XXIV - Too Sweett, Hozier, Planetas & Asteróides

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O corpo celeste te acerta, te quebra, muda sua rota — e a dele — mas ele continua o trajeto e você continua girando — só que a agora para o lado contrário. — Camila (Fanfiction).




O sol nascendo através da paisagem na janela jogava para o quarto tons quentes e fracos de laranja, não era tão tarde quanto eu imaginava que fosse ser quando despertássemos. Céu turquesa em fase de clareamento arrastava pelos seus pássaros cantando. Olhei para o lado e grandiosas orbes negras já me observavam, fios platinados estavam presos em um coque e a franjinha despenteada trazia charme aquele ar sonolento.

Buenos dias. (Bom dia) — Sussurrou.

— Buenos dias. (Bom dia) — Sussurrei de volta.

Ao virar de lado, senti meu corpo dolorido como se houvesse corrido uma maratona, mas eram sensações boas quando relacionadas aos motivos certos. Evitei pensar no estado preocupante qual havia chego e também em seu avó no hospital, mantive o foco nela, completamente e inteiramente.

Ela riu, escondendo o rosto no travesseiro.

— Por que está me olhando? — Resmungou.

— Porque você é linda — Rebati timidamente, sentindo o rosto arder.

A jogadora de vôlei voltou a me encarar e aproximou mais o rosto, roçando nossos narizes. Seus olhos fecharam lentamente, o silêncio pairou delicado e não ousei interrompe-lo, abaixando as palpebrás também. Nossos pés tocaram-se em carícias costumeiras e suspirei deleitosa, envolvendo-me naquele clima de preguiça que me fazia perder hora todos rigorosos dias. Ela me puxou para deitar em seus seios nus, acariciou minha nuca, nossos dedos entrelaçaram e desentrelaçaram repetidamente e aquele era o pós sexo esperado para noite de ontem. Apoiei o queixo entre o vão de seus seios e observei o vermelho na região de seu pescoço quando ela coçou o local.

— Vou pegar a pomada para você. — Se ia relutar, não obteve tempo, alcancei o guarda roupa, mexi na caixinha de remédios e sentei com o tubo em mãos — Você tem alergia a esse? — Mostrei a embalagem.

Ela balançou a cabeça em negação.

Apliquei a pomada com delicadeza nos lugares onde reclamou estar incomodando, durante o processo, algumas lágrimas escorreram e ela limpou todas elas rapidamente.

— Não queria que você me visse assim. — Sentadas lado a lado com as pernas dobradas, observávamos agora o sol nascer da janela, o cheiro de corticoides perambulava pelo ambiente.

— São suas alergias, o seu corpo, não sinta vergonha disso. — Falava baixo — Demora muito para aliviar?

A atleta deu de ombros, apoiando o queixo no meu joelho mais próximo de si. Unhas coloridas escorregaram por minha pele cuidadosamente, e seu estado tão silencioso dava pistas que a névoa que construimos chegava ao fim. Ela não respondeu minha pergunta, mas substituiu com tato. Em retribuição, inclinei o corpo levemente por cima do seu e beijei fios claros repetidamente, escondendo o rosto em mechas platinadas cheirosas. O silêncio era vazio, dolorido, seus ombros passaram a tremer e o pranto baixinho não passou despercebido em meus ouvidos. Desfiz a posição que estávamos, a abracei e deixei que chorasse de verdade.

Foi o que ela fez.

Aquele choro era bem mais consciente do que todos os outros, como se sua mente estivesse enfim aceitando de forma real o acontecido mesmo que confirmações não houvessem chego ainda. Não havia mais desespero, incongruência e ansiedade, era apenas dor, dor e dor. Lágrimas escorreram sem parar, lavando meu pescoço, e com o coração apertado, chorei também, absorvendo aquela dor para meu coração com empatia.

Camila - Camren (Alternative Version) Onde histórias criam vida. Descubra agora