05 - xícaras.

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"sobre o que é o seu livro, mamãe?
é uma história sobre fantasmas.
é assustadora?
não, mas é um pouco triste.
por que? porque os fantasmas estão mortos.
não, eles não estão mortos."




























UM FANTASMA pode ser diversas coisas. Uma memória, um sonho, um segredo. Luto, raiva, culpa. Mas, na experiência dela, fantasmas eram apenas coisas que ela queria ver, seus fantasmas eram desejos.

A jovem girava partes de seu fantasma nas mãos, mas não olhava, não aguentaria olhar para pedaços deles. Sentia um aperto em suas costelas, como se alguém tivesse dado um soco muito forte nelas, tão forte que não conseguia sentir a dor, tão forte que mal conseguia respirar sem sentir seus olhos marejarem.

Às vezes um fantasma era um fantasma, mas em outras vezes um fantasma é a ausência proeminente de outro fantasma.

Ela olhou para a noite estrelada através da janela;

Ele a amou nesse mesmo céu, o céu continuava o mesmo, ela continuava a mesma, ela ainda sentia o mesmo. Por que ele não?

Quando criança costumava entrar escondida na biblioteca e ler livros onde grandes poetas diziam que o amor era macio e doce. Mas não, não era, o amor era amargo e brutal, o amor tem dentes, ele morde, e as feridas nunca saram.












2 anos atrás.

O progresso sempre parecia unir a tropa, era impossível caminhar pelos corredores do quartel sem notar um soldado sorrindo para o vento. Todo mundo estava de bom humor, era inevitável não sentir-se assim. Afinal, a ferrovia e o porto já estavam praticamente prontos, o acordo foi um triunfo.

Eleonor acordou de mau humor, sequer sorria para qualquer alma que passasse por ela. O seu trio de amigos passou praticamente o dia inteiro evitando piorar seu humor, ou seja, Connie e Jean ficaram calados quase o tempo inteiro. Sasha nem precisou perguntar o motivo, conhecia a amiga o suficiente para saber o que estava a incomodando, e tudo ficou ainda mais claro quando não viu Eren no almoço ou no jantar.

Os olhos castanhos escuros observaram com cautela Armin e Mikasa enquanto ela caminhava pelo refeitório com desconforto devido à bolsa pesada que carregava em seus ombros, queria muito perguntar se eles sabiam de algo, queria muito entender se ela era a única idiota que não conseguia entender o que estava acontecendo, mas não podia, aqueles eram os amigos dele, a família dele, não dela.

Então, ela apenas continuou o seu caminho, andando até a mesa próxima à porta de saída do refeitório, encontrando o seu trio discutindo um assunto muito importante: quem lavaria os pratos. Pela primeira vez no dia ela soltou um sorrisinho ao ouvir Jean e Sasha concordando que era a vez do careca, e deu um beijinho no topo da cabeça de Sasha como despedida.

— Você já vai? — ela perguntou curiosa. Ellie não deixou de perceber que havia uma certa preocupação em seus olhos.

— Vou sim, o capitão me liberou mais cedo. — ela disse simples, dando a volta na mesa até Jean e Connie, passando os braços por cima de seus ombros e os abraçando.

— Vai sozinha? — Jean perguntou também preocupado, mas curioso.

— Eu moro praticamente na frente do quartel, cavalo. — respondeu, tentando não demonstrar o seu desconforto com a pergunta. — Não são nem 5 minutos de caminhada, vou ficar bem.

OCEAN,eren jaeger. | REESCRITA!Onde histórias criam vida. Descubra agora