Do Paraíso ao Inferno: Almas que amam

Por favor, não seja estúpida

-Onde você vai? Pergunta Samara que havia acabado de chegar do serviço, tirando as botas e o cachecol o pendurando no cabide da sala.
-Dar uma volta. Responde Eva sem coragem de olhar diretamente nos olhos de Samy, sabendo muito bem o que iria fazer e  que seria uma grande estupidez.
-Eva! Você não tem que ir naquele lugar imundo para satisfazer seu vício, muito menos ficar de papo com pessoas daquele tipo. Por que você age assim hein?! Estou cansada de conversar contigo à respeito dessa situação e você sempre dizer que não vai mais, que não irá mais fazer, olha bem seu estado e veja a merda que você está fazendo.
-Eu te amo amiga, mas você está dificultando demais as coisas. Encerra Samy.
-Acabou o sermão da montanha? Ironiza Eva.
Ela acende um cigarro, olha de lado para Samy e sai batendo a porta de entrada sem dar qualquer satisfação de seu destino.
Seu comportamento rebelde e destrutivo magoava profundamente Samy, deixando ela cada dia mais preocupada.
Ela pega uma caneca de café bem quente, senta em sua poltrona favorita perto da janela , abre seu álbum antigo de fotos e começa a recordar o tempo onde elas eram meninas e brincavam juntas, mesmo com os traumas, Eva ainda era uma criança doce.
Lágrimas caíam em cima do álbum...
Samy enxugava o rosto e tentava se acalmar.
Elas moravam em uma casa alugada pois, além de adultas, Eva havia sido expulsa de casa pelo motivo de ter o "demônio no corpo " como foi alegado por sua mãe.
 Samara se compadeceu da situação da amiga e a acolheu...
Ela não cobrava Eva por não ter um emprego, ela só queria ver a amiga protegida e bem, o que deixava Eva completamente confortável e acomodada. Era quase meia noite, o frio estava intenso e Eva estava na rua em uma rodinha de viciados, nesse ponto ela ja tinha se drogado tanto, que seu colega Henry debochava e ria alto pelos becos aproveitando de sua péssima condição: --Ei Eva! Tenho bancado sempre sua brisa e tu nem me agradece, nem me dá nada em troca, abre o casaco aí pra eu dar uma conferida como anda o material caso eu precise de te vender pra me pagar HAHAHAHA.

Henry foi muito cretino agindo assim, mas ele não mentiu quando se referiu em bancar os vícios de Eva e ela sabia que mais cedo ou mais tarde seria cobrada pelos seus momentos de lazer com as drogas. Ela abriu a casaco e deixou os seios à mostra e respondeu: Tá satisfeito otário? Agora me arranja mais um ae pra saideira! Henry e os colegas deram risada e continuaram fumando maconha com ela... Nesse meio tempo, Samy estava angustiada em casa, não conseguia dormir pela ausência de Eva,  tinha certeza que algo ruim poderia acontecer a qualquer momento e dessa vez ela não sabia o paradeiro da amiga, fazendo assim com que  se sentisse impotente sem saber por onde começar procurá-la . A saúde mental de Samara  se esgotava aos poucos e fazendo com que ela refletisse muito sobre esse assunto, mas em vão pois ela amava demais Eva e não queria interná-la ou abandoná-la para se livrar desse tormento que não era responsabilidade dela. Era injusto a forma que ela se tratava pelo sentimento que carregava por Eva, mas era compreensível a escolha.

Eva não sabia, mas Henry já havia comentado com os amigos que provavelmente ofereceria ela para seus fornecedores. Ela corria um grande perigo, exatamente como dizia a intuição de Samara, mas adorava bancar a rebelde e achava que conseguia enfrentar o mundo, porque anos atrás em sua infância, em uma das investidas de seu padrasto, Eva levou um garfo escondido em seu vestido florido, quando o homem pegou em sua mão a conduzindo para o quarto do casal , ela continuou andando ao lado dele como se nada estivesse acontecendo e nesse dia, quando ele finalmente a deitou de bruços na cama, ela se virou com o garfo na mão e o fincou em suas bolas, fazendo o homem desmaiar de dor e aproveitando a ocasião, se vestiu e fugiu de casa, correndo para a casa ao lado, que era justamente da família de Samara.