𝐃𝐞𝐯𝐢𝐥'𝐬 𝐍𝐢𝐠𝐡𝐭 | ᴛᴏᴜʏᴀ ᴛᴏᴅᴏʀᴏᴋɪ, ᴅᴀʙɪ x ʟᴇɪᴛᴏʀᴀ

04

Touya Todoroki

   — Boa noite, me chamo Touya — falei com o porteiro, que tirou os olhos do jornal que deveria ter lido de manhã. — Sou um amigo da senhorita D'Orleans. Hoje é aniversário dela, vim trazer um presente.

— Boa noite, garoto. A senhorita não me avisou que receberia visitar hoje.

— Pode ligar para ela? Sei que está tarde, mas só pude vir agora.

Segurava minha vontade de revirar os olhos para aquele velho, por mais que ele apenas estivesse fazendo o trabalho dele, sentia ele me julgando de cima a baixo como um trapo.

Suspirando, ele ligou. Amansou a voz para falar com ela. Porra, eu estava segurando peso, não estava com saco para esperar que ele fizesse todo o programa dele para perguntar se eu poderia ou não subir para ver ela.

Talvez ela nem me liberasse, sumi fazem duas semanas. Justo ela ter ficado irritada e eu simplesmente aparecer na casa dela à noite, no aniversário dela. Talvez nem em casa ela esteja.

— A senhorita está perguntando o que você trouxe.

— É surpresa.

Parece que ela não está não brava quanto eu imaginei.

— Pode subir, ela pediu para avisar que irá tomar um banho rápido, e também para que não se importe com o estado do apartamento.

Apenas acenei após ele dizer o andar e o apartamento, claro que era na cobertura.

Eu pensava que esse povo rico tinha gente trabalhando pra eles toda hora, então talvez isso de me importar com o "estado" do apartamento seja pura educação para uma almofada jogada no chão.

Subi pelo elevador, pensando se estou sendo invasivo de mais. Sei que estou, mas ela me trás um pouco de curiosidade, e nosso último "encontro" foi curioso. Ela vai direto ao ponto sempre, e estou apenas torcendo para que o corretivo em meu rosto esteja muito bem feito para que ela não entre em assuntos que não estou preparado o suficiente para conversar.

Como ele disse, a porta estava aberta.

E puta quê pariu, não ligar? Isso aqui parecia um hospício! Mais papéis jogados no chão do que móveis na casa, ela é maluca?

Suspirei, não aguentando ver isso. Coloquei o bolo que fiz em cima da mesa, já colocando as velas, procurei um saco de lixo e juntei todos os papéis que encontrei.

Até chegar em seu caderno marrom.

Estava aberto, e com uma letra. Não pude resistir, acabei lendo.

Não sei se ela escrevia tudo sobre ela, mas se fosse, ela era bonita de mais para escrever uma letra sobre comparação.

Escutei uma porta se abrindo, julguei ser a do banheiro. Corri atrás de um isqueiro, fazendo o menor barulho possível, e acendi as velas e desliguei as luzes.

Depois de alguns segundos, escutei seus passos inseguros pelo escuro.

— Feliz aniversário, Milady.

☆

Ela me deixou ficar, e eu apenas me pergunto quantos problemas mentais essa garota tem em deixar literalmente um estranho subir até seu apartamento.

Talvez apenas não quisesse ficar sozinha no aniversário. Ainda assim, era estranho. Mal nos conhecíamos, e eu esperava que ela me chutasse daqui.

Ela colocou música na TV, e eu fazia uma macarronada simples para ela jantar. Disse que eu estava livre para mexer na cozinha, então cá eu estava.