Capítulo 7: uma estratégia pessoal

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Dante💼

Dante permaneceu parado, com os olhos fixos em Kiara. O silêncio que tomou conta do escritório parecia encher o espaço, cada segundo mais denso que o anterior. Ele percebeu que, por mais que Kiara tentasse se manter inabalável, havia uma tensão que não podia ser ignorada. Era algo que ia além da fachada profissional.

Ela finalmente quebrou o contato visual, voltando sua atenção para a pasta em suas mãos, mas Dante sabia que o impacto de suas palavras ainda ressoava nela. Ele podia sentir.

— Se não houver mais nada, senhor Araújo, eu prefiro voltar ao meu trabalho. — Ela disse com uma firmeza estudada, como se estivesse colocando uma barreira definitiva entre eles.

Dante inclinou a cabeça, observando-a por mais alguns segundos. Ele percebeu que, com Kiara, a abordagem não podia ser direta demais. Se quisesse conhecê-la, teria que jogar com paciência, decifrar cada uma de suas defesas e entender o que a fazia ser tão… diferente. Ela era um enigma, e ele sempre gostara de desafios.

— Está dispensada por agora, senhorita Oliveira. — Disse ele, com um tom calmo, voltando a sentar-se. — Mas teremos essa conversa em algum momento. — Ele acrescentou, com um leve sorriso que não disfarçava a intenção por trás de suas palavras.

Kiara não respondeu. Apenas assentiu brevemente e saiu da sala, deixando Dante sozinho com seus pensamentos. Ele sabia que, em algum nível, ela estava consciente do jogo que ele havia iniciado. A questão era: ela estaria disposta a jogar também?


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Horas se passaram, e Dante já havia lidado com uma série de reuniões e decisões que exigiam sua atenção, mas, inevitavelmente, seus pensamentos retornavam a Kiara. Ele não conseguia desviar a mente da ideia de que havia algo a mais ali, algo que ela guardava a sete chaves, e isso só aumentava sua curiosidade.

Decidido a agir com cautela, Dante passou os próximos dias observando-a de longe, sem fazer movimentos precipitados. Ele a via nos corredores da empresa, sempre com a postura impecável e um olhar focado em suas responsabilidades. Ela era excelente no que fazia, e os resultados das campanhas de marketing falavam por si. Era admirável. Mas, ao mesmo tempo, frustrante. Ela continuava impenetrável, mantendo-o à distância, tratando-o com a mesma frieza cortante que oferecia a todos.

Uma tarde, enquanto revia os números trimestrais da empresa, Joana entrou no escritório com seu habitual ar descompromissado.

— Está muito quieto esses dias. — Comentou, enquanto colocava uma pilha de relatórios em sua mesa. — Tem algo que eu deva saber?

Dante levantou o olhar para ela, estudando-a por um momento antes de responder.

— Só estou analisando algumas coisas. — Respondeu com um tom neutro, mas Joana não era do tipo que se contentava com respostas evasivas.

Ela arqueou uma sobrancelha e, com um olhar mais curioso, se aproximou.

— Isso tem a ver com a senhorita Oliveira, não tem?

Dante não respondeu de imediato. Em vez disso, encostou-se na cadeira e a observou.

— O que você acha?

Joana deu um sorriso, como se já tivesse previsto a situação.

— Acho que ela é diferente das outras que passaram por aqui. E, pelo que vejo, você também acha isso.

Dante ficou em silêncio por alguns segundos. Ele confiava em Joana o suficiente para compartilhar algumas de suas reflexões, mas também sabia que, com Kiara, era preciso ser discreto.

— Ela é, sim, diferente. — Concordou. — Mas não é algo simples. Ela não quer se aproximar de ninguém, parece intencional.

Joana deu uma risada leve, balançando a cabeça.

— Claro que é. Kiara não é do tipo que vai cair no seu charme tão facilmente. Mas isso não significa que você não tem uma chance, Dante. Talvez você só precise ser… menos Dante.

Ele franziu a testa, confuso.

— Menos Dante? O que isso significa?

Joana se inclinou levemente sobre a mesa, como se fosse compartilhar um grande segredo.

— Significa que, talvez, dessa vez, você precise ser mais paciente. Ela parece alguém que já passou por muita coisa. Se você realmente quer conhecê-la, vai ter que ir devagar. Deixar que ela confie em você, ao invés de tentar quebrar as barreiras dela com o seu costumeiro "charme irresistível".

Dante ficou pensativo com aquilo. Joana estava certa. Suas abordagens habituais, que sempre funcionavam com facilidade, claramente não teriam o mesmo efeito com Kiara. Ele teria que mudar sua estratégia.


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Nos dias seguintes, Dante decidiu seguir o conselho de Joana. Não fez avanços diretos, mas se manteve presente. Começou a criar oportunidades sutis para interagir com Kiara, sempre através do trabalho, mas sem forçar nada além disso. Ele era cordial, observador, e permitia que ela liderasse as conversas quando se sentisse à vontade. Era um processo lento, mas ele sabia que era o caminho certo.

Certa manhã, durante uma revisão de relatórios, Dante notou uma pequena mudança. Kiara não parecia tão tensa perto dele como costumava ser. Seus diálogos já não eram tão frios e calculados. Ela ainda mantinha a barreira profissional, mas havia algo em seus olhos — um indício de que ela estava, aos poucos, baixando a guarda.

Dante percebeu isso durante um breve momento, quando ela comentou sobre uma proposta de marketing que ele havia sugerido.

— Não é uma abordagem convencional, mas acredito que pode funcionar. — Disse ela, com um leve sorriso. Não era um sorriso fácil, mas um que parecia quase... genuíno.

Ele respondeu de forma casual, mas por dentro, sentiu uma vitória silenciosa. Kiara estava começando a responder, ainda que de maneira mínima, às suas investidas. E, para Dante, isso era um progresso.

Naquela noite, enquanto se preparava para ir embora, Dante refletiu sobre o que estava acontecendo. Ele sabia que estava se envolvendo mais do que o planejado, mas, curiosamente, isso não o incomodava. Havia algo em Kiara que despertava mais do que simples interesse. Ela o desafiava, sim, mas também o atraía de uma forma que ele não conseguia definir.

E agora, tudo dependia de como ele jogaria as próximas cartas.



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