CAPÍTULO 7: UMA DICA.

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O dia amanhece acinzentado parecendo que ia chover a qualquer momento, mas isso era apenas uma impressão. V estava apagado no quarto de hóspedes e não pretendia acordar tão cedo. Donna passou a noite em claro pensando na decisão que tomou sobre seu relacionamento com Lilith, e se ela deveria terminar com a garota ou não. Angie tentou convencê-la de não cometer tal ato sem entender o motivo da garota estar passando mais tempo com as Dimitrescu do que na própria mansão, mas isso não resolveu nada e desistindo de tentar ajudar, Angie foi dormir e não pretendia tocar mais no assunto.

Donna não queria acreditar que poderia haver uma possibilidade da garota reatar seu relacionamento com sua sobrinha; a dollmaker não saberia lidar com isso, pois, ela havia se apegado em Lilith quando cuidou dela nos primeiros dias após a pobre garota ser abandonada pelo seu amigo perto da sua residência, e depois, quando passou a conviver com ela após a luta que aconteceu no castelo. Donna não queria ser abandonada pela pessoa que ela amava. Talvez se a atitude da própria Beneviento fosse diferente, a sua namorada não teria saído pela porta com os olhos repletos de dor e lágrimas. Talvez se Donna fosse falar com Lilith e pedisse desculpas pela forma que ela agiu, a garota a desculparia e tudo estaria resolvido entre elas.

— É isso que vou fazer. Pedirei desculpas a Lilith pela forma que agi. — Donna murmura baixo e levanta da cama.

Enquanto isso na casa da árvore...


Eu levanto do chão e vejo Shadow olhando pela janela, o horizonte da floresta. Achei até engraçado a cena, porque não havia nada para ver a não ser as árvores e a neblina. Eu resolvo sair e me aproximo da porta da casa na árvore, tentando não fazer barulho e sair sem ele perceber.

— Aonde está indo Lilith? — Shadow pergunta.

Aquela voz arrepia até a minha alma, mas, ao mesmo tempo, me deixa completamente surpresa.

— Desde quando você fala? — olho para o puma.

— Eu não sou de conversar… — ele diz e se aproxima de mim. — Mas enfim, você já parou de choramingar?

— Er... — eu ia perguntar sobre o que ele estava falando, mas o puma me interrompe.

— Espero que sim. Agora acho que é melhor você voltar para a mansão e conversar com Donna.

— Você parece que não entendeu o que acontece entre mim e ela! — eu digo. — Ela está muito diferente comigo e briga comigo sempre que quero sair ou fazer algo sem ela.

— Seja o que for que está acontecendo é melhor vocês se acertarem. Venha, vamos voltar.

— Vai na frente… ficarei aqui mais um pouco. Ao anoitecer eu volto, prometo. — garanto.

Shadow se aproxima e diz:

— Se você não voltar até o anoitecer, eu volto para te buscar e você sabe que posso te encontrar.

Aquilo me deixa desconfortável. Parece que agora tenho uma babá. Shadown desce da casa da árvore e desaparece em meio as árvores. Eu fico olhando alguns minutos para as árvores em silêncio. Eu até penso em voltar para a mansão, entretanto, eu planejo ir em fazer uma visitinha a Heisenberg.

Pego a minha jaqueta e desço da árvore. Eu olho pro céu, na intenção de me certificar que não iria chover, e começo a caminhar em direção à saída do território Beneviento. Eu caminho por alguns minutos em direção à fábrica sem saber direito para onde ficava. Quando eu avisto a fábrica, percebo um grupo de monstros ao redor. No entanto, conforme eu me aproximo, percebo que eles são um grupo de lacaios. Ao me aproximar mais e me esconder nos arbustos, percebo com clareza que eles não são só lacaios, mas lacaios com partes mecânicas patrulhando.

— Bem, acho que eu realmente preciso me distrair um pouco.

Avanço em alta velocidade contra um deles, arrancando seu braço e o atinjo com o mesmo. Outro lacaio se aproxima tentando me atingir, mas eu arranco seu coração. De repente, sou atingida nas costas por dois deles, mas, como esperado, eu não sinto nada, além de cócegas. Eu salto no ar arrancando as cabeças deles sem passar trabalho, porém, algo inesperado acontece. Eu ouço palmas vindo de algum lugar e paro imediatamente e olho em direção do barulho mas não vejo ninguém.

