Quando uma criança nasce é considerada uma bênção e o dia se torna em festa pois uma nova vida foi gerada. Mas comigo não foi assim. primeiramente eu não fui esperada nem desejada por nenhum dos meus pais, minha mãe até que tentou achar alguma alegria e propósito ao me ter, sem sucesso. cresci em uma casa onde só viviam nos três, meu pai afastou minha mãe de toda a família dela e ele já não tinha ninguém. eu não sei oque minha mãe viu nele, mas sem escolha eu nasci nessa família. Não posso dizer que minha infância foi de todo ruim, ao menos tenho algumas boas lembranças. Como quando papai saiu para caçar por semanas e eu e minha mãe íamos na casa do lago e ali éramos só ela e eu, me sentia amada e querida, mas voltávamos para casa e tudo se tornava pesado. Eu via quando ele chegava com cheiro de outra mulher, eu via quando eles brigavam e eu via quando ele a agredia. Me escondia embaixo da cama em dias assim, o que era quase sempre. Minha mãe ameaçava ir embora e ele ameaçava que ela nunca mais me veria, então ela sempre desistia. Mas um dia que pensei que ela voltaria, nunca mais a vi.
Com 12 anos eu já fazia tudo em casa, limpava, fazia comida, estudava e quando ele chegava nervoso eu dava sua cerveja e corria para meu quarto como se fosse meu refúgio. Conforme fui crescendo ele foi me achando parecida com minha mãe e de alguma forma ele achava q se descontasse em mim sentiria. Mero engano porque quem sentia era eu, quase não ia à escola por causa dos hematomas, mas ainda me esforcei para que um dia saísse dali.
E eu saí. Com 18 anos eu fui para o mais longe possível para nunca voltar ao inferno, mal sabia eu que quando se nasce para sofrer não importa para onde você corra você sofrerá.
Me achando finalmente livre conheci Bruno, quem me fez sentir a melhor pessoa do mundo só para depois me afundar mais ainda no meu desespero. Estive em um relacionamento abusivo por dois até perceber que estava me afundando como minha mãe, sem que eu realmente visse o que estava acontecendo. Talvez tenha acontecido o mesmo com ela. Então eu consegui me libertar mais uma vez, só que não sai sem consequências. ele me deixou endividada e com feridas apertadas que não sei se algum dia conseguiria cicatrizar.
Eu sigo minha vida como se tudo isso não tivesse acontecido, eu tento de todas as formas não pensar sobre isso e tenho conseguido ao menos fingir q estou bem, apesar de que nunca mais conseguirei confiar em mais ninguém, nem mesmo amizades eu consigo fazer.
Mas eu sei que no fim da vida será apenas eu.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Aulas de amor
KurzgeschichtenNatasha se vê mais uma vez perdida e ferrada na vida ate conhecer Marcus, seu professor particular. o amor pode estar onde menos se espera.