04 - me odeie.

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rasteje dentro deste corpo
encontre-me onde estou mais arruinado
me ame lá.

























GAROTAS se amam como animais, é um sentimento feroz e quase inconsciente. Ninguém as ensinavam que elas precisavam esconder seus sentimentos, que precisavam esconder as lágrimas para parecerem mais fortes. Desde que se conheceram foram vulneráveis entre si, elas se amavam com unhas e dentes.

E o sangue nas mãos trêmulas e roupas brancas de Ellie eram a prova do quão tudo aquilo era feroz.

Ela mal conseguia andar, apenas desceu do dirigível e encostou-se na primeira parede que achara, sabia que suas pernas não aguentariam seu peso por muito tempo. Não se importou em passar a mão no rosto angustiada, o manchando com o sangue de sua melhor amiga, ela ainda podia sentir suas mãos dentro de sua ferida enquanto pedia para qualquer ser celestial a salvar.

Contudo, o ser celestial parecia ter virado as costas para aquele povo há muito tempo.

Ellie abraçou suas pernas com força, sentindo o gosto amargo queimar seu esôfago e sua garganta, sentindo aquela angústia se fundir com seu ser, fazendo ela reviver tudo com muita clareza. Ela odiava ser assim, odiava não conseguir colocar nada para fora, odiava sentir toda aquela dor a sufocar, recusando-se a sair. A criança que chorava baixinho na cama para não chamar a atenção de Levi nunca realmente a deixou.

A morena apoiou a cabeça em seus braços, fechando os olhos por um tempo, tentando concentrar-se em qualquer outra coisa.

Um toque preocupado em seus cabelos a assustou, os olhos doeram com a claridade enquanto ela tentava enxergar o dono daquele toque, sabia quem era. Ela o olhou completamente quebrada, os olhos sem vida do capitão pareceram ainda mais tristes vendo sua soldada daquela forma: com os cabelos castanhos, rosto e uniforme completamente manchados pelo sangue de Sasha. Os lábios avermelhados tremiam, parecendo querer murmurar algo para ele, o mais velho suspirou fundo percorrendo as mãos pelos fios grossos e longos até chegar em seu rosto manchado, Levi limpou com as próprias mãos as manchas da bochecha direita e do queixo de Eleonor.

O moreno pegou o braço dela com cuidado, e o colocou sobre seu ombro, ajudando ela a se levantar e a conduzindo para dentro de uma das barracas que a expedição tinha instalado.










Eleonor não comia uma refeição inteira faziam três dias, Jean e Connie revezavam-se em trazer as refeições da jovem, conversavam um pouco e sempre dormiam juntos. Capitão Levi aparecia todas as noites em seu quarto para checar sua temperatura, levava também um bule de chá-preto que a fazia dormir quase que tranquilamente, mas acordava a noite com a sensação de que sonhou com algo muito ruim, mas nunca conseguia lembrar-se de nada.

Nessa noite não havia sido diferente, acordou com o rosto completamente suado e sentindo o ar faltar em seus pulmões, sentou-se no duro colchão perturbada, logo observando com um sorrisinho mínimo Connie dormindo de boca aberta e os roncos altos de Jean. Sua garganta estava mais ressecada do que nunca, devido à sensação de umidade seca da ilha que só aumentou com o verão. Por isso, decidiu finalmente caminhar pelo quartel. Levantou com cuidado da cama, sentindo seu corpo absurdamente dolorido, passou com cuidado pelos dois amigos, dando um beijinho em cada um antes de abrir a porta pesada e finalmente sair.

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