1 - JURO, MEU AMOR, EU NÃO SEI QUEM É ELA!

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A GAROTA EM MINHA CAMA TENTAVA COM AFINCO MANTER O SORRISO. Peguei seu semblante controverso pelo reflexo no espelho grande na parede do dormitório, a luz do sol entrando por uma fresta nas cortinas e refletindo em sua pele macia coberta apenas pelos lençóis.

— Que te deu? — perguntei, voltando a revirar as gavetas em busca do meu colar.

Ela suspirou se remexendo, esticando o corpo como uma gata tomando banho de sol. E parte do sorriso se desfez em uma rápida sombra de algum sentimento diferente.

— Eu amo quando você está empolgada com alguma coisa — respondeu — seus olhos brilham tanto...

Soltei uma risada curta, finalmente encontrando a corrente prateada com uma pedra branco-osso gravada com uma única runa. Passei o colar pela cabeça, guardando o pingente para dentro do uniforme. Um pequeno ritual antes de toda partida, mas que daquela vez tinha outro objetivo.

— Eles brilham assim quando você cozinha — ela tornou — vão te deixar cozinhar lá também, não vão?

— Provavelmente não. — bufei.

Minhas malas estavam espalhadas pelo quarto, algumas fechadas e outras abertas para que eu pudesse guardar qualquer coisa de última hora que não me lembrava no momento. Na cômoda que antes dividia com minha colega de quarto, o porta-retrato dourado com a fotografia de um bando de garotas suadas, eufóricas e cobertas de grama segurava o envelope preto que havia recebido na semana passada. Me lembrava de tê-lo aberto, das letras brancas saltando do papel, da incredulidade e choque. Então liguei para a única pessoa que poderia me dar respostas, e as consegui. Era real.

Eu estava entre as sessenta jogadoras selecionadas para o Black Fox: Gear. A continuação do torneio sub-17 em que fui vice-campeã com o Tormenta High Tree.

— Só promete não me esquecer, tá legal?

Desviei a atenção do quadro, me virando de supetão para a garota, e ri com nervosismo. Impossível.

Viola Sovereign, a mulher da minha vida, estava me pedindo para não esquecê-la.

— Impossível. — ecoei, saltando a bagunça para chegar até a cama.

Desde que Josie, minha colega de quarto, havia se formado, tive todo o amplo espaço só para mim. A direção do campus achou melhor deixar assim, já que os atletas bolsistas precisavam de espaço para equipamentos, aparelhos, uniformes e todo material de ponta que o Humber College oferecia. Eu costumava aproveitar bastante, principalmente a cama de casal confortável onde deitava o ser humano mais divino do planeta. E ele estava me pedindo para não esquecê-la.

— Você é como um Fårikål — me ajoelhei e apoiei a cabeça no colchão, deixando nossos rostos nivelados. Seus olhos mágicos acendiam como ouro líquido com a luz refletida neles — difícil de preparar, tem um aroma incrível.

Viola tentou. Mordiscou o lábio inferior, tentando se frear, mas a risada lhe escapou quando finalizei.

— E depois de comer uma vez é impossível não querer comer sempre.

Ela gargalhou, tentando fugir entre a bagunça dos lençóis quando saltei sobre a cama, a envolvendo com os braços e apertando contra mim. Meus dedos traçaram suas gloriosas curvas, cada centímetro que já conhecia, porém, sempre parecia novo e intenso. Não sabia como fui tão idiota de perder tanto tempo longe daquela garota. Agora, queria tanto passar o resto da vida com ela que me assustava as vezes.

— Graham, você já me comparou com uma fatia de bacon.

— Uhum. — murmurei, inspirando profundamente contra os cachos macios de seu cabelo.

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