguiu o que quis, desde que tinha quinze anos. Conseguiu que eu me apaixonasse por cada centímetro da sua alma, e eu não me incomodaria de passar o resto da minha vida, atrás dela, apenas para ver um pouco de seu rosto.

Porque eu estava lá.

Eu estava lá, quando Grace estava indo à Igreja todos os domingos à tarde, pedindo a Deus para que ele livrasse daquele monte de maldições, do monstro do seu pai, e do demônio que a cercava -eu-.

Eu estava lá, quando ela chorou em um bar, com duas das suas amigas, quando um menino igualzinho a mim apareceu.

Eu estava lá, quando ela ficou noiva de um homem idiota, três anos depois de me ter.

Eu estava lá, quando ela traiu aquele idiota, com o mesmo cara do bar, que havia lhe dado uns amassos antes, e trocou telefone.

Eu estive lá todos os momentos que eu pude.

E acho que ela percebeu a minha presença na maioria deles, mas apenas preferiu ficar na sua, sem coragem de me encarar. Sem coragem e com medo do que seu peito iria sentir, ao perceber que ainda me queria, como eu queria a ela.

Poderia passar oito anos. Dezesseis. Trinta e dois ou um milênio inteiro, mas aquela porra de conexão que criamos seria sentida sempre.

Então, ela sabia, quando eu estava por perto. Sabia, mas não reagia.

Hoje, foi diferente. Grace veio até à mim, pela primeira vez em muitos anos, quando eu estava em um escritório, assinando os papéis, me deixando confuso, quanto àquilo.

Seus olhos me encararam e não tinha nada além de fúria. Suas mãos tremeram. Seu peito subiu e desceu, da mesma forma que acontecia antes, quando eu estava fodendo-a. Porque o ar do lugar tinha desaparecido.

Ela me pegou na porta, já saindo, e eu confesso que a admirei pela sua coragem.

Minha pequena. Meu amor.

Era um pouco medrosa, de vez em quando, mas um lapso surgia, quando eu a impulsionava. E amei fazer aquilo, dessa vez. Amei, mesmo que tivesse causado um rombo considerável na minha conta bancária.

Tudo para vê-la assim, tão cheia de vida, como nas noites em que estava agarrada em mim, quando estávamos na minha moto, ou nas vezes que deixei-a se divertir com meus amigos, e, principalmente, nos momentos na cama. Os lábios eram rosados e ela mordia a parte interna deles, devido à raiva. Eu amava conhecer todas as suas manias.

Eu amava ela.

—Qual é a PORRA do seu problema? -Grace grita, quase estourando os meus tímpanos, segundos depois de dar um tapa na pasta que eu segurava.

Os papéis das casas. Das minhas casas. Das casas onde construímos as mais lindas memórias da vida, e ela insistia em esquecê-las, o que era um tremendo absurdo.

Às vezes, eu quase odiava-a, também. Eu posso ter usado-a e ter magoado-a. Posso ter sido um lixo, um montão de vezes, e ter colocado o seu pai na cadeia, quando ela implorou de joelhos para que eu não o fizesse. Posso até ter pagado uns caras para espancá-lo, na cadeia. Ou ter matado o seu padrinho. Mas... eu não era o tipo de monstro que ignoraria as memórias que construímos.

Eu sorri, depois de pegar os papéis grampeados no ar.

—Você é o meu problema. -respondi, sabendo que ela já estava esperando uma coisa como aquelas, mas que se frustraria- O mais lindo de todos.

Grace deu um passo para trás, puxando o ar entre os dentes e, ah merda, eu não queria causar uma cena no meio da rua. Não tinha graça. Como eu poderia empurrá-la contra parede, em um espaço público?

—Sei que você sempre quis ser maldoso comigo. Mas, porra, isso é baixo, William. É muito baixo.

Estalei a língua.

—Você deveria estar me agradecendo.

Apesar de eu saber que o homem cometia um monte de crimes fiscais, eu e Zade não o denunciamos por nada daquilo. Foi a própria polícia que descobriu -de forma bem lenta, venhamos e convenhamos-. Não tenho nada a ver com as propriedades dela indo à leilão, apenas me aproveitei daquele fato, para tornar uma coisa nossa.

—Se não fosse por mim, qualquer um teria comparado aquilo. -declarei, sendo nada além de honesto- Agora, você ainda pode usufruir delas.

Grace fez uma expressão de quem não estava entendendo porra nenhuma e, meu Deus, eu conseguia sentir o seu cheiro entrando em minhas narinas. Enquanto seus lábios tremiam, eu quase conseguia sentir eles na minha boca, ou chupando o meu pau... Ah, Deus, eu estava com muita saudade dela.

Não importa quantas mulheres passem pela minha cama, eu, simplesmente, sei que nenhuma delas vai ser como aquela.

Ela me incendiava. Me tonteava. E era doloroso que ela não conseguisse ver sinceridade em nada do que eu fazia -nem mesmo nos presentes de aniversário que eu mandei, ao longo dos anos, ou nas rosas nos dias de São Valentino-, porque era tudo sincero. Nem mesmo que eu queria destruir tudo ao seu redor, eu mentia para Grace. Tudo foi real. A raiva, o medo, o desejo, a culpa... tudo.

E vê-la perto de mim, mesmo com aquele um milhão de barreiras entre nós, fazia com que eu enlouquecesse e lembrasse da cada maldito em segundo em que eu a tive para mim.

Deus, eu me arrependia tanto.

Não de ter colocado o pai dela na merda, claro, mas de não ter dado um jeito, para consertar as coisas. Eu não deveria ter perdido tantos momentos com ela.

—Oh. -ela fez uma expressão de deboche— Você foi romântico e comprou as casas para mim?

—Claro que não.

Grace franziu a testa.

—Eu comprei tudo para nós, Grace. -expliquei- Case comigo e serão suas, de novo.

Desejo Cruel (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora