Capítulo 6: Um jogo Talvez

1 1 0
                                    

Dante💼

Dante se levantou cedo naquela manhã, a cabeça ainda cheia dos pensamentos que o atormentaram durante a noite. A imagem de Kiara o perseguia incessantemente, como se cada detalhe daquele encontro estivesse gravado em sua mente de uma forma que ele não conseguia apagar. Ele vestiu seu terno com a habitual precisão, mas dessa vez, seus pensamentos estavam longe de sua rotina habitual. Hoje, ele a veria novamente.

Ao chegar ao prédio da empresa, sentiu um formigamento incomum de expectativa. Caminhou pelos corredores impecáveis, os sapatos ecoando no mármore brilhante. Passou pela equipe de recepção, acenando brevemente para os cumprimentos, mas com a mente já direcionada ao próximo passo. Ele sabia que havia algo acontecendo dentro de si — uma inquietação que não era típica dele.

Entrando em sua sala, encontrou Joana já esperando com uma pilha de documentos sobre sua mesa. Ela o observou com sua habitual expressão de leve ironia.

— Dormiu bem, senhor? — perguntou com um sorriso que sugeria que sabia muito mais do que ele gostaria.

— Como sempre, Joana. — Ele respondeu rapidamente, pegando a primeira pasta e fingindo concentração. Não tinha tempo para suas especulações naquele momento.

Joana, no entanto, não era do tipo que deixava passar uma boa oportunidade para provocar.

— Ela estará na reunião do marketing hoje, sabia? — disse, sem levantar os olhos dos papéis que reorganizava.

Dante parou por um segundo, sentindo o impacto daquela informação. Era como se todo o ar da sala tivesse mudado de repente. Então, era isso. Ele sabia que havia uma razão para a expectativa que sentia ao acordar. Ele a veria, e dessa vez, estaria preparado.

— Ótimo. — Sua voz saiu casual, mas por dentro ele sentia a excitação crescer.

A reunião começou pouco tempo depois. A sala de conferências estava cheia, e Dante ocupava seu lugar de costume à cabeceira da mesa. Os diretores de marketing discutiam suas estratégias para o próximo trimestre, mas, como sempre, seus pensamentos estavam focados em outro lugar. Ou melhor, em outra pessoa.

Foi então que ela entrou.

Kiara.

Seu olhar firme e seguro se lançou pela sala, mas, como de costume, não pareceu reparar em Dante. Isso o irritava e, ao mesmo tempo, o fascinava. Ela agia como se ele fosse invisível, como se o peso de sua presença não a afetasse em nada. Dante observou cada movimento dela com uma atenção obsessiva — a forma como segurava a pasta com firmeza, como seus olhos percorriam os documentos à sua frente. Ela não estava ali para brincar; isso era óbvio.

Quando chegou sua vez de falar, Kiara levantou-se com confiança. Havia uma autoridade silenciosa em sua presença que conquistava a atenção de todos na sala. Ela começou a apresentar as novas diretrizes da campanha de marketing com uma voz firme, articulando cada ponto com clareza. Dante podia perceber o quanto ela era boa no que fazia. Ela não apenas entendia o mercado; ela o dominava.

Mas o que mais o intrigava era o quanto ela parecia imune a ele. Dante estava acostumado a comandar a sala, a ser o foco de qualquer atenção. Mas Kiara? Ela não parecia sequer notar sua existência, e isso era, no mínimo, uma afronta ao ego dele.

Quando Kiara terminou sua apresentação, Dante finalmente quebrou o silêncio.

— Excelente análise, senhorita Oliveira. — Ele disse, forçando um tom neutro. — Gostaria de saber mais sobre a estratégia para o público digital. Talvez possamos discutir isso depois da reunião.

Ela olhou para ele por um breve segundo, e Dante notou algo diferente em seus olhos — uma sombra de cautela, como se estivesse analisando-o, tentando medir suas intenções. Mas, como sempre, sua resposta foi profissional e controlada.

