XIII - Homo-sexualis x deceptio. onis.

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N/a: Venho desde já explicitar para aqueles que nunca leram Camila original: Eu gosto de histórias bem desenvolvidas, gosto de camadas e gosto de personagens reais. Aqui não será diferente, a "ausência" de Noah trará muitas mudanças positivas a narrativa, mas de forma contraditória, também trará algumas negativas, a Lauren é uma personagem complexa e Camila também, cada uma com suas falhas, defeitos e medos, assim como qualquer ser humano, inclusive vocês.

Gosto de coisas reais, sentimentos reais, pautas reais e pitadas de alívio cômico, foi assim em Camila Original e será assim também no Universo Alternativo.

Sejam oficialmente bem-vindos a Camila Alternativa, a parte introdutória da história ficou para trás e partir de agora cada vez mais ela se distanciará da história primária.

Boa leitura!
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Newcastle upon Tyne, Inglaterra — Abril de 2020 (4 meses para a formatura e para os Regionais)

Abril... Ele é o quarto mês do calendário gregoriano, o seu nome deriva do latim apirere, numa referência a primavera, abertura de flores, ciclos. Há outra alternativa também, na qual sugere que o mesmo relaciona-se ao nome mitológico Afrodite, nessa, a deusa teria nascido de uma espuma do mar que, em grego antigo, dizia-se Abril; por vez, o mês seria dedicado ao amor, onde todo e qualquer tipo de sentimento é celebrado.

Para mim, Abril poderia simplesmente jamais ter existido, mesmo que, tudo fosse fazer sentido depois, afinal, sempre há explicações para atitudes que julgamos confusas e fora da curva.

As coisas acontecem como devem acontecer, e abril, com o significado ciclos, nunca pôde fazer tanto sentido.

Atravessava os corredores do St. Mary em passos largos e desesperados, como de costume. Era segunda-feira outra vez e completa-se uma semana que eu e minha dupla havíamos nos separado. Dez minutos atrasada e faltando cinco para que a tolerância expirasse, entrei na sala barulhenta agradecendo aos céus que Sir Martin fosse tão atrasado quanto eu, mas meu alivio durou até rever Camila, não adiantava evitar o quão desconfortável tornou-se estar em sua presença, todas as manhãs eram sempre os mesmos revirar de estômago, a mesma ansiedade e o mesmo receio anexado a chateações. Desviei o olhar prontamente, enquanto passava por ela e seus amigos boa pinta de cabeça baixa, sentei-me aos fundos, sozinha, pronta para jogar a bolsa na cadeira ao lado, até que uma presença feminina desconhecida antecipou minhas ações.

Meu lado antissocial gritou, mas nada fiz para impedir o torso feminino de colocar seus materiais em cima da mesa.

— Posso me sentar aqui? — O sotaque não era britânico, puxava mais para o norte-americano, aquilo causou-me um aconchego imediato, mesmo que de fato não a conhecesse.

Concordei mecanicamente, engolindo a seco a vontade em sentar sozinha. Nada fiz, é óbvio, minha gentileza era inevitável, a má impressão que levavam nos arredores se dava porque nunca tiveram a coragem de trocar palavras mínimas comigo.

E agora era tarde demais para isso, afinal, eu também não tinha interesse em conversar com nenhum deles.

— Claro. — Dei de ombros, limitando-me a oferecer-lhe um sorriso cordial sem mostrar os dentes.

A garota de pele bronzeada e traços levemente latinos tinha o seu contraste virado aos olhos. Eram verdes e quase puxados para o âmbar, um tom com certeza único e interessante quando atrelado a seu tom de pele.

Ela era muito bonita, de tal constatação não podia fugir.

Mirei meu olhar discreto para frente, cruzando os braços, de soslaio, soava fácil enxergar e ouvir Camila conversando, os fios claros ainda me eram estranhos, mesmo que houvesse ficado atraente ao extremo.

Camila - Camren (Alternative Version) Onde histórias criam vida. Descubra agora