06 - mãos que sangram.

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você com seus punhos fechados,
dentes trêmulos e mãos sangrentas.
eu sei: você não queria ser cruel.
isso não significa que você foi gentil.

























Achamos que sempre teremos mais tempo.

Até que o tempo acaba.

Eleonor esfregou as mãos, a esquerda estava completamente enfaixada, enquanto apenas os dedos da direta estavam com curativos. Suas mãos doíam tanto, mas a sensação do sangue de sua melhor amiga ainda estava lá, conseguia sentir o cheiro e a viscosidade, se fechasse os olhos o ouvia pingando.

Nos últimos dias havia tentando se livrar disso, lavava as mãos por horas, já havia tentando de tudo: sabão, álcool, desinfetante. As unhas foram sua última tentativa desesperada, tão desesperada que conseguiu machucar a si mesma, e por algum tempo ver o seu sangue no lugar do de Sasha foi estranhamente reconfortante, a fez lembrar de que estava viva.

Sentou-se na grama amarelada, observando inexpressiva o túmulo a sua frente, com as iniciais S.B cravadas na pedra. Haviam dois buquês, um completamente seco e morto e outro com flores brancas cheias de vida, provavelmente colocadas naquele mesmo dia.

— Oi.

Os olhos escuros arregalaram-se com o susto, imediatamente virando o pescoço procurando o dono daquela voz.

Um homem loiro vestido de roupas sociais estava ali parado, com outro buquê de flores brancas, diferente de Eleonor, o luto era evidente e escancarado em seu rosto.

— Odeio quando as pessoas fazem isso — ela disse suspirando, colocando as mãos machucadas no sobretudo preto e voltando a encarar a sepultura.

— Isso o que?

— Mostrarem que se importam e amam apenas depois, quando não significa mais nada. — ela fungou, sentindo o ardor nas feridas devido ao suor.

Nicolo colocou as novas flores no lugar das mortas, logo sentando-se na grama, mantendo distância da Torrance.

Um silêncio desconfortável, ele a olhou, observando o nariz vermelho, as olheiras arroxeadas e as ataduras de sua mão avermelhadas pelo sangue, contudo, continuava linda, com seus longos cabelos escuros presos em uma trança grossa e traços delicados, que eram difíceis de serem notados diariamente, a delicadeza de seu rosto era quase sempre tomada por um rancor feio e agressivo.

— Você deveria ter feito isso enquanto ela ainda estava aqui.

— Ela ainda está aqui, Torrance. — ele disse simples, não se importando com o tom grosseiro da mulher. — Ela sempre vai está aqui para mim.

— Boa sorte, então. — ela suspirou, observando agora que sua mão começara a sangrar novamente.— Eu prefiro morrer do que ser assombrada por mais um fantasma, ainda mais o da minha melhor amiga.

— Minha mãe gostava de rosas brancas, dizia que trazia paz aos mortos, então ela sempre as colocava no túmulo de meu pai.

Silêncio.

— Sua família ainda está viva?— ele perguntou, congelando ao observar os olhos da jovem nos seus, sabendo que dificilmente Ellie olhava estranhos nos olhos.

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⏰ Última atualização: Feb 14 ⏰

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