— Claro, senhor Araújo. Estou à disposição para detalhar qualquer ponto que o senhor considere relevante. — E com isso, voltou a se sentar, como se ele não fosse nada mais que outro diretor comum.

A reunião prosseguiu, mas Dante mal podia se concentrar. A formalidade de Kiara só servia para aprofundar seu interesse. Ele sabia que ela era muito mais do que mostrava na superfície. Havia algo de intenso, algo de oculto que ele precisava desvendar.

Quando a reunião finalmente terminou, Dante não perdeu tempo. Caminhou direto até ela, bloqueando sua saída da sala com uma postura confiante, mas não invasiva.

— Senhorita Oliveira, tenho algumas dúvidas sobre a campanha. — Ele começou, sabendo que estava usando o trabalho como pretexto para se aproximar.

Ela levantou os olhos para ele, visivelmente irritada com a interrupção, mas manteve a compostura.

— Claro, senhor Araújo. Sobre o que exatamente? — sua voz era controlada, mas havia uma ponta de impaciência ali.

Dante percebeu que não seria fácil. Kiara claramente não estava interessada em conversas além do profissional. Mas isso apenas o motivava mais.

— Pensei em algo mais detalhado. Talvez possamos discutir em meu escritório. — Ele disse, inclinando-se ligeiramente, sua voz baixa, quase desafiadora.

Ela hesitou por um segundo, como se estivesse considerando suas opções. Havia algo nos olhos dela que dizia que ela sabia exatamente o que ele estava fazendo. Mas, para sua surpresa, ela assentiu.

— Claro. Podemos discutir isso agora, se preferir. — Ela disse, mantendo o mesmo tom profissional.

Dante se virou, guiando-a até seu escritório. Cada passo que dava ao lado dela era carregado de tensão. Ele não sabia exatamente o que esperava encontrar na conversa que teriam, mas sabia que não seria uma simples reunião de trabalho.

Ao chegarem ao escritório, Joana, como sempre eficiente, se retirou discretamente, deixando-os a sós. Dante se acomodou atrás de sua mesa, observando enquanto Kiara permanecia de pé, com as mãos firmemente segurando a pasta de documentos. A tensão entre eles era palpável.

— Então, sobre as novas campanhas digitais... — Kiara começou, sua voz impessoal, como se tentasse manter o foco estritamente no trabalho.

Dante a interrompeu, com um sorriso que não alcançou os olhos.

— Não acho que seja isso o que está realmente em discussão aqui, Kiara.

Ela ergueu uma sobrancelha, surpresa com a mudança repentina no tom.

— E o que você acha que está em discussão, senhor Araújo? — Seu tom era frio, mas havia uma ponta de curiosidade em seus olhos.

Ele se levantou da cadeira, caminhando lentamente em sua direção, sem quebrar o contato visual.

— Acho que há muito mais em jogo do que números e campanhas. — Ele disse, parando próximo a ela, mas sem invadir seu espaço pessoal.

Kiara manteve sua postura rígida, mas Dante pôde ver o breve tremor em seus lábios. Ela estava tentando se manter inabalável, mas ele sabia que havia algo mais ali. Ele queria desafiá-la, descobrir o que se escondia por trás daquela máscara de controle.

— Eu sou o CEO desta empresa, Kiara. E você me intriga de uma forma que nenhuma outra pessoa aqui consegue. — Ele falou com sinceridade, o olhar intenso preso ao dela.

Ela piscou, como se o peso de suas palavras a tivesse atingido de surpresa. Mas então, ela recuou, retomando sua postura firme.

— Eu estou aqui para trabalhar, senhor Araújo. Nada além disso. — Sua voz era afiada, mas Dante viu algo mais profundo — uma fraqueza momentânea que ela rapidamente escondeu.

Ele sorriu, aceitando o desafio silencioso que ela colocava diante dele. Ele sabia que ela era diferente, e por isso, ele estava disposto a jogar esse jogo, fosse ele profissional ou algo mais.

O MEU MELHOR RECOMEÇOOnde histórias criam vida. Descubra agora