Camila - Camren (Alternative Version)

VI - יָם

Abraço (Latim): A palavra abraço deveriva do latim amplexus, que significa dobrar, entrelaçar.

Mar (Latim): Do latim mare, significa massa de água, lago, mar. Em hebraíco, mar significa Yam ( יָם)

Narrador Pont's Of View

A Land Rover branca percorria as ruas surpreendentemente chuvosas de Newcastle upon Tyne com agilidade e sutil rapidez. O silêncio era desconfortável e Camila limitava o foco em encarar a janela respingada pela chuva. Faziam-se quatro anos, mas pensava que ambos jamais fossem se tornar capazes de aceita-la.

A estranheza os atingia de vez em quando, e, era como pensar que, ao estar na presença de garotos, todo o restante pudesse ser magicamente apagado e curado. No entanto, bastava que garotas entrassem em cena para que tudo virasse novamente um completo inferno.

Preferiam viver vendados na própria ignorância e é verdade:

O pior cego é aquele que não quer ver.

O clima bom na pizzaria era somente frutos de uma maré de calmarias tão frágeis quanto a insegurança de Lauren como garota em seus onze anos de idade.

— Está entregue, mi hija. — Sinuhe Estrabao soltou calmamente, como sempre em seu típico tom controlado e com dosagens misteriosas de afeto.

Era uma boa — no entanto, fechada — mulher. Estava batalhando internamente por aceitações e custava tempo para que as enfim alcançasse. Já Alejandro Cabello — seu marido — sequer parecia ousar tentar. Mesmo que a atitude de convidar a filha para um jantar em uma pizzaria qualquer fosse algo já digno de surpresas.

Vale ressaltar que não houveram jantares de negócio algum anteriormente.

As mentiras... Bom... Elas...

Elas distorcem a realidade de quem as escuta.

E claro:

Quantas delas você já contou, Camila Cabello?

— Obrigado, mama. — A capitã do time de vôlei  agradeceu mecânica, saindo do carro luxuoso.

Tentava a todo custo encurtar qualquer tipo de interação.

A figura loira, perdida em observações com seus olhos intensamente verdes, tirou as mãos adornadas de anéis do volante, deixando que ambas escorregassem para baixo. Encararam-se por muitos minutos e parecia ser uma espécie de guerra fria onde o principal algoz eram pecados, indecência e confusas inclinações para a homossexualidade.

— Eu não consigo te reconhecer, Karla. — Falou calmamente, mas em tons duros de confusão.

— É bom que não reconheça, Sinuhe. — Rebateu secamente. — Me sinto ótima em escutar isso. — Sorriu ardilosamente, tão ousada em respostas mal educadas que pouco causavam em si sensações de arrependimento.

A geniosa latina não se importava com represálias, e foi exatamente por isso que escolheu deixar a casa dos pais dois anos antes, sequer cogitando a hipótese de permanecer ali por mais um dia sequer. Caiu em aspirais de rebeldias tão profundas que de repente olhos castanhos inocentes já não eram mais tão puros assim. Aprendeu a lidar com a maldade, chorou ao ter o coração partido e engoliu o orgulho a seco ao ter de cogitar que seus pais tivessem razão ao colocarem-se contra tudo que escolheu viver.

Se seu peito estava estilhaçado, usaria de seus próprios cacos para que pudesse ferir quem ousasse chegar perto.

E feriu, impiedosamente.