8 - IDEIAS RUINS, UÍSQUE E MAIS IDEIAS RUINS

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MEU HUMOR ESTAVA UM PORRE DIAS DEPOIS, o que não era novidade para quem já me conhecia há algum tempo. Taylor e as outras meninas, por outro lado, não sabiam disso.

— Tenho uma égua mestiça que fica ranzinza na troca de estações também — Austin comentou, bebendo água no intervalo — geralmente colocamos um macho pra dormir com ela. Cês sabem, contato íntimo...

— Então ter jogado a camisa seis do outro lado do campo em uma dividida — Rebeca franziu a testa para mim — era falta de sexo? Porque é bem fácil de resolver.

— Eu tô bem de sexo, obrigada — estreitei os olhos, abraçando o capacete contra a cintura. Olhei de relance para o placar na caixa — aquela dividida foi reflexo desses números patéticos piscando ali.

— Alisson, ganhamos os primeiros três jogos — Scottie tranquilizou. Sempre tão calma, agora — Você e Tay continuam na ponta da tabela, pode desacelerar um pouco.

— Desacelerar não vai fazer a gente virar o jogo — retruquei. Não iria mostrar nada para Moyra — precisamos de mais entrosamento, conversar mais. Ainda parecemos um time de causas perdidas montado às pressas.

Milly, sempre tão positiva, riu.

— Nós meio que somos isso aí. Dá pra por no nosso grito de guerra.

Alanna, que por algum motivo se manteve mortalmente quieta no desenrolar de tudo, finalmente se pronunciou ao meu favor.

— Alisson tem razão sobre isso — enfatizou o final da frase, o que me deixou um tanto confusa — precisamos conversar mais, acreditar que quem está do seu lado do campo é digno de confiança. Precisamos...

— Confiança — Scottie sorriu — é isso! Precisamos confiar no time.

O apito soou para voltarmos. Poucas pessoas assistiam das arquibancadas daquela vez, apenas os dois pirralhos entretidos no camarote, olhos nas telas dos celulares e as mãos livres ao redor de uma xícara de bebida quente. Sequer assistiam a partida, mas sempre estavam ali.

Em todo jogo, Frankie sempre aparecia.

Vê-la reacendeu aquela noite, o que não deveria acontecer enquanto retornava para o jogo. Porém, tudo retornou com vividos detalhes, até o tom de voz sonhador e a preocupação nas palavras de Isaac. Um conjunto em especial retumbava ao acaso, uma chata e incomoda dor de cabeça surgindo sempre que me lembrava.

Remedios. Os remédios.

— Graham!

O grito de Taylor me fez sacudir a cabeça, e agradeci pelo capacete esconder o rubor desconcertado em minhas bochechas. Havia o peso da haste em minha mão, o aperto seguro da armadura no peito, a textura da grama nos cravos da chuteira. O eco abafado da caixa onde os gritos das jogadoras se propagavam, a energia escaldante de corpos fervilhando de adrenalina, e era quente, ativando todos os cinco sentidos. Como o inferno.

E eu adorava. Como uma boa e velha diabinha.

Me concentrei nisso pelo restante da partida, o que nos fez virar o placar contra o time de Mirian Crane — uma inglesa de tranças e sotaque forte — e trouxe a incrível recompensa de flagrar Moyra no camarote quando saí da proteção das paredes de acrílico de volta ao mundo real. Infelizmente era impossível descrever seu olhar por baixo dos óculos de sol redondos, mas algo no ângulo criterioso de sua sobrancelha erguida me deixou ainda mais fervente.

Não havia gostado? Eu não fui bem? Sete gols e uma assistência não fora o bastante?

Dane-se, pensei. No próximo jogo faria bem mais marcações, e ela seria obrigada a reconhecer que todo aquele talento lapidado não fora, nem um pouquinho, seu trabalho.

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⏰ Última atualização: Jul 01 ⏰

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