Seven

21 2 1
                                    


—Sarah?—perguntei. 

Ela sorriu com frieza, se virou para a frente e pegou um lápis na mochila. 

—Não é justo—eu disse.—Você estava muito diferente no baile.—Apontei para sua roupa, que era preta em camadas de preto, e para o rosto, tão maquiado quanto o da vovó em noite de bingo. 

—Era um experimento social. Você falhou.—Sarah fez uma pausa.—Ou não, porque provou que tínhamos razão. Tanto faz. 

—E você ficou furiosa comigo por eu não ter te reconhecido, sendo que fez tudo para não ser reconhecida. 

—Se essa fosse sua pior mancada, eu teria sorte.

Eu tinha feito alguma coisa para ela? Alguma coisa pior? 

A sra. Rios pigarreou. 

—Meninas, silêncio. Estamos em prova. 

A manhã tinha começado mal. O dublê de Pope podia ter me dito que a irmã costumava se vestir de roqueira. Eu teria me lembrado dela. Ela era nova no colégio, tinha chegado poucos meses atrás, no meio do ano. Até onde eu lembrava, não havíamos trocado mais que duas palavras, por isso eu não conseguia imaginar como podia tê-la ofendido. Fiz a prova inteira distraída, quase sem pensar nas perguntas, muito menos respondendo de maneira inteligente. Fiz o melhor que pude, depois fiquei olhando para Sarah até o fim da aula, esperando aoportunidade para falar com ela. Quando o sinal tocou, peguei minha mochila tão depressa quanto ela pegou a dela e a segui para fora da sala. 

—O que é—Sarah rosnou quando chegamos ao corredor. 

Eu queria perguntar o nome do irmão dela, mas não podia admitir que ele não tinha me contado. 

—Preciso do telefone do seu irmão. 

—Por quê? 

—Quero mandar uma mensagem agradecendo—Claro. Uma mensagem agradecendo. Alguma coisa como: "Querido Pope postiço, obrigada por mentir por mim e enganar minhas amigas fingindo ser meu namorado. Agora você pode me contar por que decidiu ir ao baile comigo?Por que quis me ajudar? Por que me olhou daquele jeito superintenso enquanto dançava comigo, como se visse em mim alguma coisa que eu nem sabia que existia? Assim eu posso tirar você da cabeça. Obrigada". 

—Se ele quisesse que você soubesse o número, ele mesmo teria dado.—Sarah pareceu sentir prazer com a declaração. 

—Teria, mas ele foi embora de repente depois daquela coisa da briga de mentira. 

Ela gemeu como se lembrasse novamente como eu o havia usado. 

—Se eu te der o meu número, você passa para ele? 

—Se eu me jogar da escada, você me deixa em paz? 

Estávamos do lado de fora do prédio, no alto da escada. Um garoto com o mesmo estilo dela estava parado lá embaixo, olhando para nós. Ela não esperou pela resposta, que, tecnicamente, poderia ser sim ou não, e desceu para encontrá-lo. 

—Oi, Kie—o garoto falou quando os alcancei, ao pé da escada. 

Surpresa, percebi que era ele quem estava no baile com Sarah. 

—Oi. Desculpa, não sei o seu nome. 

Ele deu de ombros. 

—Só fizemos quatro matérias na mesma turma nos últimos três anos. Por que você saberia? 

Fiquei vermelha. Era verdade? Olhei para ele de novo com mais atenção. Honestamente, ele não me parecia familiar, exceto pelo encontro no baile. Estudávamos em uma escola pública; as turmas eram grandes. 

Namorado de Aluguel༄JiaraOnde histórias criam vida. Descubra agora