TICKETS BETWEEN BOOKS

Capítulo 11

MORGANA GARCÍA

Quatros horas,quatro horas andando em círculos pelo shopping. Lexi não achando o suficiente me obrigar a avaliar todos os vestidos de todas as lojas,me obrigou também a experimentar todos os vestidos de todas as lojas.

—Hm,esse vermelho,não sei—fala assim que saio do provador tirando sua atenção de uma revista de moda qualquer.

—Eu sei,ficou horrível.—não espero mais respostas e volto para o provador pela vigésima vez no dia.

Nunca fui uma pessoa muito vaidosa,mas gostava de me arrumar uma vez ou outra. Gosto de vestidos,gosto de me sentir uma princesa vestindo um,mas não tenho dúvidas que Lexi pretende que eu pareça tudo,menos uma princesa.

—Eu gostei desse,é bonito não acha?—saio do provador agora com um sorriso no rosto admirando o vestido.

Era um vestido simples de Cetim,na cor verde oliva,lembrava até mesmo uma camisola pelo tecido finíssimo. Era confortável mesmo sendo extremamente curto e com um decote considerável no busto.

—Se eu acho?—fala levantando de uma vez largando a revista—você tá maravilhosa,Morg.

Me olha de cima a baixo admirando cada detalhe do vestido.

—Vira que eu quero ver as costas dessa belezinha—me guia até o enorme espelho do provador—as costas são nuas que bom,pode parecer bobagem minha,mas na minha opinião isso o torna muito mais confortável.

Fala ainda admirando o vestido no meu corpo.

—Bom,de toda forma,eu adorei—concordo fazendo a mesma me apertar em um abraço de lado.

—Viu,você tem que me ouvir mais e começar a fazer compras comigo—deixa um beijo molhado na minha bochecha e sai do provador levando os outros vestidos.

—Só se eu quiser acabar com o pouco dinheiro que eu ganho.

{...}

—E antes que eu me esqueça,pode deixar que eu faço sua maquiagem—fala com a boca cheia de sorvete.

Depois de mais uma hora e meia dentro daquela loja,conseguimos encontrar um vestido que agradasse Lexi,e como uma boa amiga que sou. Convidei a mesma para tomar um sorvete,na verdade,ela me obrigou a pagar assim que passamos em frente á sorveteria.

—Pode fazer o que quiser contanto que não me deixe parecendo uma palhaça—

Ainda não sei como aceitei ir nessa festa,quando estávamos no provador da loja recebi uma mensagem nada gentil da minha chefe "Se ainda pretende ter um emprego é melhor aparecer amanhã senhorita García,temos muito o que conversar,espero você às nove". Bom,não esperava menos. Carla estava longe de ser a melhor chefe do mundo,mas nenhum chefe ficaria feliz com seu funcionário faltando quase uma semana inteira sem ao menos avisar.

—No que você tanto pensa?—pergunta limpando seu rosto coberto de chocolate.

—Nada demais,mas talvez eu fique desempregada amanhã—falo fingindo uma felicidade que nunca seria real neste momento.

—E?se eu fosse você ficaria feliz,perdi as contas de quantas vezes você voltava fedendo a cachorro molhado e reclamando de dor nas costas—

—Eu sei tá?mas eu preciso voltar não sei quantas vezes fedendo a cachorro molhado e reclamando de dor nas costas. Ainda preciso comprar alguns remédios que minha vó precisa,o asilo não se responsabiliza por todos eles,ainda mais custando o preço que eles custam.—

Quando arranjei esse emprego meses atrás,pensei que seria temporário,queria com isso somente saciar a minha vontade de ter meus próprios livros. Alugar na biblioteca da universidade era legal e de graça,mas poder tê-los só para mim,era muito mais agradável. Mas depois de um tempo tive que separar minha prioridade do meu desejo de consumo,gastei todo meu último salário em um Box,mas o próximo será gastado somente em remédios que vovó precisa.