♧Prólogo♧

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Kiara Oliveira

10 anos atrás

O relógio na parede marcava 12:25, e eu ainda tinha um pouco de tempo antes de ir para a escola. Almocei cedo hoje, então não havia necessidade de me apressar, mas por algum motivo, resolvi me arrumar um pouco antes. Coloquei meu uniforme com cuidado, ajeitei os cabelos e saí do quarto, dando de cara com Rodrigo, um velho amigo do meu pai. Ele estava indo em direção ao banheiro.

Rodrigo era um homem de uns 30 anos, sempre quieto, mas seu olhar hoje parecia diferente. Ele me analisou de cima a baixo, e um arrepio percorreu minha espinha. Senti um desconforto súbito, algo que não conseguia explicar. Afastei o pensamento rapidamente, tentando ignorar aquela sensação.

"Boa tarde," disse, evitando olhar diretamente para ele. Saí do corredor e fui para a sala de estar, onde meu pai estava sentado na poltrona de sempre, com o jornal em mãos, como fazia todos os dias desde que entrou de férias.

"Oi, pai," dei um beijo rápido em sua bochecha. Ele apenas grunhiu algo em resposta, sem tirar os olhos do jornal.

Fui para a cozinha, onde o cheiro de chocolate fresco tomou conta do ambiente. Sorri ao ver minha mãe derramando uma calda brilhante sobre o bolo de cenoura que ela sabia ser o meu favorito. O vapor doce envolvia a cozinha, e por um momento, tudo parecia perfeito.

"Chegou na hora certa, menina. Mas olha só, nada de provar antes do jantar," ela disse com um sorriso carinhoso quando me viu espiar o bolo. Ela bateu de leve na minha mão quando tentei pegar um pedaço da calda.

"Eu vou deixar um pedaço pra você, mas não toque antes, mocinha!"

"Tá bem, mãe. Quando eu voltar da escola, vou devorar isso," respondi, rindo. Dei um beijo em sua bochecha antes de me despedir.

Saí de casa, sentindo o ar fresco da tarde. As ruas estavam calmas como de costume, e eu segui o caminho de sempre para a parada de ônibus, sem pressa. Entrei no pequeno beco que era um atalho para a escola. O lugar estava vazio, exceto pelos sons abafados da cidade ao longe.

Mas, de repente, algo não parecia certo. No meio do beco, senti uma presença atrás de mim. Antes que pudesse reagir, uma mão forte agarrou meu braço, me puxando com violência. Meu coração disparou e tentei gritar, mas foi inútil. Um pano com um cheiro forte foi pressionado contra meu rosto. O cheiro era sufocante, invadindo meus pulmões, e minhas forças começaram a desaparecer.

Eu lutei. Tentei me soltar. Mas a cada segundo, meu corpo ficava mais fraco. As cores ao meu redor começaram a se misturar, meus sentidos falhando. Tudo o que consegui ver antes de desmaiar foi minha mochila caindo no chão, ao lado do meu teaser que nunca tive chance de usar.

E então, o escuro me envolveu por completo.

O MEU MELHOR RECOMEÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora