·․·․· ♪ FOI NAQUELE SHOW - GUAPODUO AU ♪ ·․·․·

⇢♪ ONDE TUDO COMEÇOU ♪⇠

 Richarlyson puxava seu pai pela calçada, animadíssimo, ele nem acreditava que seu pai realmente tinha comprado um convite para o show de sua Boyband favorita! E ficou ainda mais surpreso quando ele resolveu ir junto.

Chegaram na entrada do estádio que aconteceria o show, e cortaram boa parte da fila, pois, não bastou ele ter aceitado comprar o ingresso, ele comprou o VIP!

O garoto estava visivelmente muito feliz, usava um moletom da banda sobre a camiseta do brasil, que tinha o nome e todos os membros da banda LosMexic na parte de trás. Também era visível que o seu responsável estava extremamente desconfortável e infeliz. Cellbit ainda usava suas roupas de trabalho, uma blusa social branca, um colete preto e uma gravata verde, tinha olheiras gigantescas embaixo dos olhos e seu cabelo estava todo bagunçado, diria que estava acabado, capenga, xoxo, fodido, desgraçado, arregaçado, puído e por aí vaí...

Ele estava muito cansado, tinha passado a noite anterior acordado, tentando resolver um caso difícil, que nenhum dos funcionários do departamento de polícia conseguiam resolver, mas, mesmo dormindo pelos cantos, ele não ia cancelar de ir ao evento com o filho, não, ele tinha prometido a Richas que iria junto, e ia cumprir essa promessa, sabia o quão importante isso era para o pequeno, que já não era tão pequeno assim. Seu filho estava crescendo, e não queria perder seus momentos felizes por causa do trabalho.

Além disso, Pac o mataria se cancelasse assim de última hora.

Enquanto isso, no camarim, Roier se fitava no espelho. Mais um show. Ele pensou, cansado. Não o entenda mal, ele ama os shows, adora a sensação de estar no centro das atenções, mas... ele estava cansado. O tour pela América Latina o desgastou muito, e o fato de seu namorado ter o traído meses antes do tour começar o deixou pior ainda. É difícil dançar, cantar e sorrir quando na verdade tudo que queria fazer era deitar e chorar.

  -  O show começa em 10 minutos. Deem uma última checada nos seus visuais e vão para os seus lugares. - O produtor falou da porta do camarim.

Roier botou sua faixa azul icônica na cabeça, deu um último suspiro e foi arrumar sua lapela para entrar no palco.

Já estavam dentro do estádio, e Richarlyson delicadamente chutava as pessoas para fora de seu caminho, só para conseguir um lugar nas grades que davam para o palco.

  -  Bem famosinho esses los mexicanos, em? - Seu pai falou em um tom alto, mas mesmo assim Richarlyson não tinha ouvido, as pessoas ao redor eram barulhentas.

  -  Ahn?Não ouvi! - Richas respondeu quase gritando - Calma, quando a gente chegar perto do palco a gente conversa.

E, quando finalmente conseguiram um lugar em que ambos conseguissem ver o palco, o show começou.

Todas as luzes apagaram, e os gritos dos fãs triplicaram. Cellbit teve que segurar Richas no lugar para ele não pular as grades e invadir o palco, tamanha animação do garoto. As vozes dos cantores começaram a entoar pelo estádio, por mais que ainda não estivessem no palco, e os fãs já tinham começado a cantar junto, inclusive Richas.

Finalmente, as luzes direcionadas para o palco começaram a acender, e os participantes apareceram, um de cada vez, com um intervalo de quatro segundos cada um. Cellbit observava o palco com indiferença, simplesmente não conseguia entender o que aqueles garotos tinham para atrair tanta gente assim. Veja bem, o investigador em si não era um grande fã de pop, ele preferia mais o Jazz e o Blues, era mais das antigas, e não entendia o conceito dos shows de coreografia que davam, preferia os shows "normais" onde a banda apenas se apresentava cantando e tocando seus instrumentos, sem grandes malabarismos.

Ficou pensando nisso de braços cruzados, enquanto os membros da banda apareciam, simplesmente não conseguia encontrar um bom argumento para explicar o porquê deles serem tão famosos, simplesmente não fazia sentido e...

Oh...

