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Nova York (9 anos atrás)

Olívia

     Mal consigo acreditar nessa noite. Eu e Touya ficamos até 2 da manhã assistindo um filme horrível de romance — que obviamente eu escolhi —, aqueles bem clichês, mas não os bons. Rimos de vergonha alheia, achei fofo em algumas partes, e quando percebi, estava deitada no ombro dele.

— Foi fofo — falei, sobre o final.

— Clichê — complementou.

— E isso aqui não é? — questionei, olhando para ele ainda escorada em seu ombro.

— Esse é o tipo de clichê que eu gosto.

— Você é bem facinho de se ganhar, não é? Ou só está me manipulando — sorri, por mais que fosse piada, ainda tenho medo de ter uma gota de verdade.

— Fui facinho pra você desde que me obrigou a ir tomar um café contigo, sem sequer me conhecer. Isso é perigoso, sabia?

— Na minha cabeça eu tinha duas hipóteses: Ou você seria um cara legal, ou aqueles maníacos. Ainda não decidi qual é.

— Não decidiu e está deitada em um possível maníaco na sua própria casa? — seus olhos avermelhados se viraram para mim.

— Não tenho muito medo de morrer — dei de ombros — Mulheres tem mais medo de estupro do que de morte. — Todo o bom humor dele sumiu. — Calma, não tô insinuando que aconteceria isso nem nada do tipo, okay? Confio em você, por mais que não devesse.

— Você faz isso com frequência? Deposita confiança em pessoas que você mal conhece?

A pergunta soou mais como uma preocupação do que arrogante.

— Não — admiti — Mas costumo ter uma boa intuição. E ela me diz que você não me faria mal físico. Emocional eu já não sei.

— Respondendo a sua dúvida — começou — Sou um pouco dos dois. Com você, sou mais legal; quando se trata de você, posso ser mais o outro lado.

— Ah, tipo quando você quebrou o meu par no meio para ir comigo ao baile? Entendi.

— É, tipo isso. — nossos olhos se fixaram por alguns segundos, antes que ele voltasse a falar. — E a camiseta que ia me emprestar, nada né? Gostou da visão?

Deixei que um sorriso ladino surgisse, sem desviar os olhos.

— Gostei, algum problema? É tímido, Touya? — provoquei, cruzando os braços sem me afastar.

— Sobre isso? — olhou para o próprio corpo, sorriu e direcionou a atenção para mim novamente — Não. Mas você me surpreendeu.

— Eu? — franzi as sobrancelhas — Com o quê?

— Aquele dia que eu vim aqui, todas as vezes na verdade, você estava de calça e moletom. Por que hoje está quase nua?

Não aguentei segurar a risada, mesmo que fosse um pouco de vergonha.

— Não estou quase nua, mas se você olhasse mais para meu olho ao invés do meu sutiã, talvez percebesse isso — provoquei.

— Não fale essas coisas — pediu, desviando o olhar de meus seios — Eu tô chapado, não me responsabilizo pelo o que posso dizer se você ficar falando isso.

— Fumar é sua poção da verdade, Touya? — deixei que meus olhos também vagassem pela ótima visão que eu tinha.

— Beber vinho deve ser a sua, falando que eu estava olhando para seu peito, mas não para de me olhar também, não é? Eu chamo de hipocrisia.

𝐃𝐞𝐯𝐢𝐥'𝐬 𝐍𝐢𝐠𝐡𝐭  | ᴛᴏᴜʏᴀ ᴛᴏᴅᴏʀᴏᴋɪ, ᴅᴀʙɪ x ʟᴇɪᴛᴏʀᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora