A escolha

A herdeira

-Tá tudo bem, Kate?- Amélia me ajudou a tomar a consciência.

-Tá tudo bem sim, só acho que tem alguma coisa fora do comum na área, ainda não estou escutando a flauta.

"Se aproxime, se aproxime". Agora estava normal.

-Me siga- falei para Amélia, que andava curiosa logo atrás de mim- É muito perigoso, é normal que fique tentada a ficar aqui e se juntar.

-Está sentindo isso, não está?

-Sim, odeio pensar em ficar, principalmente agora que encontrei um pai que me ama e cuida de mim- Antes que pudéssemos continuar a conversar, chegamos ao local em que queria.

-O que deseja de novo em minhas terras? finalmente superou as coisas mundanas Katelyn?- O monstro falava de forma infantil e clara- E vejo que trouxe uma amiga consigo.

-Não convém a você o que eu vim fazer aqui- Falei, já estressada com o que estava acontecendo - Desejo um mapa de Astória, para achar Poppy Jones- Vendo que o monstro, não estava interessado em me indicar ele- Eu, Katelyn Alguma Coisa, prometo, sob o selo de Abdan, que não forçarei a saída de ninguém da terra do nunca, e vou sair como entrei se não conseguir o que quero- Falei para Amélia apenas concordar com a cabeça.

O mapa apareceu em minha mão.

-O que significa essas palavras estranhas?- Amélia questionou.

-Olhe com mais atenção.

As palavras mudaram rapidamente. Poppy estava no porto do esquecimento.

-Isso é um sinal péssimo- Falei, olhando o caminho que teríamos que seguir.

-Porque está falando isso?

-Ela quer esquecer tudo e voltar a ser como era antes, é para isso que as pessoas vão para o poço do esquecimento. Mas, as pessoas se esquecem de tudo. Tudo mesmo. É impossível lembrar seu nome, as pessoas que você ama, da onde você veio, data de nascimento e há quanto tempo está aqui.

-Mas se ela já está lá, como vamos impedir isso?- Amélia se senta no chão e coloca a mão na cabeça, preocupada com a irmã e com os pais, segurando uma lágrima.

-Ela não pode entrar lá ainda. A pessoa deve passar pelo menos 5 dias pensando, para não se arrepender e morrer no processo.

-O que te levou a sair de lá- Amélia me olhou profundamente, me sentei ao seu lado no chão- O que te prendeu a sua vida?

-Como tem certeza que não fui?

-Está ao meu lado agora.

- Tenho esperança de que os meus pais não tiveram escolha, que no final de tudo, não me deixaram porque quiseram- Olhei para ela- Assim como você também sempre teve fé que não te abandonaram- antes que uma lágrima, caísse pelo meu rosto, continuei andando, ela logo atrás- Temos que ir rápido, é muito difícil passar pelo parque das lembranças.

O que não contei para Amélia ou para os rangers é que no último lugar antes de chegar onde Poppy está, devemos contar o nosso segredo,desejo ou realidade mais profunda. Isso iria ser interessante. Andamos por uns 20 minutos, sem trocar uma sequer palavra. Quando finalmente estávamos no parque das lembranças, tive que iniciar uma conversa.

-Não se assuste, a sua memória mais importante irá aparecer na sua frente- falei para Amélia, achando é claro, que minha memória mais importante continuava sendo a mesma- Só deve assistir e continuar andando, se não quiser que eu olhe, só me pedir para virar as costas.

-Quando começa?- Ela olhou ao redor e percebeu onde estava- Porque é tão parecido com a casa do Vovô?

-É o lugar mais importante e seguro que você já esteve. Isso é um processo de abandono.