Dante 💼
Segunda, 06:50 da manhã de 2022
Despertar em um lugar desconhecido nunca foi uma situação fácil para Dante, e aquela manhã não seria diferente. A luz do sol já atravessava as cortinas, atingindo o quarto com uma suavidade quase cruel, revelando cada detalhe do ambiente ao seu redor. O teto branco e a leve brisa que entrava pela janela lhe traziam uma familiaridade estranha, como se ele já tivesse vivido aquele momento antes. Sentiu uma leve dor de cabeça latejando, resultado da noite anterior, e um misto de ansiedade e ressaca começava a pesar em seus ombros. Fechou os olhos por um instante, tentando ordenar as lembranças fragmentadas.
Ao virar-se para o lado, encontrou uma mulher ruiva de bruços, mergulhada em um sono profundo. Seu cabelo espalhado pelo travesseiro como uma chama calma, em contraste com o silêncio do quarto. Dante piscou algumas vezes, tentando clarear a mente. As imagens da festa começaram a vir à tona - risadas, música alta, copos que ele mal lembrava de ter segurado. Ele conseguia recordar o momento em que conheceu a ruiva no bar, o sorriso fácil que ela lhe deu, e o rápido entrosamento que os dois tiveram ao longo da noite. Mas além disso, tudo se desmanchava em névoa.
Ele observou o corpo dela por alguns instantes, enquanto seu cérebro tentava unir as peças da noite anterior. Não conseguia se lembrar do nome dela. Na verdade, não se lembrava de quase nada do que conversaram. O toque dela era agradável, mas havia algo desconfortável naquele cenário. Dante sabia que se deixara levar, como fazia com frequência nas últimas semanas, mas agora pagava o preço. O peso da ressaca e da autoconsciência começava a esmagá-lo. Ele precisava voltar à sua rotina, algo mais concreto e previsível. Aquela vida de encontros casuais e festas sem fim já não lhe dava a mesma satisfação que antes, apenas uma fuga temporária.
Com uma careta de dor de cabeça, ele se levantou lentamente, tentando não acordá-la. O banheiro era um pequeno oásis de paz. O som da água do chuveiro abafou seus pensamentos por alguns momentos, e o jato de água fria o despertou de verdade. Enquanto a água escorria por seu corpo, sentiu a mente clarear um pouco. Ao sair, a ruiva ainda estava adormecida, agora enrolada no lençol. Ele não sentiu a necessidade de se despedir, nem de deixar um bilhete. Sabia que, para ambos, aquela era apenas mais uma noite passageira. 07:28. Ele olhou o relógio e um alarme de urgência acendeu dentro dele. Precisava correr se quisesse chegar à empresa a tempo.
Ao entrar no edifício corporativo, Dante se moveu rapidamente pelo hall de entrada, seu corpo ainda meio desligado, o foco dividido entre a dor de cabeça e as reuniões que o aguardavam. Seus sapatos faziam eco no piso de mármore, contrastando com o sussurro das conversas e o som de digitações vindas das recepções ao redor. Foi então que aconteceu.
Ele esbarrou em alguém. O impacto foi forte o suficiente para interromper seus pensamentos e o som de uma bolsa caindo ecoou no corredor. Ao olhar para baixo, viu uma mulher morena, caída de forma desajeitada no chão, seus cabelos negros soltos e um olhar irritado disparado diretamente para ele. Por um segundo, Dante ficou sem reação. Ela era linda. Mesmo com a expressão de desagrado estampada no rosto, havia algo de cativante nela.
- Desculpe, não te vi - ele falou rapidamente, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar. Ela aceitou o gesto com hesitação, seus olhos faiscando de irritação.
- Claramente - respondeu ela com frieza, ajeitando sua roupa e seus pertences, antes de se virar para seguir seu caminho. Não houve mais nada, nem uma troca de sorrisos educados, nem um reconhecimento amigável. Apenas o gelo daquele olhar, como se Dante tivesse feito algo muito pior do que apenas derrubá-la
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O MEU MELHOR RECOMEÇO
Romansa"O que um simples esbarrão pode fazer na sua vida? Talvez signifique que esteja na hora de mudar a calmaria que há nela" Kiara Oliveira era uma menina doce, gentil e sonhadora. Mas, na adolescência, acaba passando por uma tragédia que muda sua vida...