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Já haviam se passado duas semanas, e eu ainda andava com a luva em minha bolsa para devolvê-la ao dono.

Cheguei até a procurá-lo em redes sociais, e nada. Ele parecia invisível. Como um garoto de 15 anos (supondo que ele tenha a mesma idade que eu) não tem uma rede social se quer? Deve ser um maniaco.

Como sempre, eu estava no parque. Nesse tempo escrevi muitas letras, e também joguei todas fora. Eu queria algo diferente. Não sei exatamente o que, não sei como fazer isso dar certo.

Eu amo cantar, amo escrever, amo tocar vários instrumentos, e mesmo assim nunca consegui compor algo. Devo ter algo errado em meu sistema.

— Oi.

Pulei pelo susto, quase caindo do banco. Pus a mão no peito, olhando para trás, apenas para ver Touya.

— Olha, eu sei que não te conheço para falar isso, mas tem jeitos mais eficientes de falar com alguém se quase matar essa pessoa do coração, sabia?

— Você só sabe olhar pra frente, se eu quisesse ter roubado essa sua bolsa, eu roubava.

— Está mais falante que da última vez, Touya.

— Hoje está menos frio que aquele dia, Milady.

— Milady? — Sorri sem graça, olhando para trás.

Como da última vez, ele estava de preto, moletom e calças de moletom.

— Sim, me chamou de cavalheiro da última vez, quis retribuir. — revirei os olhos, mas achando graça da situação. — Qual seu nome, Milady?

— D'Orleans. [Nome] D'Orleans.

— Olha, é uma lady mesmo. — Sorri novamente, ele não estava tentando ser engraçado, mas era um pouco.

— Não, infelizmente não sou. — mexi em minha mochila — Trouxe suas luvas, Touya.

— Pode ficar para você — o olhei — Milady.

O olhei com intriga, e pensei em algo que me beneficiava um pouco. Não nego, ele me intrigava.

— Com uma condição — senti um frio na barriga ao impor algo para alguém que eu mal conhecia.

— Se eu disser um não para alguém como você, é capas de ter seguranças para ir atrás de mim e me matar, Milady.

— Não tenho seguranças, Touya. Sou só uma estudante entediada.

— Qual seria sua condição? — se apoiou no escoro do banco, olhando para mim com curiosidade.

— Ir agora tomar um café comigo e fazer um jogo de perguntas de bate volta. — Eu preciso escrever, e quem sabe conversar com um estranho me ajude.

— Só se eu pagar o seu.

— Não vejo problemas.

Havia uma cafeteria cruzando a rua, tal qual eu sempre comprava meu café da manhã. Me levantei, peguei minha mochila, segurei meu caderno marrom e coloquei a caneta atrás da orelha.

— O que você tanto escreve, garota? — questionou, e ao ficar ao lado dele caminhando vi o quanto ele era alto.

— Já quer começar a jogar? — olhei para ele, sorrindo.

— Vamos estabelecer regras sobre isso, ok? — acenei com a cabeça — Não se responde uma pergunta com outra pergunta.

— Não pode sair do assunto.

— Não vale mentir.

— Nem contornar a pergunta.

— Estou de acordo — disse ele.

𝐃𝐞𝐯𝐢𝐥'𝐬 𝐍𝐢𝐠𝐡𝐭  | ᴛᴏᴜʏᴀ ᴛᴏᴅᴏʀᴏᴋɪ, ᴅᴀʙɪ x ʟᴇɪᴛᴏʀᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora