Capítulo 3

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ALAN PARKER

Um toque pode ser muito mais do que só um toque. Não precisa ser necessariamente um toque físico,um abraço,um aperto de mãos ou qualquer outra ação que envolva ter que colocar as mãos em uma pessoa. E Morgana conseguiu me tocar das duas formas. Suas palavras conseguiram me tocar do mesmo jeito que suas mãos delicadas tocaram o meu rosto. Naquele momento eu não conseguia prestar  atenção no mar,nas pessoas quase não vistas pela distância ou no barulho alto que elas faziam. Mantia minha atenção fixa na garota que tinha tocado minha alma. Nos olhos que me causavam uma sensação estranhamente boa na barriga,nas duas mãos delicadas ainda firmes em meu rosto que eu torcia para nunca mais saírem do lugar.

—Vamos continuar nos encarando desse jeito dramático e inspirador para filmes de romance clichê onde a mocinha e o mocinho com um passado conturbado se apaixonam,até quando?—quebra o silêncio mudando seu olhar profundo que me causava arrepios,para um olhar divertido que me fez sorrir. 

Morgana parecia tornar tudo mais fácil quando o assunto era quebrar o clima. Seria impossível não encerrar essa conversa com um clima estranho e pesado por termos deixado escapar pensamentos pessoais,mas não houve clima estranho,era tudo tão leve quanto a brisa do mar em nossa frente. Tudo parecia calmo,Morgana não me parecia mais uma garota interessante que tinha conhecido na biblioteca,não me parecia mais a garota que eu tentava tirar dos meus pensamentos para não ferir os possíveis sentimentos do meu melhor amigo. Morgana me parecia ser somente a garota dos "olhos de chocolate" que me hipnotizaram.

—Depende,já se apaixonou pelo mocinho com o passado conturbado?—brinco imitando seu sorriso divertido. Uma tentativa falha. Mesmo fazendo o maior esforço possível,ninguém poderia sorrir tão lindamente como ela.

Esperei que retribuisse meu sorriso ou que continuasse com suas piadinhas criativas. No final não foi nenhuma das duas coisas. Antes de qualquer resposta sua,o som de garrafas sendo atiradas no chão e de gritos escandalosos fez com que nossa paz e nosso conforto acabasse em questão de segundos.

—ESCUTA AQUI SEU DROGADINHO DE MERDA!—escuto oque com toda certeza todos naquela praia escutaram. Cooper brigava aos gritos com algum garoto,que pela distância,eu não reconhecia.

Ele segurava o garoto pela blusa. Sua expressão não era nada amigável,parecia que a qualquer momento poderia desfigurar o rosto do garoto com socos. Cooper era conhecido pelo estrago que seus punhos poderiam fazer.

—Sério que esses babaquinhas não podem ficar meia-hora sem arranjar uma briga?—Fala indignada,e infelizmente,retirando suas mãos delicadas de minha face.—parece que não conseguem ter uma conversa civilizada ou agir como adultos.

Morgana usava indignação em sua fala. Entendia muito bem seu ponto de vista,mas os caras da Stanford nunca deixariam de ser babacas agressivos  viciados em nicotina. A maioria deles não merecia a vaga naquela faculdade. Entravam com o sobrenome que herdavam de seus papais. Kai e eu lutamos para conseguir essa bolsa,e sem dúvida alguma,Kai assim como eu dava muito valor a nossa conquista. Mesmo matando as aulas de embriologia sempre que possível para ver os mesmos livros de sempre na biblioteca.

—Dói pensar no quanto eu lutei para conseguir essa bolsa—ela tira sua atenção dos dois garotos brigando para manter seus olhos fixos no mar—enquanto pessoas como eu lutam para conseguir isso,esses babaquinhas só precisam estalar os dedos.

—Eu não me sinto bem as vezes,lutei para conseguir minha vaga assim como você,mas não queria isso—admito surpreso com minha própria confissão,não deveria me abrir tão facilmente com uma garota que mal conheço,mas Morgana era diferente.

Então por que continua aqui?lutou tanto por isso pelo dinheiro que a carreira poderia te proporcionar ou para deixar o papai e a mamãe orgulhosos?—brinca curiosa ainda mantendo sua atenção no mar.

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