Capítulo 9

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ALAN PARKER

12 anos atrás

—Alan Parker,desça logo para tomar café—Mamãe gritava na cozinha fazendo com que eu me apresse.

Era uma segunda-feira qualquer,meu primeiro dia de aula em uma escola nova. O nervosismo me dominava naquela manhã mas ao mesmo tempo a felicidade também. Mil possibilidades passavam na minha cabeça,novos amigos,novos professores e novas memórias. No começo fiquei triste por ter que me despedir da minha antiga escola e dos meus amigos,mas era como Mamãe sempre dizia. "O novo sempre é melhor."

Nunca soube o porquê dessa mudança repentina,perguntei diversas vezes mas quando papai me colocou de castigo me chamando de imprudente,desisti de perguntar.

—Já estou pronto,Mamãe—desço às escadas correndo quase tropeçando e indo de cara com o chão.

—Alan,já li disse que não deve descer as escadas correndo—me repreendi servindo uma porção de ovos em um dos pratos que estavam na mesa.

—Desculpa,não queria me atrasar—falo com a boca cheia de torrada com geleia.

—Eu percebi,mas se o mocinho tivesse um pouco mais de responsabilidade,não teria se atrasado—coloca as panelas sujas na pia e serve uma quantidade mínima de café em sua xícara de vidro—sei muito bem que o senhor ficou horas jogando naquele video game.

—Não pode me culpar,mamãe,eu fiquei preso na fase cinco—falo com uma certa indignação e com a boca ainda cheia de pão—seria impossível dormir tranquilamente sabendo que meus amigos já estão na fase nove,e eu continuo na merda da fase cinco!

Falo me arrependendo logo em seguida. Mamãe cuspiu todo o café quente que tomava em choque com minhas palavras.

—Alan Parker Ross!que boca suja é essa?—limpa sua boca com o guardanapo que estava na mesa.

—Desculpe—falo tomando um gole de achocolatado. Não era o maior fã de café,e mesmo se fosse,mamãe não gostava que eu ingerisse muita cafeína.

—Seu pai vai te levar hoje,ele precisa chegar mais cedo no trabalho por conta de uma reunião com alguns investidores.

Pronto,aquilo foi o suficiente para fazer com que toda minha animação sumisse.

—Por que a senhora não pode me levar?é o meu primeiro dia de aula,mamãe—digo choramingando—você sempre costuma me levar,vai me dar azar se você não for.

Era tudo uma grande mentira. Não me importava e nem acreditava nesse lance de "azar",mas não tinha dúvidas que aquela simples carona poderia ser o suficiente para acabar com o meu dia.

—Meu amor—entrelaça nossas mãos por cima da mesa—não se preocupe com isso,seu dia vai ser o melhor. Aposto que vai fazer diversos amiguinhos e que vai voltar cheio de novidades.

Não seria.

Antes que eu discordasse escuto passos descendo as escadas. Papai usava seu terno preto de sempre,tinha seu semblante sério e um óculos redondo no rosto. Seu cabelo nunca estava bagunçado,hoje não era diferente,ele tinha lotado de gel como sempre. Seu cheiro era igual a todos os outros velhos para mim,mesmo ele não sendo tão velho. Seu cheiro me lembrava naftalina.

—Bom dia—sua voz séria me dava calafrios.

—Bom dia—mamãe disse com um sorriso no rosto. Seus olhos brilhavam cada vez mais quando o olhava. Às vezes isso costumava me dar raiva,mamãe o amava tanto que acabava ficando cega para não ver seus defeitos—Quer que eu prepare algumas panquecas?sei que não costuma comer em dias importantes como esse por conta do nervosismo mas...

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