O pensamento do loiro foi cortado quando o último integrante apareceu no palco. Um garoto, deveria ter no máximo uns 23 anos de idade, com o cabelo castanho preso por uma faixa azul de cabeça, tendo um belo delineado e uma sombra vermelha decorando os olhos amendoados, e um blush rosinha deixando suas bochechas adoráveis. Suas roupas também eram lindas, destacavam o peitoral do garoto, sendo elas uma blusa preta de gola alta e uma jaqueta de couro preta, mas com uma aranha em vermelho decorando a parte da costas, ele também usava alguns acessórios, como luvas vermelhas, correntes finas de ouro em seu pescoço e brincos de aranhas, também vermelhos.

Sinceramente? Era o garoto mais bonito que tinha visto em sua vida inteira.

Seria o que Roier falaria se alguém perguntasse para ele sobre o homem que estava na fileira da frente do palco.

Assim que entrou em cena, ele chamou sua atenção. No começo das músicas não tinha muita coreografia, o que era bom para dar uma olhada na plateia, e aquele homem atraiu seu olhar como um imã.

Ele se destacava na multidão, pois a maioria da plateia eram pessoas jovens, adolescentes, na sua maioria, garotas, que ficavam loucas e ensandecidas com a aparição dos membros do grupo, gritando seus nomes e pedidos de casamento que seu perdiam pelos ares, não homens já barbados que ficavam sérios a todo momento.

Ele não parecia ser tão velho, por mais que tivesse uma mecha de fios brancos na frente do cabelo loiro. Tinha uma bela barba, bem feita, usava roupas sociais que deixava seu peitoral bonito, e os braços fortes estavam ainda mais destacados com eles cruzados. Tinha uma feição séria, boca fina e pressionada, e não pode deixar de notar que tinha uma cicatriz na parte esquerda do rosto, que ia da orelha até o meio da bochecha, e... os olhos... Não importa quantas luzes estivessem apontadas para ele, os olhos azuis do homem na plateia foi o que o iluminou.

Depois de um momento o analisando, Roier percebeu que ele também estava o observando, e, por um segundo, eles trocaram olhares, que logo foram desviados pelo início da música, ou talvez pelo garotinho de cabelo cacheados que puxou o pai para sussurrar animadamente o nome de todos os integrantes.

Durante todo o show Cellbit não olhou para nenhum outro integrante além do garoto de jaqueta de aranha, desviando o olhar dele apenas para checar se Richarlyson não estava escalando as grandes novamente, e, em compensação, Roier tentava ao máximo olhar para os olhos azuis, sempre que a coreografia o deixava, olhava novamente para aquele homem, parecia até que quem estava fazendo o show era ele, de tanto que Roier o olhava.

O show continuou, muitas músicas foram cantadas e já estavam na última. O passo da coreografia era o seguinte, um passo para frente, fazer um coraçãozinho com o dedo para a plateia e girar, deixando a cabeça virar por último. Quando Roier foi fazer o passo, os olhos azuis se encontraram novamente com os castanhos, e, fazendo sem pensar muito, Roier deu uma piscadela para o homem de mecha branca antes de dar o giro.

As bochechas do investigador se tornaram vermelhas de um segundo para o outro. Ele tinha percebido os olhares do outro durante o show, mas achava que aquilo era normal, um tratamento de cantor para o palco, mas aquela piscadela? O pegou desprevenido, e não parecia algo direcionado a todos, eles tinham trocado olhares porra, era algo direcionado para ele, algo que com certeza não estava esperando.

E o loiro olhou para baixo, tentando se convencer que era normal, só um tratamento feito para um fã, e percebeu os olhares confusos de Richarlyson, que alternava entre o cantor e o pai. Quando ele percebeu as bochechas rosadas de Cellbit, a única coisa que falou foi:

  -  Pai, ELE ACABOU DE FLERTAR CONTIGO?! - Em um tom bem alto e meio desacreditado. Por sorte, não foi alto o suficiente para todo o estágio ouvir, mas algumas adolescentes que estavam em volta o olharam, algumas confusas, outras com sangue nos olhos.

O show acabou poucos minutos depois, e foi só no final que Cellbit criou coragem de olhar para o cantor de novo, (in)felizmente, dessa vez ele não estava o olhando de volta.

Mas, antes de sumir do palco e finalmente acabar o show, Roier não pôde deixar de olhar uma última vez para aqueles belos olhos azuis, tentando guardar eles na memória, para caso se trombassem por aí, ou nunca mais se vissem.