O Alfa

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O dia da seleção batia a porta, enquanto a ansiedade corroía o pobre Ômega nervoso e trêmulo.
Não queria ter que se arrumar tanto em um momento como este, mas eram as regras, essas eram as normas.
Era seu papel como Ômega, seu dever era se arrumar e ser um ótimo parceiro, então deveria cumprir as regras como o solicitado.

A blusa branca de seda com botões, parecia transparente em sua pele preocupantemente pálida, a calça também no mesmo tecido da blusa, servia para mostrar com detalhes suas curvas graças a finura do tecido, seus pés descalças no chão frio do salão simples, em seu pescoço, havia uma fita da mesma cor da roupa.
Seu tema era o branco, representando sua virgindade, sua pureza, o quão limpo era.
Haviam Ômegas vestidos apenas de tons claros, pois eram puros e deviam demonstrar isso aos Alfas que viriam.

Todos estavam organizados, a espera dos Alfas que a tanto tempo ameaçavam a vida da liberdade Ômega.
Quando a porta se abriu, entrando a fileira dos últimos Ômegas, Hyunjin quis chorar de alívio, haviam muitos Ômegas mais bonitos que a sua beleza comum.

O primeiro Ômega trazia uma beleza avassaladora, além de usar um par de saltos e espartilhos, porém suas sobrancelhas franziram, eles não eram do vilarejo.
Por algum motivo, aqueles Ômegas estavam olhando para o chão, independente dos vestidos de luxo, dos saltos caros e das jóias, independente da maquiagem requintada e dos cabelos incrivelmente alinhados, eles olhavam apenas para baixo.

Atrás deles, um homem alto, com fios dourados e olhos azuis se aproximava, segurando contra o peito um livro grosso de capa negra.
Aquele era o Alfa Luphus, o líder do enorme e infinito vilarejo Alfa.

O homem se sentou na fileira da frente do enorme salão, mesmo que fosse um salão grande, ainda assim, faltava dinheiro para imobiliar corretamente, então muitos convidados -vulgo todos os Ômegas- ficariam por oito horas consecutivas em pé.
Seus tornozelos chegaram a estalar só se pensar nessa possibilidade.

Ao lado do Alfa, um Ômega de cabelos claros, beirando ao branco, se posicionou, os fios trançados para o lado, um par de sapatilhas de salto nos pés pequenos, um vestido que imitava um bolo de tão grande e rechonchudo, além de uma bela aliança na mão direita.

Aquele era o Ômega do Luphus, sem sombra de dúvidas.

Nesses eventos, ou também dizendo, nesses "leilões de Ômegas", crianças eram proibidas, então os filhos do casal deveria estar no enorme casarão que viviam.

Uma pitada de medo escorreu em seu coração, não queria isso, preferia a vida humilde na vila, do que passar sua vida transando e engravidando de um Alfa.

– Apresentando, o príncipe do reino Alfa... Lee Yongbok! – todos os alfas se posicionaram de pé, batendo palmas, com excessão do Luphus. – Apresentando, o próximo sucessor do trono do reino Alfa... Lee Minho!

Hyunjin estava estático, ambos os filhos do reino Alfa estavam na fase adulta e por isso, não seria apenas um Ômega a ser escolhido, mas sim dois Ômegas.
Seu ar pareceu faltar ao pulmão, enquanto sua pressão caía, não poderia desmaiar, iria chamar a atenção alheia para si.

O príncipe Minho era de fato bonito, assim como o príncipe Yongbok, mas... A quem iria enganar? Estava tão apavorado que sequer perceberia a beleza dos Alfas, mesmo que ele estivesse o cortejando, nunca iria notar, não com todo esse medo.

Os Alfas recém-apresentados escolheram um Ômega para cara um dançar.
Minho agarrando as mãos delicadas de Louis, um Ômega de fios ruivos e olhos carmins, enquanto Felix segurou delicadamente a mão de... O santa deusa, ele segurou a mão de Hyunjin.

Seus olhos se arregalaram, queria vomitar de ansiedade.
Com quarenta Ômegas, justo a si?

– Sua beleza é estonteante, Ômega... Me permitiria que lhe cortejasse? – questionou com sua voz grossa e profunda, isso derreteria qualquer Ômega, mas Hyunjin apenas se encolheu, estava com medo e isso não passaria despercebido pelo Alfa mais jovem – Jamais seria de minha intenção lhe magoar... Caso deseje, não me importaria de deixar de lado o incomodo e tentar escolher outro mais uma vez... Mas com um imenso pesar aviso que sua beleza jamais seria comparável a outro.

