7 - DE UM TROCADO PRA SUA CAPITÃ

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NEVAVA EM PIT WISH.

Sabia disso pela luz fosca de fim de tarde que entrava pelas janelas altas do ginásio. Conseguia sentir a atenção de cada jogadora, patrocinador ou funcionário assistindo nas arquibancadas, sentir a aura de calor que envolve as minhas colegas de equipe, a rigidez convidativa no contato entre o couro das luvas e a haste metálica. Conseguia sentir o peso da bola branca na minha rede, o solavanco de um lançamento quando inclino para trás, giro, e disparo.

Sentia muita coisa ao mesmo tempo, mas nada calava o sentimento estranho crescendo cada vez mais até ganhar espaço na minha garganta.

— Estamos indo bem? — Rebeca meio que perguntou ao fim do primeiro tempo.

Analisamos o placar juntas. Seis para nós, três para o adversário. Com os minutos mais curtos, poderíamos muito bem somente segurar a marcação e sustentar os pontos até o final. Isto é, se não estivéssemos em um sistema de classificação onde o saldo de gols fosse critério de desempate.

— Podemos fazer mais — Taylor falou por todas. Diferente do nosso primeiro treino, parecia um tanto cansada — só... Sugiro uma mudança de escalação na próxima partida.

— Que seria?

— Ela não consegue me acompanhar — Alanna respondeu por ela, encolhendo os ombros — não quando é uma partida real.

O que definitivamente era verdade. Não fora uma ou duas vezes que vi o passe de Alanna nas pontas morrer no centro do gramado antes que Austin pudesse reagir, o que me deixou um pouco orgulhosa. Se até mesmo a grande campeã americana comia poeira quando se tratava de Casanova, significava que Raynolds havia feito um ótimo trabalho.

— Madero? — chamei.

Milly ergueu as sobrancelhas em atenção, apenas.

— Sua agilidade compensaria a velocidade de Alanna — deduzi — acho que consegue acompanhar.

— Não sei — ela sorriu para Taylor — estou meio que gostando de ver a Apple Jack ali apanhando um pouco.

— Engraçadinha. — Austin resmungou.

Por sorte, antes que iniciasse uma discussão digna de Tormentas, o apito para o retorno soou. Decidimos permanecer do jeito que estava, afinal, teríamos um tempinho para testar novas combinações até o próximo duelo.

A segunda parte se passou sem grandes turbulências, fora uma ou duas bolas impossíveis que Caroline Vega, a tal bruxa, acertou. Parte de jogar sentindo e absorvendo tudo era a possibilidade de assistir a partida de dentro do campo, o que me deu o necessário para destacar alguns pontos negativos do time.

Austin era habilidosa, girava bem, sabia despistar a marcação, mas quando precisava atuar mais nas laterais com Alanna, sua velocidade que era boa se tornava obsoleta. Millagros tinha bons lances, entretanto, não se conectava com o restante da equipe. Scottie era uma defensora incrível, que por algum motivo, estava se segurando e deixando o ataque adversário passar em ocasiões desnecessárias. Rebeca ainda parecia distraída pelo fato de estar em um torneio de escala continental e levando gols bobos, e Alanna não mediava a própria velocidade e força para acompanhar as outras.

E havia eu, claro. Estava jogando bem, a maioria dos gols vieram das minhas mãos, conseguia enxergar frestas no time adversário tanto para mim quanto para as outras.

Mas ainda sim...

— Soso, chuveiro?

Pisquei, erguendo a cabeça. Alanna estava de pé ao lado do banco onde eu me sentava, equipamentos guardados e a bolsa jogada sobre o ombro. Mais a frente, suadas e ansiosas para água gelada, as outras garotas esperavam. Apontei para meu bastão, usando a boa e velha desculpa da rede embolada, e Lanna felizmente entendeu de primeira.

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