𝘼 𝙂 𝙉 𝙀 𝙎 | V.H

『006』

A noite caía sobre o navio pirata, mas Agnes sentia mais do que a escuridão física ao seu redor. Uma sombra de negação pairava em sua mente, como se a realidade dos eventos recentes se recusasse a se solidificar. Enquanto Vicent a conduzia pelos corredores do navio, sua mente era um turbilhão de questionamentos não expressos.

Vicent, com sua aura misteriosa, parecia decifrar os pensamentos ocultos de Agnes. Ele sorria enigmaticamente, como se conhecesse os recantos mais sombrios de sua resistência interior. A garota sentiu uma corrente invisível, um jogo de forças que transcendia as palavras.

— A Terra do Nunca é mais do que lendas infantis, Agnes. É uma realidade entrelaçada com nossa existência, e você, querendo ou não, está no centro dessa trama — sussurrou Vicent, seus olhos carregados de mistério.

Agnes, mesmo em silêncio, estava em um dilema interno. Cada passo que dava ao lado de Vicent a afastava mais do conforto de suas antigas crenças. Vestida com o vestido negro que agora parecia mais uma armadura do que uma simples vestimenta, ela se perguntava se aceitar esse destino seria realmente uma escolha.

Vicent percebeu a luta silenciosa de Agnes. — Sei que isso é difícil de aceitar, mas há um poder dentro de você que precisa ser despertado. Barba Negra via além das aparências, assim como eu vejo.

A negação de Agnes permanecia, mas o mistério de Vicent envolvia seus pensamentos como uma teia intrigante. Ela questionava se suas emoções e intuições poderiam ser confiáveis diante desse enigma de um homem que agora guiava seu destino.

— Você pode resistir o quanto quiser, Agnes, mas o destino é inexorável. A bússola em minhas mãos não mente, assim como os segredos que pairam sobre a Terra do Nunca. — Vicent segurava a bússola com firmeza, como se sua conexão com ela fosse além do metal e da agulha que girava.

A noite avançava, e o mistério entre Agnes e Vicent se aprofundava. Enquanto o navio cortava as águas escuras, ela sentia que cada onda carregava consigo um segredo não revelado. No entanto, a resistência persistia em seu olhar, como se ela tentasse desafiar não apenas Vicent, mas o destino que ele representava.

— Você é parte de algo maior agora, Agnes. Seu papel nesta história está apenas começando, e nem mesmo sua negação silenciosa pode alterar o curso que estamos traçando.

O olhar de Agnes encontrou o de Vicent, e por um momento, ela sentiu que suas almas se entrelaçavam em um pacto silencioso. Enquanto o navio navegava para o desconhecido, as estrelas observavam a dança de mistério e resistência que se desenrolava a bordo.

A verdade ainda permanecia oculta nas sombras, e Agnes se via navegando por um mar de enigmas, com Vicent como o capitão de um navio que desafiava não apenas as correntes do oceano, mas as correntes do próprio destino.

À medida que Agnes seguia pelos corredores do navio na esteira de Vicent, os outros tripulantes começaram a notar sua presença. Murmúrios sussurrantes preenchiam o ar enquanto olhares curiosos se voltavam em sua direção. Mesmo na penumbra, Agnes conseguia sentir o peso das expectativas que recaíam sobre ela.

Enquanto passava pelos marinheiros, notou que alguns se ajoelhavam, outros inclinavam a cabeça em sinal de respeito. Era como se a simples presença dela fosse suficiente para evocar um comportamento deferente. Majestade, era assim que a tratavam, embora a garota ainda se considerasse uma prisioneira de circunstâncias inexplicáveis.

Os murmúrios se transformaram em sussurros, e Agnes podia sentir olhares perscrutadores fixos em suas costas. Vicent, ao lado dela, parecia imperturbável diante da reverência silenciosa da tripulação.

— Eles te veem como uma peça fundamental nesta história, Agnes. Seja a líder que eles precisam, mesmo que por enquanto não compreenda completamente o papel que desempenhará — comentou Vicent, mantendo seu tom enigmático.