— Magnifico! Eu estava esperando por você, Lilith.

Uma voz misteriosa surge de algum lugar e os lacaios param de atacar, apesar de já estar bem obvio quem era. Eu reconhecia o cheiro de homem misturado com cigarro, isso me deixa um pouco enjoada e minha outra personalidade toma conta de mim, mas não por completo.

— Você pode me ver e me ouvir Heisenberg?. — eu pergunto.

— É claro, minha cara. Por favor, siga meus queridos lacaios, eles vão te guiar para minha preciosa fábrica.

Sem pensar duas vezes, eu acompanho os lacaios por uma trilha longa até onde Heisenberg está. Eu fico me perguntando o que ele queria comigo e o porquê eu queria tanto encontrá-lo. Certas coisas pra mim não fazem sentido.

Os portões se abrem e sou direcionada ao escritório de Heisenberg. Quando eu entro, encontro uma parede com o mapa de toda vila, com fotos de todos que vivem nela. Isso até pareceu estranho, já que Heisenberg não sai de sua fábrica com tanta frequência para saber quem estava lá há poucas semanas. Eu fico observando atentamente o mapa até que encontro uma foto minha, em um lugar parecido com um laboratório.

— Isso parece no dia em que cheguei aqui, mais por que a Donna está no fundo dessa foto, com um tipo de diário ou livro em sua mão? — eu pergunto a mim mesma.

Com cuidado, eu giro a foto e percebo algo escrito nela. Eu fecho um pouco os olhos pra tentar ver melhor e decifro uma pequena anotação:

Projeto 20.21: Reviver.

— Como assim "reviver"? O que é isso?  — eu fico surpresa com a conclusão, mas ainda me sinto confusa.

Por que Donna está na foto? Por que ela está com esse diário e o que tem escrito nele? QUE IDIOTICE É ESSA?!

Eu estou tão concentrada na foto que não percebo a presença de alguém atrás de mim. Eu fico olhando pra foto, confusa e sussurro:

— Não pode ser...

— A verdade dói né? — Heisenberg diz, atrás de mim.

Eu me viro assustada pra ele. Eu fico olhando pra ele por alguns minutos, sentindo um pouco de medo do que ele poderia fazer comigo, mas a minha curiosidade fala mais alto e eu mantenho a calma e pergunto:

— O que é isso? Pode me explicar?

— Vejo que você tem perguntas… — ele sorri e acrescenta: — mas, primeiramente, seja bem-vinda.

Eu faço uma careta quando ele faz uma pequena reverência pra mim.

— Obrigada. Agora, me diz o que é isso? — eu pergunto, impaciente.

— É Lilith, querem te tapear. Como você acha que sobreviveu naquele acidente? — Heisenberg responde. Eu fico olhando pra ele enquanto ele se aproxima do mural e eu me afasto um pouco.

— Do que você está falando, Heisenberg? — eu pergunto com a voz trêmula.

— Isso não passa de uma prova para saber se você é forte para ser oficialmente parte da família da Miranda ou não!

Eu sinto meu sangue ferver de raiva e rosno em resposta:

— Eu não quero fazer parte da Família da Miranda!

— Eu também não queria e olha só. Você acha que a Donna é apaixonada por você? Você não passou de uma cobaia, um pedaço de mofo para ela e a Grande Mãe.

— Eu não acredito em você! — eu digo, cheia de raiva e saio de perto dele, me aproximando da porta.

— Se você não acredita, então procure pelo porão da casa da Donna que está escondido na biblioteca — Heisenberg diz, sorrindo diabolicamente.

Eu corro pra fora da fábrica e entro na floresta. As palavras do Heisenberg ecoam na minha cabeça. Quando eu entro na mansão, vejo algumas bonecas me olhando na entrada. Eu sabia que era a Donna, mas não demonstro nenhum sinal de susto e subo pro meu quarto. Minha mente não ia me deixar dormir naquela noite. Eu também não desci pro jantar e dormir até tarde.

DIMITRESCU FAMILY: ENTRE O BEM E O MAL (SEANSON 2) Onde histórias criam vida. Descubra agora