Capitulo 8

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MORGANA GARCÍA

Passaram duas semanas,três,cinco?perdi às contas com o tempo. Mas esse era o tempo que havia passado deis do sumiço de Alan. Bom,não só o sumiço de Alan,Kai teria sumido também depois do ocorrido na loja de discos. O que foi surpreendente para mim,mesmo depois do constrangimento que passamos com Sra.Adeline que insistia que seríamos um casal,não houve um clima estranho no caminho de volta. Conversamos,rimos,normalmente. Pelo menos era o que eu achava. Na terça-feira eu não o vi pela universidade,procurei discretamente em todos os cantos e não o achei.

Pensei que poderia estar constrangido mesmo que não mostrasse isso no dia anterior. Pensei que poderia ter piorado ao notar que aquele quarto poderia ficar vazio e solitário sem seu colega de quarto. Mas tive que ficar somente com minhas duvidas,fazia semanas que não via nem sua sombra.

Kai poderia tentar ser misterioso,mas não era,nem tentando. Quando queria omitir qualquer coisa,acabava abrindo a boca e colocando tudo para fora. Eu gostava disso nele. Ele gostava de falar e gostava de ter alguém para ouvi-lo. Era como devíamos ser,abertos,confiantes e sem medo de mostrar que temos sentimentos e pensamentos. Gostaria de ser como ele,minha bipolaridade não ajudava muito com meus sentimentos,sempre que achava que algo era certo. Cinco minutos depois não era mais.

Hoje poderia ser só mais um sábado qualquer,mas não era. Hoje iria passar o dia inteiro com minha querida vovó Amy. Quando recebi uma ligação do asilo me comunicando sobre sua tarde de chá não poderia estar mais animada,eles faziam esse "evento" todo mês. Os idosos poderiam chamar seus parentes para uma tarde do chá,sempre tem música clássica,biscoitos amanteigados e diversas famílias fingindo se importar com seus parentes.

Posso ser vista como insensível dizendo isso,mas era a verdade. A única que vinha com frequência para visitas naquele asilo era eu. Fiz laços com diversos idosos por conta disso também,eles eram solitários de todo jeito. Mesmo tendo um ao outro era difícil ver como sua própria família não faria questão nem de fazer uma simples visita.

—Vai sair com seu namoradinho?—pergunta Lexi saindo do banheiro enrolada com uma toalha em volta do corpo e com seus cabelos úmidos.

—Vou visitar minha vó,Lexi—termino de vestir minha camisa social branca de botões.

Ela continuava insistindo que Alan era meu namorado-mal sabia ela que meu possível namorado estava sumido a quase um mês-era irritante mas com o tempo eu não ligava mais.

—Desse jeito?parece até mesmo uma enfermeira daquele lugar—Fala olhando para minha calça jeans preta e minha blusa social branca.

—Obrigada.—digo irônica pegando uma escova em cima da cômoda,meu cabelo estava todo embaraçado por ter sido recém lavado.

Passei uma pequena quantidade de creme no cabelo e agilizei para finalizar logo aquilo tudo,queria chegar o quanto antes. Quando estava pronta por completo,maquiada,vestida,calçada e perfumada. Tratei de rapidamente chamar um taxi,poderia muito bem pegar um ônibus. Mas o tempo que o ônibus levaria para chegar no ponto,eu já teria sido no mínimo assaltada e morta. Então optei pelo táxi.

Me despedi brevemente de Lexi que estava concentrada em fazer suas unhas e sai do dormitório rapidamente.

—Boa tarde.—comprimento o senhor de meia idade que dirigia o taxi.

—Boa tarde,asilo Good Memories?—reforça o endereço que coloquei no aplicativo.

—Sim.—ele liga o carro e segue o caminho pelo GPS.

Pego meu celular no bolso da calça e checo minhas redes sociais. Não costumava usar muito,não postava muitas fotos e nem seguia muita gente-a maioria eram famosos-mas quando o tédio me dominava era um ótimo passatempo.

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