capitulo 7 - Confusão, parte 2 -

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O paulista chorava, e muito.

Os três amigos presentes o abraçavam e tentavam confortar o paulista, o garoto chorava descontroladamente, estava inconsolável.

-ô 'bixin... calma tá bom? 'Nois tá aqui com 'ocê! - Miguel, o mineiro, foi rápido a tentar consolá-lo quando viu que o menor estava prestes a derramar lágrimas secas, já que nem sequer havia mais lágrimas ali para se derramarem. - Vai ficar tudo bem...-

-Não, não vai! Sabem o que aquele filho da puta me falou?! - O paulista exclamou, e olhou para os demais presentes, que se entre olharam e acenaram em negação com a cabeça. - Ele me chamou de puta, disse que eu ter entregado meu corpo a ele não foi suficiente, falou do meu ex! DA PORRA DO MEU EX! - O paulista ainda chorava, mas agora de raiva. Sentia-se indefeso novamente... Como o carioca em tão pouco tempo poderia ter feito um estrago tão grande? Essa pergunta pairava na cabeça de todos.

-Ele o que?! Tá zoando né?! Porra! - Ana Paula, a capixaba, esbravejou antes de sair do quarto. Assim que a pequena saiu, a baiana Maria Rita - a mais responsável ali presente - decidiu tomar as rédeas da situação.

-Paulinho meu menino... Escute bem o que vou lhe dizer, tá bom? - O paulista mesmo que aéreo, passou a prestar atenção, e apenas assentiu. - Você precisa se acalmar, pra ver essa situação em um todo. Até porque, imagino que o buraco seja mais embaixo. Conhecendo Ricardo como conheço, sei que ele 'num quis dizer isso, ele é estourado, e guarda demais as coisas, mas quando solta, extrapola, e fala o que não quer. Com a mãe dele por exemplo... - A baiana parou, suspirou, e voltou ao rumo. - Enfim. Daqui um tempo, escute ele, e conversem, aí fica ao teu critério perdoar o menino ou não. Mas não se apresse, não vá direto, até porque, os dois ainda estão alterados. E também não se atrase, resolva essa questão, pra 'num morrer com rancor aí nesse teu peito. Tá bom, meu menino? - A morena disse calmamente, como se fosse a voz da razão ecoando na cabeça de Sandro. O paulista a abraçou com os olhos marejados e concordou com a cabeça. A baiana se sentou na cama e deitou a cabeça do paulista no seu colo. - Quer ficar dentro do quarto conversando, chorando e cuidando do rosto? - O paulista concordou novamente. - Ótimo. Ricardo não pisa o pé aqui nesse quarto hoje, vai ser eu, tu, o mineiro, e a capixaba. 'Mineirin, busca uma água e um salgado lá pra Paulinho. - O mineiro logo foi de prontidão.

Em outro quarto, ao mesmo tempo desse diálogo:

No quarto de João, o pernambucano, Ricardo andava de um lado para o outro.

-O que foi isso, macho?! Sandro saiu chorando, você gritando... Não me diga que...? - João perguntava preocupado.

-É, João! Eu falei merda, muita merda! Agora Sandro nem olhar mais na minha cara vai! - Ricardo parou, com preocupação, medo, e insegurança no rosto. E com os olhos marejados.

-Com razão, né - o sul-mato-grossense disse escorado na parede.

-E esse é o pior! É com razão! Eu extrapolei, buco... E vou perder alguém que amo pela segunda vez, porque sou um vacilão de merda! - Ricardo se sentou na cama ao finalizar sua fala, e logo uma capixaba em fúria, abriu a porta de supetão, como um furacão, já com o dedo apontado na cara do outro sudestino.

-Escuta aqui seu filho de uma puta! Você tem noção do que falou?! Pode até ser que você tenha explodido, que tenha seus problemas, mas não justifica! Todos temos nossos demônios, mas você escolheu pensar só e exclusivamente no seu ego, e ignorar as dificuldades, problemas, empecilhos e, bloqueios do Sandro! Agora, você tá aqui, sentindo o peso do que fez e falou, eu espero. E o MEU menino tá lá, chorando até a alma, com a cara mais vermelha que um tomate, e os olhos pequenininhos e vermelhos de tanto chorar! Ta pior que o Jesus praiano depois de fumar 5 baseados! - Disse se referindo ao Vitor, o maranhense. - Vai fazer uma terapia cara! - Ela logo saiu, indo para a cozinha, já que viu Miguel indo para lá.

Barraco, confusão, dedo no cu e gritaria. Onde histórias criam vida. Descubra agora