Whatever I've done
I did it for love—Tame Impala
Dois anos antes...
Ela estava estranha.
Eu tinha passado o dia inteiro no treino, me preparando para a competição que poderia me dar um troféu e meio milhão de dólares, então, cheguei cansado em casa. Cheguei cansado, e passei direto pelo quarto da minha irmã, lhe dando apenas um aceno rápido.
Mas, quando ela não disse nada, eu me dei conta.
Maya tinha passado uma semana fora. Ela devia estar me recebendo com um dos seus gritos estridentes, que incomodavam qualquer pessoa em um raio de 10 quilômetros, e deveria estar pulando nos meus braços.
Então, apenas alguns segundos depois de eu terminar de vestir uma roupa limpa, eu me dei conta e fiz uma cara feia, ao espelho. Logo depois, refiz o meu caminho, parando na porta do seu quarto.
Eu acompanhei a apresentação dela, pela televisão. Foi lindo. Ela sempre fazia bonito, mas, ali, foi diferente de todo o resto... Maya devia estar feliz e orgulhosa, e não colocando a cabeça nos travesseiros, chorando a ponto de soluçar.
—Maya, o que aconteceu? -eu perguntei.
Às vezes, algum desperdício de oxigênio fazia comentários malvados sobre seus perfomances. Às vezes, acontecia de pessoas sempre maldosas nos camarins. Às vezes, alguém a perseguiu e a fez se sentir mal. Eu precisava saber o que era, para poder lhe dar suporte...
Mas ela ficou quieta, deixando as lágrimas tontearem-a. E, de repente, comecei a sentir uma dor interna de tornando fisiológica. Porra. A última vez que eu vi minha irmã chorar tanto, foi quando o nosso pai morreu e a sua mãe decidiu voltar a morar no México.
O que poderia ser tão ruim quanto isso?
—O que aconteceu? -repeti, passando as mãos pelas suas costas, com cautela.
Mas se eu estava sentindo mal estar antes, quando Maya levantou a cabeça, com o rosto completamente vermelho e inchando, e sacudiu-o, eu enlouqueci. Ela não queria me contar. Ela me contava tudo, mas não queria me falar sobre o que se tratava toda aquela choradeira.
Enlouqueci. Enlouqueci, sentindo o mundo se tornar vermelho, em sons, cores e cheiros. Todas as sensações do meu corpo passaram a vibrar em uma sincronia de pânico completo.
E fúria.
Alguém machucou minha irmã. As expressões de medo dela eram diferentes, de tudo o que eu já tinha visto...
—QUE MERDA ACONTECEU, MAYA? -gritei.
Ela deu um gritinho choroso, e eu me senti pior. Não posso gritar com minha irmã. Não posso falar assim com ela, mas... mas ela não me ajudava, porra! Não me ajudava a resolver qualquer que seja o problema...
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Desejo Cruel (+18)
Romance"Eu não me importaria de destruí-la. Não era exatamente o meu objetivo, mas, se isso magoasse-a e deixasse-a aos prantos, talvez, fosse ainda melhor." ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• Tropes: •Badboy •Stalk...