Prólogo

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    Era manhã do dia vinte e cinco quando Derek despertou, ansioso para saber se o papai noel havia lido sua cartinha. O pequeno menino esperou o ano inteiro para poder escreve-la, o natal é sua época preferida do ano e ele nunca deixou de mandar sua carta, sonhando com o dia que ela se tornaria realidade.

    Derek desceu as escadas com animação, pulava de dois em dois degraus na esperança de chegar mais rápido na árvore, seu sorriso diminuiu ao ver os biscoitos e o leite intactos, diferente de todos os anos, Derek correu até a cozinha e viu as cenoura sobre o balcão, não havia se quer uma mordida nos legumes

— O papai Noel e as renas não gostaram? — Ele murmurou chateado, pela primeira vez em dez anos isso havia acontecido, Derek não entendia o porquê disso. — Mamãe! — O menino subiu as escadas em passos rápidos, sentindo seu coraçãozinho bater de maneira descompensada ao pensar que havia sido um mau menino. 

    Na cabeça de Derek passavam todas as vezes que obedeceu seus pais, nas lições de casa feitas em dia, no quarto arrumado, não fazia sentindo estar na lista de meninos maus do papai Noel.

— Mamãe, o papai Noel...— Derek parou de falar assutado, ao ouvir o barulho de algo caindo e se quebrando. — Mamãe? Papai? — Ele tentou abrir a porta mas não conseguiu, seus olhos se encheram de lágrima ao não obter resposta. — Abre a porta, mamãe...papai...

— Eu odeio você, Blake, eu te odeio. — Ele conseguia ouvir os gritos de sua mãe, o choro desesperado da mesma. — Confiei em você, falei que se me traísse eu iria embora e sumiria com o Derek.

— O meu filho não vai sair daqui! — Seu pai gritava por cima da sua mãe, apesar de já estar acostumado com todas as brigas, Derek estava assustada por perceber que seu pai havia feito sua mãe chorar novamente.

   Ele era um menino de apenas dez anos mas tinha maturidade o suficiente para entender o que estava acontecendo, Derek viu algumas vezes sua mãe com os olhos vermelhos, seu pai chegando de madrugada, o menino todo ano escrevia nas cartas para o papai Noel, pedindo para que isso tudo acabasse e que pudessem viver como antes.

— Ele é o meu filho, meu! Porque enquanto você está na rua com suas amantes, enchendo a cara, sou eu quem cuida dele, quem trabalha para sustentar Derek. Nós vamos embora, e se tentar encostar um dedo em mim, Blake, eu juro que te entrego para a polícia. — Tudo fica em silêncio, as lágrimas quentes desciam pelo rosto de Derek, ele não sabia o que iria acontecer daqui para frente, queria que tudo fosse apenas um pesadelo.

    A porta do quarto se abriu fazendo Derek se assustar, sua mãe o olhou e abriu um sorriso falso, ele sabia que não era verdadeiro. Ao olhar para dentro do quarto, Derek via seu pai quebrar os últimos itens de decoração sobre a cômoda.

— Vamos embora, Derek. — Sua mãe pegou em seu braço, o levando até seu quarto.

— Mas...mamãe... — Derek gaguejava nervoso, olhava para trás procurando pelo seu pai. — O papai...

— Não quero mais ouvir você falando em seu pai, Derek, pegue apenas o necessário e vamos para a casa da sua avó, depois pegamos o restante. — Mila falava enquanto abria a cômoda do filho, ela pegou algumas peças de roupa e jogou em uma mochila. — Agora, Derek! — Ela falou mais firme. O menino ainda assustado começou a se mexer.

    Ele pegou o seu bichinho de pelúcia preferido, lápis de cor e seu caderno. Derek ficou pensando como seria de agora em diante. Ele veria o pai de novo? Seriam uma família novamente?

— Mamãe, o papai Noel não veio, ele...ele não vem mais? — Derek sussurrou se encolhendo em sua cama. — Ele não viu a minha cartinha? O meu desejo de natal?

— Papai Noel não existe, Derek, está na hora de crescer e parar de acreditar nisso. — As falas de sua mãe o acertaram em cheio.

— Como assim papai noel não existe? Ele vinha todos os anos, comia os biscoitos... — A voz de Derek embargou. 

— Droga. — Mila se desesperou ao perceber o que havia dito no calor do momento. — Filho, a mamãe falou na hora do nervoso, ok? O papai Noel existe sim, só não veio ainda porquê está muito cedo, ele vai entregar seu presente na casa da vovó, tudo bem?

    Derek sabia que sua mãe não falou apenas no nervosismo, ela quis dizer aquilo e sua palavras foram como socos no coração do pequeno menino, ele acreditava que o papai Noel traria a família dele de volta, escrevia todos os anos para que esse sonho se realizasse mas era perda de tempo, tudo não passava de uma mentira.

— Vamos. — Sua mãe puxou suas mãos, Derek a seguia de maneira automática, sua cabeça estava tão cheia e o coração tão machucado para uma manhã que tanto esperou, que tanto amava.

— Mila... — Seu pai sussurrou parado na porta do quarto, o rosto banhado pelas lágrimas e os olhos vermelhos.

— Se despede do seu pai, Derek, vamos. — Foi a única coisa que Mila falou.

    Derek caminhou até o seu pai, recebendo um abraço apertado, ele chorou aos ombros do seu pai.

— Vai com a gente, papai, por favor.

— O papai não pode, filho, mas vou ver você sempre que der, ok? — Sussurrou beijando a cabeça de Derek. — Eu te amo, filho, não se esqueça disso.

— Eu também te amo, papai.

    E assim Derek e sua mãe saíram de casa, o menino ainda não entendia tudo que estava acontecendo, acreditava que um dia voltariam para casa mas isso não aconteceu. Depois de irem morar com sua avó, Blake foi o visitar apenas três vezes, Derek esperava seu pai todos os dias mas desistiu aos quinze anos, quando percebeu que ele não voltaria mais.

 Depois de irem morar com sua avó, Blake foi o visitar apenas três vezes, Derek esperava seu pai todos os dias mas desistiu aos quinze anos, quando percebeu que ele não voltaria mais

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    Não muito distante dali, com apenas seis anos de idade, Tiffany não sabia que sua vida mudaria para sempre, ela não tinha consciência do que estava acontecendo ao redor.

    Seus pais já não eram um casal feliz a anos, ela não via o que acontecia, mas quem estava de fora sabia que não faria bem para a mesma crescer em um ambiente como aquele. Sua mãe adquiriu problemas psicológicos ao descobrir a segunda família do marido, seu pai, não estava nem aí para o que poderia acontecer, não se arrependia de ter uma amante e muito menos de acabar com algo que, no futuro, a faria falta.

Uma família.

    Seus avós ao perceberam a situação da filha e do genro, resolveram criá-la com todo amor e carinho, longe de todo aquele caos para que Tiff crescesse sem traumas, em uma família estruturada.

Todos temos problemas, não cabe a nós ou a alguém julgar ser maior que o do outro, afinal, a maior dor é a que nós mesmos sentimos.

Todos temos problemas, não cabe a nós ou a alguém julgar ser maior que o do outro, afinal, a maior dor é a que nós mesmos sentimos

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