Mentalidade

Capítulo VIII

Jingyi se sentia estranho, ele estava leve, leve como uma pluma, ele abriu os olhos e notou estar na praia, no exato dia que ele tentou se matar no mar.

Ele conseguia assistir toda a cena, como se fosse um espectador daquele dia. Conseguiu ver quando Qi Xiong correu até ele para o salvar. Por um momento Jingyi pensou em correr até o amigo, mas logo lembrou que tudo não passava de uma lembrança e não poderia o tocar.

Até de repente ele sentir uma mão em seu ombro, ele se virou e não acreditava no que via, sem contratempos, ele se jogou no abraço do outro o mais rápido possível.

— Qi'Ge!

Qi Xiong deu um pequeno sorriso e apertou o abraço contra Jingyi de forma carinhosa.

— Jing'Di...

O Lan ainda não conseguia crer que estava abraçando seu amigo que sentia tanta, tanta falta, era quase inacreditável... Logo Qi Xiong soltou o abraço e olhou para o rosto do menor com um leve sorriso.

— Você sabe que... você morreu, né?...

Jingyi concordou com a cabeça, mesmo estando feliz que pode ver Qi Xiong, ele se sentia triste por deixar os outros.

O sorriso dele se desfez ao ver Qi xiong desaparecer da sua frente, ele olhou em volta e percebeu não estar mais na praia e sim... Na casa de Qi Xiong no meio da noite.

Ele deu uns passos pelo lugar até ouvir som de choro, quando virou em um cômodo, ele paralisou ao ver a cena do suicídio de Qi Xiong ao vivo.

— Qi'Ge!

Jingyi correu até o garoto, mas ele não conseguia fazer nada, suas mãos atravessavam o corpo de Qi Xiong, afinal, Jingyi era apenas um espírito.

— A culpa é minha... A culpa é minha...

Ele murmurava para si mesmo em desespero enquanto olhava para o corpo do outro no chão. Jingyi culpava a si mesmo, sentia que poderia ter impedido, por mais que não houvesse como, mas ele poderia ter evitado de alguma forma.

— Me perdoa, Qi'Ge, por favor! Por favor...

Lágrimas rolavam pelo seu olhar. Novamente ele sentiu uma mão em seu ombro o fazendo se virar, Qi Xiong o puxou para um abraço apertado de novo.

— A culpa não foi sua...

Ele falou baixinho e de forma suave, enquanto passava as mãos pelo cabelo do menor, que devolvia o abraço na mesma intensidade e deixa as as lágrimas saírem.

De novo o ambiente em volta mudou, agora eles estavam na beira de um penhasco, Jingyi sentia o vento bater em seu rosto, fazendo seu cabelo voar para trás. Qi Xiong olhava para ele com um meio sorriso simples e depois para o horizonte, logo falando com a voz calma:

— Você quer ouvir uma coisa engraçada?... Bem irônico, na verdade

Jingyi fica meio confuso, mas ele assentiu com a cabeça.

— Quero, o que seria?

Qi Xiong solta um riso anasalado e respira fundo antes de começar.

— Eu nasci no dia 8 do mês de agosto, no oitavo animal do calendário chinês, exatamente as oito horas da manhã

Ele fez uma pausa para pensar em como continuar e logo volta a falar.

— Já você, no dia 4 de abril no quarto animal do calendário... Mas agora vem a ironia...

Qi Xiong tira seu olhar do horizonte e olha para Jingyi, dando um sorriso simples se suave.

— Eu sou, Yanluo