A vila

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Quando os olhos negros se abriram, se depararam com o teto estranho, cujo sua coloração não lembrava mofo em madeira velha, mas sim uma consistência firme, em tom de branco.
As paredes eram tão claras quanto o teto, porém em cinza.
Os móveis eram caros, como se lembrassem uma mobília rica, era uma relíquia viva, porém, uma relíquia que Hyunjin nunca teve.
Nunca viu algo assim.

Conforme os segundos passavam, flashes de memórias cobriam sua mente, os olhos azuis vibrantes, a respiração forte em seu rosto, a pelagem albina.
Seus pelos se arrepiaram, se lembrava de cair no chão, sua barriga doeu naquele instante e sua visão havia escurecido.

Suas mãos foram de encontro a sua barriga como um reflexo, seus olhos se arregalaram, enquanto se sentava às pressas.

– Aonde? – o Hwang se questionou em um sopro de voz, o desespero bateu em sua garganta como se estivesse a beira de um colapso. – M-meu bebê... M-meu...

Seus olhos varreram o quarto, pelicuosamente, percebendo que estava ali, sozinho, sem seu bebê, em um lugar desconhecido.
O enorme volume de sua barriga não existia ali, estava apavorado.
E se aquela coisa tivesse levado o seu bebê?

As lágrimas de pânico não demoraram a escorrer de sua face, enquanto se levantava dolorosamente, parecia que não andava a anos.
Foi quando ouviu o som familiar de uma porta se abrindo, seus olhos buscaram desesperadamente de onde viria tal som, notando se tratar da parede a frente a cama.

Seus olhos se arregalaram, enquanto via o alfa albino de olhos azuis se aproximando com um pequeno embrulho nos braços.
A marca em sua nuca ardia, chegou a esquecer que era marcado pelo Alfa, do tamanho desespero que sentiu ao acordar sem ter seu bebê em seu ventre.

– A-Alfa! N-nosso... Nosso filhote... Ele... Ele não... – o Hwang não tinha forças para falar, sua garganta secou em pânico, enquanto o Alfa se aproximava, seus olhos caíram para o pequeno "pacotinho" no colo do homem.

Os fios eram negros como os seus, porém os olhinhos azulados acizentados.
A boquinha era carnudinha, porém sua pele era tão pálida que parecia possuir o albinismo do Alfa, o cheiro de cerejeira amadeirada veio do pequeno bebê, era um Alfinha.

– F-filhotinho... – murmurou o Ômega, olhando para o Alfa que sorriu para si, o colocando em seu colo com muito cuidado. – O que aconteceu?

– Eu estava descontrolado querendo te ver, seu Alfa queria te ver... Então fiquei extremamente irracional, não me importei com as regras e apenas... Fui te ver. Mas você ficou tão assustado com minha aparência quando estou fora do controle que teve um parto prematuro no meio da sua vila, desmaiado no chão. – o Alfa sorriu fraco para o Ômega, eu implorei socorro para os parteiros da vila, quando voltei para você, vi a cabeça do bebê saindo e desmaiei... Quando acordei você já estava bem e o bebê nasceu forte como um bom Alfinha... Eram gêmeos... Infelizmente o bebê Ômegazinho não suportou e... Sinto muito.

O Ômega sentiu seu mundo cair, sequer sabia que haviam dois, seu peito queimou, enquanto chorava em desespero.
Não queria acreditar que perdeu seu bebê.

– Você está a duas semanas desmaiado... Mas como gerava leite, o filhotinho insistia que só bebia o seu leite... Sinto por isso também, tive de amamenta-lo mesmo com você dormindo. – explicou, parecia verdadeiro aos olhos do Ômega, que derramava as lágrimas doloridas sem descanso – Prometo que teremos muitos filhotinhos... Mas me diga... Qual o nome do nosso bebê?

Hyunjin olhos de Yongbok para o bebê, sorrindo tímido ao pensar no quão fofo seria.

– E-eu... Não sei... – murmurou o Hwang, encolhendo-se ao receber um olhar estranho do Alfa – Q-que mal seria chamá-lo de Felix? – o Hwang ofertou, sorrindo tímido para o Alfa que sorriu de volta.

Talvez ele apenas quisesse uma resposta.

– Felix é ótimo... Mas não seria um sinônimo de Yongbok? – questionou risonho, arrancando um rubor forte das bochechas do Ômega, Yongbok já imaginava que um Ômega crescido em uma vila tão escondida teria problemas em termos de criatividade –  Não tem nenhum outro nome criativo em mente?

– E-eu não sei... Meu nome é sinônimo do meu pai Ômega, Hwang Sammy, de acordo com a vila, o filhote sempre é sinônimo do pai... Se o filhote é Alfa, então o sinônimo deve vir do pai Alfa. – Hyunjin explicou, arrancando uma risadinha do platinado.

– E que tal chamá-lo de Yongjin? Lee Yongjin... É uma mistura de Yongbok e Hyunjin, não seria bonito? – o Alfa estava cortejando seu Ômega de forma discreta, Hyunjin percebeu perfeitamente bem, não é atoa que suas bochechas estavam pintadas de rosa – Gostaria de almoçar? A vila está ansiosa para lhe conhecer...

Quem dera se fosse uma realidade.
Hyunjin mal pisou na vila, trêmulo e dolorido, já recebeu olhares desdenhosos de Ômegas comprometidos e marcados, que o encarava como um pedaço de lixo ambulante, os Alfas pareciam interessados na beleza jovial do Ômega, afinal, uma vez casado, o Alfa não possuí direito de se apossar de mais de um Ômega.
Hyunjin era uma carne fresca no território Alfista, ele sabia disso, sentia os olhares alheios.

O Hwang segurava o pequeno Alfinha no colo, enquanto era levado para vila a dentro, após sair da casa bonita que descobriu se tratar de uma maternidade para Ômegas em pós-parto.

Em passos leves e cuidadosos, Hyunjin tremia errar um passo que fosse, se acomodando no aperto que o Alfa fazia em sua cintura.

Hyunjin entendeu, ele não era bem vindo entre os moradores burgueses da vila moderna.
As carruagens passando, paravam apenas por se tratar do príncipe mais jovem ao seu lado, pois se eles podessem ter a oportunidade, certeza que o atropelariam.

– Não tema por sua segurança, meu príncipe. – Yongbok murmurou com sua voz grave rente ao ouvido do Ômega, sorrindo carinhosamente para o mesmo – Estaremos cuidando de você... Tanto você quanto nosso filhote estarão a salvo... Seguros e quentinhos no meu abraço.

Hyunjin corou mais que uma pimenta, como esse homem, que seria de fato uma fera indomável às noites, iria ser tão carinhoso durante a tarde e ao dia?

Um rubor fofo lhe consumia, enquanto seus dedos tremiam ao abraçar o filhotinho, no qual sequer se movia, de tão confortável que estava.

– Hoje a tarde estaremos em um jantar de conhecimento familiar, meu pai quer conhecer meu noivo no fim das contas. Mas após o anoitecer, devo alertá-lo que está em uma vila Alfa, não é recomendado que saia do terreno seguro após o entardecer e que sequer saia da mansão após o anoitecer... De preferência, não saia do quarto... Você e nosso bebê estarão seguros lá. – Yongbok tentou conforta-lo.

Porém era uma pena, Hyunjin estava a um passo de desmaiar de nervoso, pânico... Pavor...

A obra, O Filho Da Besta ( Hwang Hyunjin Centric )Onde histórias criam vida. Descubra agora