Hyunjin engoliu seco, seus olhos buscavam socorro nos demais Ômegas.
O Luphus de sua vila lhe olhava como se implorasse uma resposta positiva, óbvio que iria, se não aceitasse iria ser morto, assim como ocorreu no último verão, aonde um conde do Sul matou Robert, um Ômega raro negro como carvão, que com seu orgulho, havia negado o homem. Uma pena seu destino traçado de forma tão cruel, ele teria filhos belos.

– S-sim... – murmurou, segurando nas mãos do homem cujo os fios eram tão platinados quanto do pai Ômega.

Ao contrário de Minho, cujo os fios eram loiros escuros, provavelmente puxando uma genética bastante antiga da família.

– Como um Ômega tão belo consegue ser tão arisco? Estava com medo de mim? – a voz grossa questionou, acariciando a face do Ômega que dançava em uma poça de vergonha e desastre, dança não era um dos seus dotes mais fortes.

– Temia não agrada-lo. – disse baixo, na realidade, temia qualquer coisa, exceto não agradar um Alfa, pois seria apenas deixado de lado, sem mortes e sem xingamentos. – Lhe magoei?

– Jamais, querido. – sussurrou o homem de olhos azuis, sorrindo para o Ômega antes de colar mais seus corpos.

Hyunjin tremeu, sentia perfeitamente bem o corpo do Alfa em contato ao seu, principalmente pelo fato de suas vestes serem finas demais, transparentes demais.

Os passos pareciam leves, tão doces, dançavam como se nascessem para isso, mesmo que o Ômega estivesse trêmulo, ele estava indo bem, afinal, Felix o guiava perfeitamente bem.
Quando a música acabou, ambos se separaram, Hyunjin com uma feição confusa e Felix com o sorriso radiante em seus lábios.
Gostou da presença do rapaz de fios negros.

– Espero que aceite meu cortejo... – o platinado murmurou, acenando com a cabeça para um homem de fios ruivos que esperava na porta de entrada.

O homem trouxe um par de caixas, ambas pequenas, cabiam na palma de sua mão.
O Alfa platinado segurou a caixa de cor carmim, a abrindo de frente para o Ômega confuso e amedrontado.

Para muitos, aquilo era um sonho.
Mas para Hyunjin, aquilo seria seu pior pesadelo.

– Aceite ser meu Ômega... E carregue meu filho em seu ventre... Que lhe darei a chance de ser feliz. – aquilo nunca foi uma opção, aquilo nunca foi uma pergunta.

Se não aceitasse, seria morto.

Seu coração disparou, enquanto lágrimas grossas escorriam por duas bochechas, seus dedos trêmulos foram de encontro ao colar de prata que deveria ser colocado em seu corpo.
O pingente de coroa era um sinal péssimo.
Aquele homem podia não ser o futuro líder, mas seria o braço direito e futuro descendente caso o futuro rei não tenha filhos.
Isso era péssimo.

A vontade de vomitar se instalou em seu estômago, mas tudo o que pôde e conseguiu fazer foi afirmar com a cabeça.

O Alfa sorriu satisfeito com o Ômega, ele seria um excelente companheiro, sabia disso.

– Essa noite lhe encontrarei... Iremos copular até você ter um filho meu. – Yongbok disse convicto de suas palavras.

– E se eu perder o bebê? – Hyunjin, trêmulo, questionou, recebendo um olhar curioso de seu novo Alfa – Eu... Sou Recessivo...

– Se perdermos o nosso bebê, faremos outro. E outro. E outro... Até um bebê nascer saudável. – como se fosse óbvio, Yongbok decretou – Eu virei anualmente te ver... Em algum momento um bebê deve estar vivo e bem em seu colo, então nesse momento, irei lhes levar comigo. Até lá... Faça de tudo para manter meu filho, vivo, saudável e bem.

Hyunjin gruniu positivamente, se encolhendo no abraço que o Alfa lhe deu.

Aquilo não era bom... Era uma ameaça.

Se perdesse o bebê muitas vezes, iria ser morto.

A obra, O Filho Da Besta ( Hwang Hyunjin Centric )Onde histórias criam vida. Descubra agora