2 - SORRIA, VOCÊ PODE DESTRUIR ALGUÉM COM O SEU SORRISO

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NÃO ESPERAVA UMA RECEPÇÃO DE FOGOS DE ARTIFÍCIOS E UM FAIXA. E os organizadores foram além.

Funcionários vestidos com longas capas escuras nos saudaram no jardim da entrada, sem emitir uma palavra sequer, tomando posse da chave do carro de Elle e dos nossos celulares. Entreguei o aparelho guerreiro de tela rachada e botões faltosos, recebendo um olhar assustado do funcionário como se toda aquela situação não fosse a coisa mais caótica que eu já presenciara.

Bom... Talvez a segunda coisa mais caótica.

— Que merda, cara?!

Alanna riu com nervosismo, tocando com os dedos sua bochecha onde um dos encapuzados fizera o desenho de um triângulo chique. A cabeça de uma raposa. Um deles se aproximou de mim com um pincel a postos, e reprimi a vontade de mandá-lo pintar a própria bunda e deixar de esquizitisse. Não sabia até onde ia a tolerância dos organizadores, e não estava afim de ir embora sem nem ao menos tocar numa crose.

Mais garotas pintadas e confusas se juntaram a nós em um grande grupo guiado pelo CT, passando pelos jardins até o portão de enrolar que estava aberto e pronto para nos receber. A luz de holofotes ligados me atordoou em um primeiro momento, porém, logo me acostumei o suficiente para notar onde estávamos. Histórias sobre gladiadores e leões se enfrentando no Coliseu sempre foram contadas por séculos.

Era totalmente diferente estar de pé no centro dele.

— Acho que dirigimos pro século errado. — Elle mumurou ao meu lado, sua voz ecoando e tirando algumas risadas.

O centro do amplo espaço era onde a caixa ficava, um grande retângulo cercado por barreiras de acrílico e forrado com gramado sintético. Sua semelhança com a arena grega se devia as arquibancadas dispostas ao redor do lugar, inúmeros assentos pretos que chegavam quase até o teto e que eram intercalados volta e meia por cabines de camarotes forrados de laraja. O estandarte da raposa preta nos recebia pendurado nas vigas metálicas do teto, e uma música calma e misteriosa saia de algum ponto.

Achei que seríamos guiadas para nossos aposentos, provavelmente encontrados nos corredores dos nichos que davam acesso à caixa. Entretanto, os funcionários encapuzados continuaram nos tocando como ovelhas para além, até estarmos enfiadas no campo gramado a espera do que quer que fosse.

— Vocês estão no século correto, Elleanor Isobel Maria Rizzo!

As luzes se apagaram de uma só vez, gerando burburinhos e alguns gritinhos de susto — que com certeza não sairam de mim. A voz retumbou no ginásio por um bom tempo, ecos do secreto e gigantesco nome de Elle. Poderíamos dizer que era uma voz feminina, e nada além disso.

— Bom, modéstia a parte...

Um dos camarotes mais próximos do campo se iluminou, e todas as cabeças viraram para as outras três figuras enigmáticas com aquelas capas dramáticas. Uma delas se destacava das outras por sua altura e inquestionável presença. Conseguia ouvir Alanna rindo da minha constatação óbvio, pois eu jurava que a voz pertencia aquele ser humano ali.

—... Vocês estão prestes a dar um pulo no que o futuro tem a oferecer ao esporte bem aqui, nesse grande ninho de gatinhas ariscas — o capuz do meio continuou de forma clara e polida, quase treinada — terão acesso a equipamentos de última linha, sistemas de treinamento complexo e instalações do cara-

Frankie! — o encapuzado da direito a interrompeu, arrebatando a capa para longe — Jesus, é por isso que fui contra você apresentar!

Era um jovem de pele marrom, cabelos pretos lisos e amarrados firmemente em um coque, olhos castanhos e aquelas camisetas legais que os funcionários usavam. Não parecia ser muito mais velho que eu, mas seu tom repreensivo e protetor dizia que já havia se encontrado na posição de responsável muitas vezes.

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