Touya Todoroki
Eu não iria ficar, não sabia exatamente para onde iria, mas não posso ficar aqui. Quem sabe daqui uns meses se ainda continuarmos nos falando.
Depois de toda a minha história, ela seguiu um pouco amuada. Tentei melhorar seu humor, mas não tive muito sucesso. Então, mudei de estratégia.
— Você tem algum instrumento aqui? — Seu olhar saiu da televisão, sorrindo fino para mim.
— Alguns — afirmou, e eu entortei um pouco a cabeça, animado para vê-los. — Tenho um quarto para isso.
Ela se levantou, a segui prontamente.
A porta era preta, logo que a abriu vi o isolamento acústico em todas as paredes. E Deus, se isso eram alguns, eu não poderia dizer o que eram muitos.
Um tapete de pelinhos branco estava pelo chão todo, protegendo os instrumentos. Bateria, piano, guitarras — uma parede só de guitarras —, dois baixos, um preto e outro vermelho. O violino que ela odeia, um teclado, violão, e alguns microfones espalhados. Claro, ela também tinha uma mesa para compor e editar as músicas que ela não faz.
— Isso é incrível pra caralho — sussurrei, impressionado.
— Pena que não consigo usufruir como gostaria — seu semblante seguia desanimado, me causando um pouco de angústia.
Porra, eu queria vê-la alegre. Não assim.
— Lembra o que conversamos — não a olhei ao prosseguir — O que você pode tocar? Queria ver teus dons.
— Não sei se estou na vibe, Touya.
— Eu vi a música que escreveu, Jelousy. — Os olhos se esbugalharam, mas prossegui — Não sei como alguém como você consegue pensar nisso, mas eu queria ouvir.
— Se você soubesse como alguém como eu só sabe pensar nessas coisas, você se assustaria. — Guardei meus comentários ridículos — Se você souber tocar bateria, podemos tentar.
— Sei um pouco, deve dar pro gasto.
— Não tenho as cifras, não fiz ainda nenhuma batida. Deixo nas suas mãos, e eu vou inventar algo no baixo. Certo?
Ela respirou fundo, e eu fui até a bateria. Brinquei um pouco enquanto ela pegava o baixo vermelho, parei quando vi que ela iria afinar.
Peguei seu caderno com a música, apoiei em sua frente, liguei os equipamentos e conectei tudo que havia para conectar. Ela só precisava cantar e tocar.
Me sentei atrás da bateria com as baquetas em mãos.
— No três — ela disse.
— 1! 2! 3!
Novamente, ela respirou fundo. Esperei que ela começasse com a voz e logo com o baixo, aguardando a hora certa de entrar.
— "Eu meio que quero jogar meu celular do outro lado da sala
Porque tudo o que eu vejo são garotas muito boas para serem verdade
Com dentes brancos como papel e corpos perfeitos
Eu queria não me importar""Eu sei que a beleza delas não falta em mim
Mas parece que esse peso está nas minhas costas
E eu não consigo esquecê-lo"Entrei.
"Com-comparação está me matando aos poucos
Eu acho que eu penso demais
Sobre gente que não me conhecem
Eu estou tão cansada de mim mesma
Eu preferia ser, preferia ser
Qualquer pessoa, qualquer outra pessoa
Meu ciúme, ciúme começou a me seguir
Começou a me seguir"
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𝐃𝐞𝐯𝐢𝐥'𝐬 𝐍𝐢𝐠𝐡𝐭 | ᴛᴏᴜʏᴀ ᴛᴏᴅᴏʀᴏᴋɪ, ᴅᴀʙɪ x ʟᴇɪᴛᴏʀᴀ
FanficO passado era impiedoso e impossível de ser mudado, ele apenas estava lá e você decidia se tomava as mesmas atitudes que antes ou mudava. Tantas desavenças podem acabar rompendo uma relação, ou a tornando inabalável. Bastava que vocês dois descob...