ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 16

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CAPÍTULO 16:
Desentendimento



Abro os olhos. Ao invés de minha visão embaçada ter as cores do meu quarto, tem as de Aidan. Os posters na parede são dele. A janela meio aberta traz uma iluminação diferente da que estou acostumada.

Tudo o que aconteceu ontem vem à tona numa realidade difícil de encarar, desde a foto com sua  matéria bizarra, até quando Aidan esteve dentro de mim ontem.

Sinto o calor e o cheiro dele, e quando levanto a cabeça, o encontro mexendo em seu celular. Aidan está sentado do meu lado na cama, com uma de suas mãos delicadamente apoiada em meu cabelo.

— Bom dia, Less — diz ele, baixinho, sem tirar os olhos do telefone. Eu estava começando a duvidar se tudo aquilo que aconteceu ontem foi mesmo real, mas ao conferir quantas peças tenho em meu corpo, percebo que só estou de roupa íntima.

— Bom dia — a minha voz sai um pouco assustada porque, convenhamos, não é todo dia que durmo sem roupa ao lado dele. Pateticamente, a primeira pergunta que faço é: — Onde está minha blusa?

Eu não consigo me lembrar onde joguei minhas coisas ontem. Aidan se levanta, busca um conjunto de roupa perfeitamente dobrado em cima de seu teclado e joga na minha cabeça. Jeitinho dele.

Pego minha blusa e calça, antes dobradas por ele, e começo a vestir. Eu gostaria de um banho antes de qualquer coisa, mas acho que posso fazer isso em casa.

— Fiz café. Você quer?

— Estou morrendo de fome.

Aidan sai do quarto primeiro, dizendo que não vai me trazer café na cama. Em todo momento estava com o celular na mão. Pode ser impressão minha, mas ele está estranho. Vai ver eu criei muita expectativa do que seria o Aidan que iria encontrar quando acordasse, depois da nossa primeira vez.

Depois de sair do banheiro, vou para a cozinha, coçando os olhos com preguiça. Quando foi a última vez que dormi tão bem? Na mesa, além do café, tem bolo de chocolate e waffles. Ele não come essas coisas, então concluo que comprou para mim.

— Obrigada.

Aidan contorna minha cintura com seus braços, deixando um único beijo em meu pescoço.

— Vou tomar um banho, tenho que sair mais tarde. Não bote fogo na minha casa.

— Vou tentar.

°•°•°•°•°•°• ᯽ •°•°•°•°•°•°

Meu telefone e bolsa continuam no sofá do mesmo jeito que os deixei ontem. Interessante como não lembro da existência desse aparelho quando estou com Aidan.

Ligo a tela só para ver centenas de mensagens e chamadas perdidas. A essa altura, todos meus familiares já devem saber o que aconteceu. Vou fazer de conta que não vi essas mensagens desesperadas. Ligo a televisão, mas nem assim tenho escapatória.

— Ah, vai se foder! — Grito para a reportagem, que mostra uma sequência de fotos daquele dia.

Nelas, Aidan está com a inclinação de seu braço em diferentes ângulos. Está claro que sua mão não estaria no meu ombro ou cintura porque está baixa demais. Mas por que ninguém me pergunta o que ele estava fazendo? Por que adoram tirar conclusões precipitadas?

ʀᴇᴘᴜᴛᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴇᴍ ᴊᴏɢᴏ - Aidan GallagherOnde histórias criam vida. Descubra agora